OS MISTÉRIOS DO FARAÓ TUTANKHAMON

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Máscara mortuária de Tutancâmon

O Jovem FaraÓ

Aos dez anos de idade, Tutankhamon teve que começar a reinar um país poderoso e que havia acabado de sair de uma "revolução". O jovem menino era filho do espirituoso Akhenaton, sendo seu nome Tutankhaton, depois que entrou no poder os sacerdotesde Amon obrigaram-no a reinstituir o politeísmo e mudar o nome para Tutankhamon. Era casado com sua irmã Ankhsepaaton, que também mudou o nome para Ankhsepaamon. Tutankhamon queria permanecer com a sagrada religião do pai, mas era muito jovem e por conseguinte estava sendo manipulado pelos corruptos sacerdotes. Porém, quando completou a maioridade, fez uma nova tentativa para estabelecer o monoteísmo, essa tentativa fora em vão.
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Tutancâmon e Ankhesenamon

RaÍzes Familiares

As fontes disponíveis sobre a vida de Tutankhamon não referem explicitamente o nome do pai e da mãe deste rei. A sua origem real é contudo certa, como mostra uma inscrição num bloco de pedra calcária encontrado em Hermópolis onde o rei é descrito como "filho do rei, ".
Imagem 3d do rosto de tutankhamonPara alguns investigadores o seu pai foi o rei Amen-hotep III (ou Amenófis III, segundo a versão helenizada do nome), enquanto que outros defendem ter tido como pai o filho e sucessor deste, Amen-hotep IV, que mais tarde mudaria o seu nome para Akhenaton em resultado das suas concepções religiosas que faziam do deus Aton a divindade mais importante. Para apoiar a tese da paternidade de Amen-hotep aponta-se as várias inscrições nos muros e na colunata do templo de Luxor, feitas no tempo de Tutankhamon, nas quais o jovem rei refere-se a Amen-hotep como seu pai. Contudo, deve ser salientado que no Antigo Egito o termo "pai" tinha um sentido amplo, podendo ser utilizado para se referir a um avô ou até mesmo a um antepassado longínquo. A ser filho de Amen-hotep III, poderia ter tido como mãe a grande esposa real deste soberano, Tié. No túmulo de Tutankhamon no Vale dos Reisencontrou-se uma madeixa de cabelo desta rainha. Para reforçar ainda mais esta tese apontam-se ças físicas entre Tié e Tutankhamon.
Outra hipótese relativa os progenitores de Tutankhamon, a mais aceita hoje em dia, aponta como seus pais Akhenaton e uma esposa secundária deste, Kia. Esta rainha poderia ter uma origem estrangeira, talvez mitânia. Uma cena num relevo do túmulo de Akhenaton, no qual a família real lamenta a morte de um membro, é interpretado como uma alusão morte de Kia durante um parto. Sabe-se pouco sobre Kia, mas os últimos dados que se conhecem desta figura referem-se ao ano 11 do reinado de Akhenaton, data que se considera mais ou menos coincidente com o nascimento de Tutankhamon.

Casamento com Ankhesenaton

Aos dez anos de idade, Tutancâmon teve que começar a reinar um país poderoso e que havia acabado de sair de uma "revolução". O jovem menino era filho do espirituoso Akhenaton, sendo seu nome Tutancaton; depois que entrou no poder os sacerdotes de Amon obrigaram-no a reinstituir o politeísmo e mudar o nome para Tutancâmon. Era casado com sua irmã Ankhesenaton, que também mudou o nome para Ankhesenamon.
Eles se casaram muito jovens e as cenas e objetos encontrados na tumba mostram o casal em casa, caçando e pescando juntos, e há até cenas de carinho entre ambos. Envolta em mistério que se perpetua nos nossos dias, Ankhesenamon perde seu amado e fica a mercê de uma corte com fome de poder, pois a jovem rainha havia tido dois abortos e não tivera mais filhos com Tutancâmon . Os dois pequenos fetos foram embalsamados e depositados na tumba do jovem pai faraó.

Vida Familiar

Durante algum tempo o casal parece ter vivido em Akhetaton, a cidade mandada construir por Akhenaton, cujas ruínas são hoje conhecidas como Amarna. Contudo, o casal mudou-se pouco tempo tempo depois para o palácio de Mênfis, tendo também sido restaurado o palácio de Amen-hotep III em Medinet Habu, Tebas. No quarto ano do seu reinado o jovem rei mudou o seu nome de Tutankhaton para Tutankhamon ("imagem viva de Amon"). A sua esposa fez o mesmo, passando de Ankhesenpaaton para Ankhesenamon ("ela vive para Amon"). Esta mudança dos nomes está relacionada com a rejeição das doutrinas religiosas de Akhenaton e com a restauração dos deuses antigos. Durante a fase final do reinado de Akhenaton a repressão sobre o culto aos outros deuses tinha se acentuado, tendo o rei mandado destruir todos os nomes de outros deuses que se achassem em inscrições, com exceção de Aton.
A situação do Egito parecia ser catastrófica nesta época, a acreditar no texto gravado numa estela, a chamada "Estela da Restauração", que foi encontrada no terceiro pilone do templo de Amon em Karnak. Nele se afirma que os templos dos deuses estavam em pleno estado de decadência e estes, irados, tinham lançado a confusão no país. Até as expedições militares no Próximo Oriente pareciam não alcançar sucesso devido indiferença perante os templos e os deuses.
Assim, e ainda segundo a estela, o rei terá mandado fazer novas estátuas de deuses, restaurar os seus templos, bem como os cultos diários que ali eram conduzidos pelos sacerdotes.

Reinado

O jovem rei viveu durante um período de grande esplendor da história do povo egípcio, quando a luta se centrou em fazer regressar o país s antigas tradições, abandonadas durante um curto período de tempo de Aton. A primeira mudança que se verificou relativamente aos anos de reinado de Akhenaton foi a mudança de nome do jovem rei que, de Tutankhaton, ou seja, "Imagem viva de Aton" passou a ser Tutankhamon "Imagem viva de Amon". Motivada por este clima de inovação, também a esposa do faraó, a rainha Ankhesenpaaton alterou o nome que lhe haviam dado os pais, Akhenaton e Nefertiti, pelo de Ankhesenamon. Parece que o faraó tinha a intenção de aproximar a monarquia ao clero de Amon e, depois de morrer Akhenaton, sentiu-se novamente livre para expressar as suas idéias religiosas.
Talvez para apagar a recordação do período amarniano vivido entre parênteses heréticos, o jovem rei - considerado embora com bastantes reticências - filho de Akhenaton e da nobre dama Kia, costumava citar o soberano Amen-hotep III em alguns dos sue documentos oficiais, à semelhança do que fazia seu pai. Mas, como numa inscrição Tutankhamon chama bisavô e não avô a Tutmés IV, o pai de Amen-hotep III, os historiadores chegaram a pensar que pudesse tratar-se apenas de uma paternidade simbólica, adotada sobretudo por motivos religiosos. Tutankhamon decidiu abandonar a cidade de Akhetaton para voltar para Tebas, a cidade que voltou a ser capital religiosa do império, passando Mênfis a ser sede administrativa do Estado.
O restauro de Tutankhamon não ficou por aqui. através de um documento que se chama Estrelas do Restauro, datado do primeiro ano de reinado do faraó, sabe-se que se empenhou em devolver o primitivo esplendor aos templos das antigas divindades egípcias que, no período anterior à sua ascensão ao poder tinham sido completamente abandonadas. Os lugares sagrados dedicados aos deuses estavam transformados em ruínas e, como tal, os súditos do rei receberam diretivas muito concretas para restaurarem as edificações, tendo os monumentos atenção similar. Com efeito, Akhenaton ordenou a destruição de muitas estátuas dos deuses e, sob o cetro de Tutankhamon, foram construídas novamente à imagem do novo soberano. Muitas destas maravilhosas obras de arte que nos permitiram conhecer os rasgos faciais do jovem rei seriam usurpadas por Horemheb, o último faraó da XVIII Dinastia que também se apropriou das Estrelas do Restauro.
Entre as obras que Tutankhamon mandou realizar merecem referência especial as decorações murias levadas a cabo no interior do templo de Luxor, exatamente na grande sala hipostila que foi construída por Amen-hotep III. As cenas imortalizadas pelos artistas da corte de Tutankhamon representam a festa de Opet, uma das manifestações religiosas egípcias mais importantes. No decurso da cerimônia, celebrada uma vez por ano, o deus Amon deixava o templo de Karnak para visitar a sua esposa que residia no santuário de Luxor. Também estes relevos foram mais tarde usurpados por Horemheb. O jovem rei também mandou construir monumentos na Núbia: um templo em Faras, outro em Kaua, tendo de igual forma ordenado a conclusão dos leões de Soleb, cuja construção fora iniciada por ordem de Amen-hotep III.

Morte do FaraÓ

Tutankhamon faleceu aos dezoito anos em 1323 a.C. por causas ainda desconhecidas. Uma vez que o seu túmulo não estava ainda pronto, foi sepultado num túmulo de dimensões pequenas, pouco habitual para alguém que ocupou o cargo de faraó. Alguns especialistas sugerem a hipótese de uma conspiração palaciana tecida pelo vizir Ai na ânsia de agarrar o poder, uma teia em que o divino soberano terá sido provavelmente a principal vítima. De acordo com estas hipóteses a morte do faraó Tutankhamon teria sido causada por traumatismo craniano. No entanto, a existência de uma ferida já cicatrizada no crânio do defunto faraó faz com que estas suspeitas sejam infundadas.
Outras dúvidas recaem sobre a sepultura do rei. O pequeno e inacabado túmulo não deveria estar destinado ao soberano, mas sim a outra personagem da corte, provavelmente ao seu sucessor Ai. A morada eterna destinada ao faraó Tutankhamon deveria ser a que os trabalhadores escavavam nessa altura no Vale Ocidental e não se encontrava ainda pronta quando este faleceu. Os familiares do soberano, assim como os funcionários reais, viram-se obrigados a preparar à pressa o funeral real, ao mesmo tempo que acomodavam o local para o sono eterno do faraó.
Hoje em dia pensa-se que terá sido o próprio Ai - que, entretanto, passou a ser soberano do Egito - o responsável pela decisão de sepultar o seu antecessor no pequeno túmulo situado no Vale dos Reis,a sepultura que inicialmente tinha sido destinada a dar guarida aos restos mortais do ancião.
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Pintura mural no túmulo de Tutancâmon

Estudos da Causa da morte

Devido à falta de elementos informativos relativos a Tutankhamon, especula-se sobre os motivos da morte do faraó.
Retirada da múmia de Tutankhamon em 2005Em 1925 foi realizada uma autópsia na múmia por Douglas Derry, tendo se considerado na época a hipótese de uma morte natural, talvez por tuberculose. Em 1968 uma equipe da Universidade de Liverpool liderada por R.G Harrison obteve autorização para realizar raios-x à múmia. Uma ferida perto da orelha esquerda do rei, que penetrou no crânio, produzindo uma hemorragia, foi apontada como causa da morte. Esta ferida poderia ter sido causada por um golpe ou um acidente. As radiografias mostraram como um osso tinha penetrado no crânio. Alguns investigadores avançaram com a hipótese de assassinato que teria tido como autores Ai e Horemheb.
Face de TutankhamonEm Janeiro de 2005 a múmia foi retirada do seu sarcófago no túmulo do Vale dos Reis, tendo sido alvo de um exame no qual se recorreu tomografia computadorizada (TC). Este exame, que teve uma duração de quinze minutos, gerou 1700 imagens. Os novos exames descartaram a hipótese de morte por assassinato. O rei era um jovem saudável, tendo talvez falecido vítima de complicações associadas a uma fratura da perna direita provocada durante uma sessão de caça ou quando o rei conduzia o seu carro. Quanto ao osso encontrado no crânio julga-se que foi provocado por um erro durante o processo de embalsamento do corpo.
Em maio de 2005, egípcios, franceses e americanos reconstituíram sua face a partir de imagens de tomografia computadorizada. O rei Tut - como foi apelidado - era dentuço, tinha a parte posterior do crânio estranhamente alongada e o queixo retraído.

Desespero da Rainha

Ankhesenamon vendo sua posição real em perigo, escreveu uma carta ao rei Hitita Suppiluliuma I, pedindo que enviasse um de seus filhos para que ela pudesse desposá-lo, tornando-o faraó do Egito. A proposta era tentadora, mas como os Hititas sempre foram grandes rivais do Egito na Antiguidade, foi estranho que Ankhesenamon tomasse tal atitude, a não ser que estivesse realmente desesperada.
Segue abaixo trecho da carta encontrada em fragmentos de documentos Hititas:
"Meu esposo está morto. Eu não tenho filhos. Ele dizem que vós tendes muitos filhos. Se puderes envia-me um de seus filhos e eu farei dele meu esposo ."
O Suppiluliuma I desconfiou das intenções da rainha, julgando tratar-se de uma armadilha. Porque a rainha do tão poderoso Egito estaria se curvando ao seu maior inimigo? Na resposta enviada perguntou à rainha onde estava o filho de Tutankhamon.
A rainha torna a escrever mais uma vez ao rei Hitita:
"Se eu tivesse um filho, acredita que eu estaria escrevendo a um rei de uma terra estrangeira? Aquele que foi meu esposo está morto. Eu não tenho filhos; não quero tomar nenhum de meus servos como meu marido. Eu escreví somente a seu país e a nenhum outro. Dizem que tendes vários filhos, então envia-me um deles e farei dele o rei do Egito."
Suppiluliuma finalmente confiou em Ankhesenamon. Enviou então seu quarto filho, Zannanza, para que desposasse a jovem egípcia. Sabe-se somente que o príncipe hitita tinha por volta de vinte e poucos anos, porém ele nunca chegou a terra do Egito, julgando-se que foi morto no caminho por espiões enviados por Horemheb ou Ai. Seu pai recebeu uma carta após alguns dias de sua partida dizendo que Zannanza havia sido assassinado.
Ay casaria com Akhesenamon, talvez contra vontade desta, o que lhe permitiu tornar-se rei. Teria já uma idade avançada (entre os sessenta e os setenta anos), tendo sido faraó durante quatro anos. Respeitou a memória de Tutankhamon, não usurpando os seus monumentos. Foi sucedido por Horemheb, que reinou durante vinte e sete anos.
Figuras da rainha nas poucas cenas da Tumba de Ay, sugerem que ela se casou com ele realmente, apesar de Ay já possuir uma primeira esposa e ser como se fosse um servo para a rainha, como Ankhesenamon menciona na carta ao rei hitita.

O desaparecimento da Rainha

Misteriosamente a rainha Ankhesenamon desaparece da história do Egito, não há inscrições em papiros ou em tumbas e templos da época... nada. Isso nos faz crer na hipótese de que ela tenha sido morta e que Ay a usou para chegar ao trono. Mas toda essa trama não lhe rendeu grandes resultados: o velho Ay morreu após quatro anos no poder. Após sua morte, ele foi substituído pelo chefe militar Horemheb, que, antes, fora General e Conselheiro de Tutancâmon. Ele usurpou os monumentos de Tutancâmon, dos quais raspou o nome do seu predecessor para colocar o seu. Após 26 anos de reinado, cedeu a seu vizir Ramsés I, pai de Set I, avô de Ramsés II.

Fonte:Wikipédia

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