CONFÚCIO - O GRANDE FILÓSOFO CHINÊS DA ÉTICA E MORALIDADE



Confúcio (chinês: pinyin: Kǒng ZǐWade-Giles: K'ung-tzu, ou chinês: 孔夫子pinyin: Kǒng FūzǐWade-Giles: K'ung-fu-tzu), literalmente "Mestre Kong", (tradicionalmente 28 de Setembro de 551 a.C. – 479 a.C.) foi um pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos.
A filosofia de Confúcio sublinhava uma moralidade pessoal e governamental, também os procedimentos correctos nas relações sociais, a justiça e a sinceridade. Estes valores ganharam relevo na China sobre outras doutrinas, como o legalismo (法家) e o taoismo (道家) durante a Dinastia Han (206 a.C. – 220). OS pensamentos de Confúcio foram desenvolvidos num sistema filosófico conhecido por confucianismo (儒家).
Porque nenhum texto é demonstrável ser de autoria de Confúcio, e as ideias que mais chegadas lhe eram foram elaboradas em escritos acumulados durante o período entre a sua morte e a fundação do primeiro império chinês em 221 a.C., muitos académicos são muito cautelosos em atribuir asserções específicas ao próprio Confúcio. Os seus ensinamentos podem ser encontrados na obra Analectos de Confúcio (論語), uma colecção de aforismos, que foi compilada muitos anos após a sua morte. Por cerca de dois mil anos, pensou-se ter sido Confúcio o autor ou editor de todos os Cinco Clássicos (五經) como o Clássico dos Ritos (禮記) (editor), e Os Anais de Primavera e Outono (春秋) (autor).
Os princípios de Confúcio tinham uma base nas tradições e crenças chinesas comuns. Favorecia uma lealdade familiar forte, veneração dos ancestrais, respeito para com os idosos pelas suas crianças (e, de acordo com intérpretes posteriores, das esposas para como os maridos), e a família como a base para um governo ideal. Expressou o conhecido princípio, "não faças aos outros o que não queres que façam a ti", uma das versões mais antigas da ética da reciprocidade.

Nascimento e juventude
Confúcio, também conhecido como K'ung Ch'iu, K'ung Chung-ni ou Confucius,nasceu em meados do século VI (551 a.C.), em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, hoje Shantung. Segundo algumas fontes antigas, teria nascido em 552 a.C. (ou seja, no vigésimo primeiro ano do duque Hsiang). Esse estado é denominado de "terra santa" pelos chineses. Confúcio estava longe de se originar de uma família abastada, embora seja dito que ele tinha ascendência aristocrática. Seu pai, Shu-Liang He, antes magistrado e guerreiro de certa fama, tinha setenta anos quando se casou com a mãe de Confúcio, uma jovem de quinze anos chamada Yen Cheng Tsai, que diziam ser descendente de Po Chi'in, o filho mais velho do Duque de Chou, cujo sobrenome era Chi.
Dos onze filhos, Confúcio era o mais novo. Seu pai morreu quando ele tinha três anos de idade, o que o obrigou a trabalhar desde muito jovem para ajudar no sustento da família. Aos quinze anos, resolveu dedicar suas energias em busca do aprendizado. Em vários estágios de sua vida empregou suas habilidades como pastor, vaqueiro, funcionário e guarda-livros. Aos dezenove anos se casou com uma jovem chamada Chi-Kuan. Apesar de se divorciar alguns anos depois, Confúcio teve um filho, K'ung Li.
Viagens
Confúcio viajou por diversos destes reinos, esteve em íntimo contato com o povo e pregou a necessidade de uma mudança total do sistema de governo por outro que se destinasse a assegurar o bem-estar dos súditos, pondo em prática processos tão simples como a diminuição de contribuições e o abrandamento das penalidades. Embora tentasse ocupar um alto cargo administrativo que lhe permitisse desenvolver as suas ideias na prática, nunca o conseguiu, pois tais ideias eram consideradas muito perigosas pelos governantes. Aquilo que ele não pôde fazer pessoalmente acabaram fazendo-o alguns dos seus discípulos, que, graças à boa preparação por ele ministrada, se guindaram, dia após dia, aos cargos mais elevados. Já idoso, retirou-se para a sua terra natal, onde morreu com 72 anos.
Confúcio é biograficamente, segundo o historiador chinês Sima Qian (século II a.C.), uma representação típica do herói chinês. Ele era alto, forte, enxergava longe, tinha uma barriga cheia de Chi, usava longa barba, símbolo de sabedoria, mas se vestia bem e era simples. Era também de um comportamento exemplar, demonstrando sua doutrina nos seus atos. Pescava com anzol, dando opção aos peixes, e caçava com um arco pequeno, para que os animais pudessem fugir. Comia sem falar, era direto, franco, acreditava ser um representante do céu.
Ficheiro:Confucius Tang Dynasty.jpg
Ideias
A sua ideologia de organização da sociedade procurava também recuperar os valores antigos, perdidos pelos homens de sua época. No entanto, em sua busca pelo Tao, ele usava uma abordagem diferente da noção de desprendimento proposta pelos taoístas. A sua teoria baseava-se num critério mais realístico, onde a prática do comportamento ritual daria uma possibilidade real aos praticantes de sua doutrina de viverem em harmonia.
Confúcio não pregava a aceitação plena de um papel definido para os elementos da sociedade, mas sim que cada um cumprisse com seu dever de forma correta. Já o condicionamento dos hábitos serviria para temperar os espíritos e evitar os excessos. Logo, a sua doutrina apregoava a criação de uma sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem estar comum. A sua escola foi sistematizada nos seguintes princípios:
Cada um desses princípios ligar-se-ia às características que para ele se encontravam ausentes ou decadentes na sociedade.
Confúcio não procurou uma distinção aprofundada sobre a natureza humana, mas parece ter acreditado sempre no valor da educação para a condicionar. Sua bibliografia consta de três livros básicos, sendo que os dois últimos são atribuídos aos seus discípulos:
Após sua morte, Confúcio recebeu o título de "Lorde Propagador da Cultura Sábio Supremo e Grande Realizador" (大成至聖文宣王), nome que se encontra registado em seu túmulo.
Ficheiro:Confucius - Project Gutenberg eText 15250.jpg
Discípulos e legado
Discípulos de Confúcio e seu único neto, Zisi, continuaram a sua escola filosófica após sua morte. Estes esforços espalharam os ideais de Confúcio para os estudantes que depois se tornaram funcionários em muitas das cortes reais chinesas, dando assim ao Confucionismo o primeiro teste em grande escala de seu dogma. Apesar de confiar fortemente no sistema ético-político de Confúcio, dois de seus mais famosos seguidores enfatizaram aspectos radicalmente diferentes de seus ensinamentos. Mêncio (século IV a.C.) articulou a bondade inata no ser humano como uma fonte das intuições éticas que guiam as pessoas para rén, , e , enquanto Xun Zi (século III d.C.) ressaltou os aspectos realista e materialista do pensamento de Confúcio, salientando que a moralidade foi incutida na sociedade através da tradição e nos indivíduos, através da formação.
Este realinhamento no pensamento de Confúcio foi paralelo ao desenvolvimento de Legalismo, que viu a piedade filial como auto-interesse e não como um instrumento útil para um governante criar um Estado eficiente. A divergência entre estas duas filosofias políticas veio à tona em 223 a.C., quando o estado de Qin conquistou toda a China. Li Ssu, o primeiro-ministro da Dinastia Qin convenceu Qin Shi Huang a abandonar as recomendações confucionistas de distribuir feudos a parentes, voltando ao sistema anterior da Dinastia Zhou, que ele via como contrário à ideia legalista de centralização do Estado em torno do governante. Quando os conselheiros de Confúcio defenderam sua posição, Li Ssu executou muitos estudiosos confucionistas e seus livros foram queimados, o que foi considerado um duro golpe para a filosofia e a sabedoria chinesas.
Referências bibliográficas
  • Avril Price-Budgen, Martin Folly, People in History, Mitchel Beazley Publishers, 1988 - Dispositivo legal - 27 543/89
  • Roberts, John A. G., History of China (título original), Palgrave MacMillan, 1999 (primeira edição), 2006 (segunda edição), , págs - 46-51.
Fonte:Wikipédia
CITAÇÕES
Confúcio (8 de setembro de 551 a.C. - 479 a.C.), foi um filósofo e teórico político chinês. O nome vem do chinês K´ung futzu: "venerável mestre K´ung".
  • "Para saber que nós sabemos o que nós sabemos, e para saber que nós não sabemos o que nós não sabemos, isso é o conhecimento verdadeiro."
- To know that we know what we know, and to know that we do not know what we do not know, that is true knowledge.
- Confúcio como citado em Walden: Volume 1 - Página 20, Henry David Thoreau - Houghton, Mifflin, 1854
  • "Aja antes de falar e portanto, fale de acordo com os seus atos."
  • "Estudo sem pensamento é trabalho perdido, pensamento sem estudo é perigoso."  
    • Variante: "Aquele que aprende mas não pensa está perdido. Aquele que pensa mas não aprende está em grande perigo."
  • "Respeite a si mesmo e os outros o respeitarão."
  • "O que o homem superior busca está em si mesmo; o que o homem inferior busca está nos outros."
  • "Quando encontramos pessoas de valor, devemos pensar em como podemos ser iguais a elas. Quando, ao contrário, encontramos pessoas sem caráter, devemos nos voltar para o nosso interior e examinar o que se passa lá dentro."
  • "Nossa maior glória não está em jamais cair, mas em levantar a cada queda."
    • Variante: "A honra não consiste em não cair nunca, mas levantar cada vez que se cai."
  • "O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante do idiota que quer bancar o inteligente."
  • "Onde quer que você vá, vá com todo o coração."  
    • Variante: "Para onde quer que fores, vai todo, leva junto teu coração."
  • "Ao examinarmos os erros de um homem, conhecemos o seu caráter".
  • "Conta-me o teu passado e saberei o teu futuro".
  • "Ama os homens em geral, acariciando as pessoas de bem."
  • "Esquece as injúrias, mas jamais os benefícios."
  • "Há homens incapazes para as ciências, mas não há os incapazes de virtude."
  • "A confiança dá à conversa mais conteúdo do que a inteligência."
  • "Todas as coisas fluem sem cessar como um rio, sem descanso, noite e dia."
  • "Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas."
  • "Até que o sol brilhe, acendamos uma vela na escuridão."
  • "Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar."
  • "Não faças a outro o que não queres que te façam." [
    • Variante: "Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você."
  • "O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros."
  • "Quando as palavras perdem o significado as pessoas perdem sua liberdade."
  • "Se você tem uma laranja e troca com outra pessoa que também tem uma laranja, cada um fica com uma laranja. Mas se você tem uma idéia e troca com outra pessoa que também tem uma idéia, cada um fica com duas."
  • "Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha."
  • "Deixa o caráter ser formado pela poesia, fixado pelas leis do bom comportamento, e aperfeiçoado pela música."
  • "O saber é saber que nada se sabe. Este é a definição do verdadeiro conhecimento."
  • "Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela."
  • "Por muito longe que o espírito alcance, nunca irá tão longe como o coração."
  • "É melhor acender uma pequenina vela do que maldizer a escuridão."
  • "Ver o que é injusto e não agir com justiça é a maior das covardias humanas."
  • "Nem todos os homens podem ser ilustres, mas todos podem ser bons.
  • "Não corrigir falhas é o mesmo que cometer novos erros."
  • "A humildade é o sólido fundamento de todas as virtudes."
  • "Escolha um trabalho que você ame e não tenha que trabalhar um único dia a mais de sua vida."
  • "As palavras são a voz do coração."
  • "A honestidade, sem as regras do decoro, transforma-se em grosseiria."
  • "Se um homem superior abandona a virtude, como pode fazer jus a esse nome."
  • "Só os grandes sábios e os grandes ignorantes são imutáveis."
  • "De nada vale tentar ajudar aqueles que não ajudam a si mesmos."
  • "Em todas as coisas, o sucesso depende de preparação prévia."
  • "Aprende a viver e saberás morrer bem."
  • "Se nós não entendemos a vida, como poderemos entender a morte?"
  • "Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina."

CONFUCIONISMO
O confucionismo (儒學, ? Rúxué) é um sistema filosófico chinês criado por Kung-Fu-Tzu (孔夫子). Entre as preocupações do confucionismo estão a moral, a política, a pedagogia e a religião. Conhecida pelos chineses como Junchaio (儒教 )ou "ensinamentos dos sábios". Fundamentada nos ensinamentos de seu mestre, o confucionismo encontrou uma continuidade histórica única. Além de tradição religiosa, o confucionismo é considerado uma filosofia, ética social, ideologia política, tradição literária e um modo de vida. Confúcio, forma latina de Kung Fu Tsé, filósofo chinês do século VI a.C, compila e organiza antigas tradições da sabedoria chinesa e elabora uma doutrina assumida como oficial na China por mais de 25 séculos. Combatido como reacionário durante a Revolução Cultural chinesa (1966-1976), o confucionismo toma novo impulso após as recentes mudanças políticas no país. Atualmente, 25% da população chinesa declaram-se adeptos do confucionismo.

Temas do pensamento confucionista

A humanidade é o núcleo no confucionismo. Uma maneira simples de apreciar o pensamento de Confúcio é considerá-lo como sendo baseado em diferentes níveis de honestidade, e de uma forma simples de entender o pensamento de Confúcio é examinar o mundo usando a lógica da humanidade. Na prática, os elementos do confucionismo acumularam-se ao longo do tempo. Existe o clássico Wuchang (五常), constituído por cinco elementos: Ren (, a Humanidade), Yi (, justiça), Li (, ritual), Zhi (, conhecimento), Xin (, integridade), e há também o Sizi clássico (四字) com quatro elementos: Zhong (, lealdade), Xiao ( , a piedade filial), Jie (, continência), Yi (, justiça). Há ainda muitos outros elementos, tais como o Cheng (, honestidade), Shu (, bondade e perdão), Lian (, honestidade e pureza), Chi (, vergonha, juízo e senso de certo e errado), Yong (, bravura), Wen (, amável e gentil), Liang (, bom, bom coração), Gong (, respeitoso, reverente), Jian (, frugal), Rang (, modéstia, discrição) . Entre todos os elementos, o Ren (Humanidade) e o Yi (Justiça) são fundamentais. Às vezes, a moralidade é interpretada como o fantasma da Humanidade e da Justiça.

Humanidade

Ritual e piedade filial não se tratam apenas de maneiras com as quais se deve agir em relação aos outros, mas de uma atitude subjacente da humanidade. O conceito de Confúcio de humanidade (, ren) é provavelmente melhor expresso na versão confucionista de Ética da reciprocidade, ou a Regra de Ouro: "não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a ti".
Confúcio nunca disse se o homem nasce bom ou mau, observando que "Naturalmente, os homens são semelhantes; Na prática, os homens são diferentes', o que implica que seja bom ou mau, Confúcio percebeu que todos os homens nascem com semelhanças intrínsecas, mas também que o homem é condicionado e influenciado pelo estudo e prática. A opinião de Xunzi é que os homens originalmente só querem o que eles instintivamente querem, apesar dos resultados positivos ou negativos que aquilo pode trazer; por isso o desenvolvimento é necessário. Do ponto de vista de Mencius, todos os homens nascem para compartilhar a bondade, como a compaixão e o bom coração, embora possam se tornar malignos. O texto Clássico dos Três Personagens começa com "As pessoas no momento em que nascem são naturalmente boas (bondosas)", que decorre da idéia de Mencius. Todos os pontos de vista, eventualmente, levam ao reconhececimento da importância da educação humana e desenvolvimento.
O Ren também tem uma dimensão política. Se o governante não tem o Ren, o confucionismo diz que será difícil, se não impossível, para os seus súditos comportarem-se humanamente. O Ren é a base da teoria política confuciana: pressupõe um governante autocrático, exortado a não agir desumanamente com seus súditos. Um governante desumano corre o risco de perder o "Mandato dos Céus", o direito de governar. Um governante sem tal mandato não precisa ser obedecido. Mas um governante que reina de forma humana e cuida do povo deve ser obedecido rigorosamente, pois a benevolência de seu governo mostra que ele foi incumbido pelo céu. O próprio Confúcio tinha pouco a dizer sobre a vontade do povo, mas seu principal seguidor, Mêncio, disse em uma ocasião que a opinião das pessoas sobre certos assuntos importantes devem ser consideradas.

Ritual


"Ritual e Vida" de Confúcio por Prospero Intorcetta, 1687.
No Confucionismo, o termo "ritual" (/, Lǐ) logo foi estendido para incluir o comportamento cerimonial secular e, eventualmente, refere-se também ao decoro ou polidez que se vê no dia a dia. Rituais foram codificados e tratados como um sistema completo de normas. O próprio Confúcio tentou reanimar a etiqueta das dinastias antigas. Após sua morte, as pessoas o viam como uma grande autoridade sobre os comportamentos dos rituais.
É importante notar que o "ritual" desenvolveu um significado específico no confucionismo, ao contrário de seus significados religiosos usuais. No confucionismo, os atos da vida cotidiana são considerados rituais. Os rituais não são necessariamente regimentados ou práticas arbitrárias, mas sim as rotinas em que muitas vezes as pessoas se inserem, consciente ou inconscientemente, durante o curso normal de suas vidas. Moldar os rituais de uma forma que leve a uma sociedade saudável e satisfeita e a um povo saudável e satisfeito é um objetivo da filosofia confucionista.

Lealdade

A lealdade ( , zhong) é equivalente à piedade filial em um plano diferente. É particularmente relevante para a classe social a que a maioria dos alunos de Confúcio pertencia, porque a única maneira de um jovem estudioso e ambicioso fazer o seu caminho no mundo confuciano chinês era entrar em um serviço civil no governo. Como a piedade filial, no entanto, a lealdade era frequentemente subvertida pelos regimes autocráticos da China. Confúcio defendia uma sensibilidade à realpolitik das relações de classe na sua época. Ele não propôs que "o poder dá a razão", mas que um ser superior que recebeu o "mandato do céu" (天命) deveria ser obedecido devido a sua retidão moral.
Anos mais tarde, no entanto, a ênfase foi colocada mais sobre as obrigações dos governados para o governante, e menos nas obrigações do governante para os governados.
A lealdade era também uma extensão dos deveres do indivíduo com os amigos, cônjuge e familiares. A lealdade para com a família vinha primeiro, em seguida para o cônjuge, depois para o governante, e por último aos amigos. A lealdade era considerada uma das grandes virtudes humanas.
Confúcio também percebeu que a lealdade e a piedade filial podem entrar em conflito.

História

Dos seguidores de Confúcio, o século I A.C. encontrou em Meng Zi (孟子)(Mêncio, e Xun Zi (荀子) um grande desenvolvimento e expansão na sociedade. Esses dois autores buscaram compreender o confucionismo dentro de uma perspectiva naturalista, recorrente nas forças que atuavam na sociedade em seus períodos de vida.

Mêncio

Mêncio acreditava na importância da educação para retificar a boa natureza humana, que teria sido depravada em função dos conflitos e das necessidades impostas pela vida. O ser humano possuiria a capacidade de desenvolver um espírito de ajuda mútua de modo a evitar os conflitos interpessoais inerentes à existência humana.

Xun Zi

Xun Zi recorreu ao verso da moeda para compreender o papel de Confúcio. Ele acreditava numa natureza perversa do homem, derivado dos mesmos instintos de preservação dos animais. Talvez pensando nos rituais propostos para a sociedade, e pela necessidade de ordenação, tal como no fundamento das lendas de fundação chinesas e na influência jurista, Xun Zi via no interior do homem uma inteligência capaz de articular meios pelo qual poderia evitar sua condição natural de forma arbitrária, mas que para isso haveria de ter criado uma escala de valores delimitantes da ação humana.
Mêncio conseguiu uma boa repercussão popular por sua abordagem otimista da vida, mas as classes altas da sociedade viram em Xun Zi uma explicação razoável para suas dúvidas. Assim ao menos deixam transparecer algumas biografias de Sima Qian (II a. C.).

Império chinês

O Confucionismo se tornaria a doutrina oficial do império chinês durante a dinastia Han ( séculos III a. C. - III d. C.), encontrando continuadores ao longo deste período que se destacaram em vários campos diferentes. Donz Zhong shu, por exemplo, buscou revigorar e re-interpretar o confucionismo através das teorias cosmológicas dos [cinco elementos] (Terra, Madeira, Fogo, Metal e Água); Wang Chong utilizou-se de um ceticismo lógico para criticar as crenças infundadas e os mitos religiosos.
Embora tivesse perdido um certo vigor após a dinastia Han, o confucionismo seria novamente desenvolvido no movimento conhecido como neoconfucionismo, datado do século X d.C., através da figura de personagens como os irmãos Cheng e Zhuxi, o grande comentador confucionista.

Antiguidade


Templo de Confúcio em Kaohsiung (Taiwan).
De qualquer modo, já na antiguidade o confucionismo atingiu um pleno sucesso, tornando-se uma filosofia moral de profundo impacto na estrutura social e cotidiana da sociedade. O valor ao estudo, à disciplina, à ordem, à consciência política e ao trabalho são lemas que o confucionismo introjetou de maneira definitiva na vida da civilização chinesa da antiguidade aos dias de hoje. Note-se que, ao contrário do que muitos afirmam, o confucionismo não se trata de uma religião. Não possui um credo estabelecido, mas apenas determinações rituais de caráter social, que permitem a um adepto do confucionismo a liberdade de crença em qualquer tipo de sistema metafísico ou religioso que não vá contra as regras de respeito mútuo e etiqueta pessoal.

Dias de hoje

O confucionismo é ainda praticado em vários países. Além da sua origem asiática, diversos países incorporam alguns conceitos do sistema em suas práticas notadamente urbanas. No Brasil, o confucionismo não é visto em nenhum segmento da sociedade.

Ditos do Confucionismo

  • Mesmo nas situações mais pobres uma pessoa que vive corretamente será feliz.Coisas mal adquiridas sempre trarão tristeza.

Referências

1. "Yuandao" por Han Yu: Ren e Yi são nomes específicos, Dao e De (Dao De significa moralidade) são posição fantasma (韓愈《原道》:仁與義,為定名;道與德,為虛位。)
2. Homer H. Dubs: 'Nature in the Teaching of Confucius', p. 233.

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