MEDITAÇÃO TAOISTA

O Caminho espiritual taoísta tem como objetivo despertar gradualmente o sagrado que existe no homem e uní-lo com o sagrado do Céu. Assim, ambos passam a se sintonizar e caminhar de forma simultânea. Isto se dá através de práticas que buscam a contínua expansão da consciência. Com isso, o taoísta penetra em dimensões espirituais cada vez mais sutis e se aproxima do nível mais expandido da sua consciência: a iluminação. Para chegar e esse nível, um taoísta dispõe de três grupos de ferramentas: os métodos da meditação taoísta, as práticas ritualísticas e as artes taoístas.




Como instrumento de realização espiritual e como ferramenta para alcançar a iluminação, o método de meditação adotado é o Xin Zhai Fa - Método de Purificação do Coração - que se apóia na quietude e no silêncio. Para praticá-lo, é necessário sentar-se em quietude, buscar o silêncio interior e unir a mente a respiração. É preciso cessar todos os movimentos e ruídos produzidos pelo corpo físico até o praticante ficar completamente envolvido, internamente, pelo estado de paz interior, onde não existem movimentos ou ruídos. Mas para encontrar o silêncio, é preciso antes iniciar um processo de relaxamento do corpo e da mente e um esquecimento sistemático dos ruídos externos, dos ruídos do corpo, das palavras, dos diálogos interiores e, por fim, do ego.
O trabalho disciplinado, a meditação diária, levará a constante expansão da consciência até o alcance da plena realização espiritual. Sentar-se no silêncio e buscar a quietude interior até esquecer-se de todas as existências é como levar o corpo e a mente a experimentarem um período de profundo descanso, que tem como efeito a reposição da energia, a iluminação da mente e o fortalecimento do corpo físico.

O efeito imediato de uma sessão de meditação bem feita é o descanso mental. No final de um dia exaustivo, ou depois de uma fase de grandes dificuldades, é comum recobrar energia através do descanso, recolhimento provisório e sono. Quem assim procede ressurge revigorado. É com esta analogia que os mestres taoístas explicam os benefícios proporcionados pela meditação.


Contudo, para o Taoísmo, os benefícios terapêuticos não são os únicos objetivos desta prática. Além da recuperação física, energética e mental, a meditação se constitui em uma ferramenta fundamental do Caminho espiritual taoísta, sendo assim encarada por seus seguidores. Sua prática não só livra uma pessoa do cansaço crônico e ansiedade, melhora a saúde física (especialmente a respiração), energética e mental, como também leva à iluminação. A meditação taoísta é essencialmente um recurso espiritual e seus efeitos terapêuticos são acessórios, benefícios secundários. Sentar na quietude é utilizar a ferramenta que poderá levar o praticante ao encontro do Tao, o Absoluto.
“Não há clandestinos no caminho espiritual.”
Mestre Maa Ho Yang

Muito se ouve atualmente sobre os inúmeros benefícios que a meditação pode propiciar aos seus praticantes. Além de ser incentivada pelas antigas tradições orientais, passou a ser pesquisada cientificamente e indicada por médicos e terapeutas para o cultivo da boa saúde física, mental e emocional.

Dentro do Taoísmo, esta também é uma das técnicas mais reverenciadas pelos antigos mestres, sendo considerada um veículo sublime no caminho de transformação espiritual. E o melhor disto tudo é que qualquer pessoa pode desfrutar dos benefícios que a meditação propicia. Só é preciso praticar!

Os melhores e mais profundos resultados da meditação acontecem quando ela é praticada regularmente, ainda que por um tempo mais curto. Meditar vinte minutos todos os dias é melhor do que meditar durante duas horas somente uma vez por semana. Claro que os resultados de se meditar vinte minutos não são os mesmos de se meditar por uma hora ininterrupta. Meditação de vinte minutos propicia resultado de vinte minutos. Meditação de uma hora traz benefício de uma hora. Ainda assim, o que mais propicia consistência nos resultados é a regularidade da prática.

Meditação Taoista

O primeiro passo na nossa prática do Tai Chi Chuan é a meditação em pé.
Meditar é imergir na suavidade da inteligência universal e haurir o elixir da sabedoria no grande suprimento do Criador do Universo.

Assim, a meditação faz parte da saúde e a nossa condição de saúde nos inspira a meditação.

Meditar é entrar em harmonia com o Universo e, onde não há harmonia não pode haver saúde.

Para isto, desligue o seu pensamento de todos os seus problemas e busque a serenidade conveniente ao momento e respire esses fluidos que se avolumam em torno de você, cheios de magnetismo superior, que eles lhe colocarão em plena sintonia com a mecânica universal e os seus órgãos obedecerão o ritmo da natureza.

Na dinâmica de sua meditação, inicie por fazer o abraço universal, saudando a Mãe Natureza. Para melhorar a sua estabilidade, faça a abertura lateral dos pés relativa à largura de seus ombros. Enquanto estiver inalando, mentalize uma energia magnética saindo do centro da Terra e penetrando por seus pés, passando pelo interior de seu corpo e saindo por sua cabeça pelo chakra coronário. Em ato contínuo, exalando mentalize uma energia cósmica penetrando por seu chakra coronário e, igualmente, percorrendo todo o seu corpo e saindo pelas solas de seus pés.

Acompanhando o movimento natural da respiração, levante a ponta da língua tocando o céu da boca enquanto estiver inalando; exalando deixe a língua voltar à sua posição normal. A saliva que sedimentará, deve ser ingerida para harmonizar a flora intestinal.

Para evitar a evasão de seus pensamentos, procure curvar levemente os joelhos, isto ajudará a concentrar o seu pensamento.
Tai Chi Chuan e Chi Kung

Essas práticas originadas de Taoístas chineses têm por objetivo fortalecer e equilibrar a energia (Chi) São recomendados para todas as pessoas, principalmente as de meia idade em diante. Através dos treinos dos movimentos suaves, o praticante conseguirá manter o corpo mais flexível, enquanto a prática da Meditação Taoísta pode fortalecer sua energia pré-natal, fazendo com que o praticante tenha mais disposição, mais calma e se sinta disposto para enfrentar a agitação do dia a dia.
As práticas Chi Kung e Tai Chi Chuan incluem:
- Tai Chi Chuan: seqüência de 37 movimentos
- Tai Chi deitado:Auto massagem - 9 formas de revitalização da energia Yang
- Tai Chi sentado: 8 formas de alongamento dos tendões
- Caminhada do Tai Chi
- Exercícios de Chi Kung
- Meditação Taoísta
- Os conhecimentos Taoísta : Interpretação do Tao Te Ching


O be-a-bá da Meditação Taoísta

Procure uma posição confortável.
.Cruze as pernas em posição de lótus ou semilótus.
.Apóie o dorso das mãos sobre as coxas.
.A mão esquerda deve ficar sob a direita e os polegares devem se tocar levemente.
.A coluna deve ficar reta; porém, se houver dificuldade de mantê-la ereta, pode apoiar as costas.
.Feche os olhos e relaxe o corpo, da cabeça aos pés.
.Encoste a ponta da língua no céu da boca.
.Concentre a atenção na respiração, que deve ser suave, lenta e harmoniosa.
.Mantenha a atenção na respiração, buscando a fusão da mente com a respiração.
. A completa quietude interior é resultado da fusão da energia com a consciência de uma pessoa, ou seja, da integração da mente com a respiração.
.Mergulhe neste estado de integração entre mente e corpo até atingir o estado de extrema quietude.
.Somente a partir desse ponto é que, na verdade, damos início à meditação...
Meditação e quietude
O primeiro efeito da meditação é a extinção da percepção do corpo físico, em seguida penetra-se num estágio em que tudo é energia, e nossa consciência torna-se o próprio campo energético, e por último atingimos o estado de extrema quietude que está por trás da energia…
Nas escolas orientais existem infinitas práticas de meditação, porém, basicamente, as técnicas de meditação se resumem em dois fundamentos: a concentração e a contemplação. A concentração é uma atitude ativa da consciência e a contemplação é uma atitude passiva da consciência. Na prática de meditação taoísta, trabalha-se simultaneamente com contemplação e a concentração: ao mesmo tempo em que se contempla, penetra-se dentro de seu próprio ponto de concentração.
O que fazemos em nossa prática de meditação? Colocamos a consciência dentro do ar que respiramos. Nesse momento, o ar que respiramos é o ponto de concentração: estamos observando, temos nossa consciência fora do aparelho respiratório e observamos o ar que entra e sai. O ar que entra e sai é o ponto de concentração e nós somos aquele que concentra a atenção no ar entrando e saindo. No mesmo momento, não apenas observamos o ar entrando e saindo como também tentamos entrar dentro do ar, nos tornando o próprio ar entrando e saindo. Atingindo esse estágio, nos tornamos a própria contemplação. Nesse momento, a consciência se expande e atinge o estado do Tai Chi que é o estado do Uno. Esse é exatamente o trabalho que devemos fazer.
O Taoísmo dá extrema ênfase à prática da meditação, como exercício que ajuda a conquistar, restaurar ou recuperar essa quietude que está na natureza humana. A meditação permite ao praticante ter mais serenidade para lidar com as situações da vida. É comum no Oriente, inclusive no meio empresarial, industrial ou executivo, a aplicação dessa prática da meditação durante um curto período do dia para se alcançar um efeito terapêutico já reconhecido no Ocidente: os executivos passam a ter mais tranqüilidade, concentração e disposição para enfrentar uma vida estressante de disputas de mercado.
A meditação permite alcançar na vida cotidiana, a quietude e silêncio interior que possibilitam ver, escutar, sentir e perceber a essência de todas as coisas. Com a mente quieta é possível distinguir a boa fortuna do infortúnio, identificar onde está à felicidade e onde está o sofrimento e, assim, caminhar naturalmente na vida, com maior grau de contentamento, paz e harmonia.
Quanto mais uma pessoa pratica a meditação, maior silêncio interior e maior grau de quietude interior ela adquire e, com isso, maior capacidade terá para as atividades da sua consciência. A meditação permite atingir um estado de absoluta vitalidade. Depois de alguns anos meditando, a pessoa percebe que está alcançando degraus cada vez mais altos de quietude, que vai galgando na medida em que se mantém com constância no Caminho. A pessoa eleva o nível de consciência, porque a própria quietude também muda de qualidade, e assim o praticante vai ampliando sua lucidez e passando a enxergar um universo cada vez maior, que existe ‘do outro lado do muro’.
No taoísmo meditar é realizar o Caminho Espiritual. Os leitores devem ser alertados para o erro de encarar a meditação apenas como uma terapia de alcance físico e emocional, e não como ferramenta mística que pode levar à iluminação da consciência. A profunda quietude permite ir além do universo manifestado, ir para o anterior desse universo, que é múltiplo e misterioso, ir para a origem de todas as coisas, e alcançar o próprio vazio que permite a existência do universo. Quem alcança esse estado alcança então o Absoluto, que no taoísmo também é chamado de Tao.
A meditação inicialmente deveria ser praticada diariamente durante 15, 20 minutos, ou mais, para restaurar a luz, a transparência e a lucidez que permitem viver mais autenticamente
Meditação e Inteligência
A abertura da percepção e o aumento da capacidade extrasensorial deveriam ser desenvolvidas, apenas, quando pudessem ser associadas ao desenvolvimento da prática espiritual que traz a estabilidade e a paz interior.
Quanto mais uma pessoa pratica a meditação, maior silêncio interior e maior grau de quietude interior ela adquire e, com isso, maior capacidade terá para as atividades da sua consciência. Por isso ela se torna mais inteligente. Ter inteligência é ter maior grau de capacidade mental, intelectual, racional, etc. Significa ter maior grau de observação, percepção e compreensão. Uma pessoa que pratica uma boa meditação, quando colhe o resultado principal da sua prática – a quietude e a serenidade interior – assimila uma espécie de silêncio que permite a ela escutar e observar melhor. Ou seja: ela também se torna mais inteligente.
Normalmente, quando nós não conseguimos ouvir direito é porque existe muito barulho fora ou dentro da nossa cabeça; e quando não conseguimos enxergar direito uma situação é porque existe um excesso de imagens tumultuadas dentro e fora da nossa mente. A prática da meditação vai substituindo, aos poucos, esse excesso de imagens interiores por uma lucidez interior cada vez maior. Então, a pessoa que realiza sua prática regularmente percebe que, paulatinamente, suas imagens interiores vão diminuindo, enquanto seu grau de lucidez vai aumentando. Com isso, ela começa a ter condições de observar e compreender melhor tudo que acontece consigo mesma e tudo que está à sua volta.
o rítmo desenfreado é uma grande armadilha
O que normalmente acontece com um praticante de meditação é que, após um período de prática, por conseguir um resultado de quietude interior, por adquirir mais lucidez, ele começa a utilizar mais a mente e passa a ter, além das atividades necessárias à sua vida, muitas outras atividades mentais e intelectuais que não tinha antes. A partir daí, pode se tornar mentalmente acelerado e com isso corre o risco de entrar num ritmo desenfreado. Isso representa uma grande armadilha, porque a aceleração excessiva pode levá-lo a outro tipo de vício, que é o da pessoa que não consegue “não pensar”, não consegue “não ter idéia”.
Nesse caso, o praticante se torna uma pessoa “elétrica”, compulsiva, que começa a criar sem interrupção, que escreve, pinta, lê, está sempre demonstrando que é capaz de muitas coisas. E como todas essas criatividades são referidas a coisas externas da vida, são referidas a outras pessoas, a trabalhos, criações, invenções, etc., esse esforço vai acabar exaurindo sua energia, sua criatividade. Com isso, a pessoa acaba desgastando sua luz interior, sua lucidez interior e quando já não sobrou mais nada daquela luz, depois que toda sua lucidez já se desgastou, essa pessoa não consegue mais deixar de ser assim e isso vai criar um grande conflito para ela.
O que acontece, normalmente, quando você passa a ter muitos “insights” é que seus amigos começam a procurar você, a telefonar para saber o que está acontecendo, começam a pedir conselhos, pedir idéias a respeito de suas próprias vidas e como você consegue responder a todas essas solicitações sem precisar se esforçar muito, termina se transformando em um “consultor”, até chegar o momento em que aquele hiper-desgaste vai “descarregar” sua bateria, que vem a ser, exatamente, a sua serenidade e a sua lucidez e quando isso acontece, aquelas pessoas que têm laços amarrados com você não ficam sabendo do ocorrido, por isso continuam procurando por você, continuam solicitando sua ajuda. Nessa hora, devido aos laços que tem com elas você não consegue deixar de responder, mas se torna repetitivo porque também não consegue criar mais nada de novo. Com isso, você cai no “círculo vicioso” e diante dessa circunstância, normalmente, entra em crise, “pifa” porque não consegue mais se renovar ou continua com a prática de meditação com a intenção de conseguir, continuamente, alimentar sua criatividade e se manter em condições de fornecer as informações solicitadas pelas outras pessoas. Mas nesse caso, o que você perde é o objetivo da meditação.
A aceleração excessiva pode levar a um tipo de vício, que é o da pessoa que não consegue “não pensar”, não consegue “não ter idéia”.
No Japão, muitas empresas promovem horários para a prática obrigatória de meditação para seus executivos, mas não fazem isso porque os donos das empresas estejam se preocupando ou querendo que seus executivos se espiritualizem e sim porque querem que eles tenham paz na cabeça para conseguirem produzir mais. Depois que os executivos conseguem chegar a esse objetivo e voltam a ficar estressados, as empresas outra vez promovem as sessões obrigatórias de meditação para esses empregados, para que eles descansem suas mentes, criem mais paz nas suas cabeças e produzam mais ainda do que já produziam. Então, o propósito da prática da meditação, nessa situação, é invertido.
Aumentar a inteligência é ótimo, alcançar esse resultado da prática da meditação é ótimo, mas você não deveria eleger esse resultado como seu objetivo porque, nesse caso, o propósito inicial da meditação estaria sendo invertido e se você fizer isso, vai se transformar em prisioneiro do fenômeno, que deveria ser a consequência e não a causa da meditação.
a inteligência aumentada é um acessório, um brinde
Se você meditar com a intenção de chegar ao resultado, ao contrário de chegar ao resultado apenas como uma consequência da prática, você vai estar esquecendo o princípio da sua prática, que é o caminho espiritual, ao passo que se você meditar, normalmente, vai acabar tendo a sua capacidade mental e intelectual aumentadas, mesmo que não esteja pensando nisso, mesmo que não esteja buscando isso. A inteligência aumentada é um acessório, um “brinde” que você ganha, mas se você pensa em trabalhar para ganhar um brinde, vai estar invertendo o valor do seu trabalho.

Fonte:http://www.taoismo.org.br/

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