VIRGINIA WOOF E A CONDIÇÃO HUMANA

Acredito que uma das melhores maneiras de entender uma sociedade é através de seus livros. Ao escrever, os autores de alguma maneira traduzem os costumes, os lugares, os personagens da vida real e os anseios de uma época – ainda que suas histórias se passem em mundos fantásticos. Por isso, não poderia esquecer nesta semana especial de destacar a importância do olhar feminino na literatura e relembrar a vida e a obra de uma autora que se dedicou a nos contar sobre seu universo, suas questões, seus fantasmas: Virginia Woolf. Independente do tempo em que viveu, ainda hoje se faz atual. Ela parece dotada de uma espécie de visão de raio-x da alma humana – sobretudo a feminina.

Nascida em Londres, no ano de 1882, a escritora teve o privilégio de nascer em uma família que valorizava a literatura, uma vez que seu pai, Leslie Stephen, era editor de livros. Casou-se com o jornalista Leonard Woolf, com quem integrou o grupo de Bloomsbury, formado por intelectuais que após a I Guerra Mundial posicionaram-se contra as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana. Com Leonard, fundou a editora Hogarth Press, que revelou escritores importantes como T.S. Eliot e Katherine Mansfield, além de editar suas próprias publicações.
Dois romances merecem destaque na obra de Virginia: “” (1928), sobre um jovem inglês que um dia acorda mulher e é dotado da imortalidade – a história acompanha 350 anos da vida do personagem, que precisa lidar com a condição humana e com a ambiguidade de suas identidades feminina e masculina. É um marco do modernismo inglês e ainda muito atual, uma vez que nunca se discutiu tanto sobre transexualidade e androginia quanto nesses tempos de . e . A incrível interpretou o personagem no filme homônimo de 1992, dirigido por Sally Potter.

Outro marco na obra da autora é “” (1925), no qual ela se utiliza de um estilo literário conhecido como “fluxo da consciência”, do qual foi uma das precursoras. Nesse livro, ela narra um dia da vida de Clarissa Dalloway. A personagem relembra momentos definitivos da sua vida, levando à reflexão de que apesar de vivermos o presente, pequenos acontecimentos passados e vislumbres do futuro influenciam o nosso hoje. O livro “” (1999), de Michael Cunninghan, que virou filme (2002) com , e no elenco, é baseado na vida de e nessa personagem. Nicole, que interpreta Virgínia, levou o Oscar de Melhor Atriz por sua atuação.

Em 28 de março de 1941, aos 59 anos, Virgínia Woolf sofre um colapso nervoso e comete suicídio, afogando-se. Como despedida, a escritora deixa um emocionante bilhete para o marido, agradecendo pelos momentos felizes. “(…) Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade, sem igual. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.V.”
Fonte:http://plushblush.updateordie.com/2012/03/07/literatura-virginia-woolf/


Orlando (no original em inglês, Orlando: A Biography) é um romance de autoria da escritora britânica Virginia Woolf, publicado em 1928[1]. A novela semi-biográfica baseada em parte na vida da amiga íntima de Woolf, Vita Sackville-West, é geralmente considerado um dos romances mais acessíveis de Woolf. A novela tem sido influente estilisticamente, e é considerada importante no literatura em geral, e particularmente na história da escrita das mulheres e estudos de gênero. A adaptação para o cinema foi lançado em 1992, estrelado por Tilda Swinton como Orlando e Quentin Crisp como Rainha Elizabeth I. O livro não é narrado em fluxo de consciência.

Virginia Woolf, a autora de Orlando - Uma Biografia

Orlando, jovem inglês que nasce na Inglaterra da Idade Moderna e, durante uma estada na Turquia, simplesmente acorda mulher. A personagem é dotada de imortalidade e o livro acompanha Orlando por seus 350 anos de vida. Bem-humorado, é um dos grandes exemplares do modernismo inglês e um dos ápices da arte literária de Virginia Woolf.
Há um lado quixotesco em Orlando, que trabalha as ambigüidades da identidade feminina e masculina e suas relações com a condição humana. A transformação da personagem em mulher é vista como um acontecimento cotidiano, bem como seus amores. Como na maioria dos romances de Virginia Woolf, o tempo, enquanto variante literária e estilística, é um dos temas do romance. Trata-se de uma preocupação em relacionar o tempo da história (350 anos de história britânica e de vida de um personagem) e o tempo da narrativa.

Orlando, Virginia Woolf -Opinião:

Orlando é uma obra extraordinária de Virgínia Woolf. Extraordinária porque o personagem principal – Orlando – é imortal e sendo imortal avança no tempo dando-nos conta das mudanças que houve entre os sécs. XVI e  XX. Mudanças a nível de natureza, da literatura e inevitavelmente da própria sociedade.
O mais interessante é que as visões que são abordadas são do ponto de vista masculino e feminino, pois a certa altura Orlando dorme e transforma-se em mulher - Lady Orlando. Esta mudança de sexo é vista com a maior das naturalidades, tanto por ele como por quem o rodeia.
Lady Orlando tem a força e a coragem de um homem e a graça e a sensualidade de uma mulher. Orlando, reflecte sobre o seu novo “eu”, sobre a sua nova condição e aqui há toda uma reflexão sobre a condição da mulher na sociedade.
No início, Orlando é um jovem fidalgo que vive os seus amores e desamores intensamente, incluindo o seu amor pela literatura. Este último, visto como um mal do qual muita gente da sua hierarquia se livrou para ter tempo de correr, cavalgar, divertir-se.
A leitura era vista como uma doença que atingindo o seu auge levava à escrita – uma desgraça para um fidalgo!
Com o avançar do tempo, Orlando vai vivendo várias vidas, várias épocas: o rapaz poeta; o cortesão; o embaixador; a cigana; a grande dama; a eremita; a profeta das letras… até que no fim da narrativa Lady Orlando reflecte “estou farta deste “eu” preciso de outro” e continua a perdurar no tempo após 350 anos. A história termina no ano de 1923 com Orlando a reclamar um novo eu…
Esta é uma excelente leitura em que há um apelo constante à reflexão no que diz respeito às diferentes épocas abordadas.
A referência à literatura é uma constante! É de salientar que o livro de Orlando – O Carvalho – acompanha-o durante os diferentes séculos. Sendo numa época um fracasso, alvo de crítica destrutiva e detentor de sucesso sem igual numa outra época.
Excelente!
Fonte:http://viajarpelaleitura.blogspot.com.br/2012/02/orlando-virginia-woolf.html

Orlando: mais do que a história dos sexos

Quando foi publicado, em 1928, Orlando era a menos “woolfiana” de entre as obras de Virginia Woolf. Nesta biografia ficcionada, os traços realistas ficaram de fora para dar lugar à exploração dos limites da consciência humana e à reflexão sobre o efeito do tempo no Homem.
Este é um texto com grandes potencialidades, aberto a vários níveis de interpretação: há quem veja nele a história de um personagem imaginário, um ideal andrógino do ser humano, e há quem veja muito mais do que isso. Talvez, acreditando nas palavras da própria Orlando, esta seja simplesmente a história de alguém que busca «a vida e um amor».


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Imagens do filme Orlando, de Sally Potter

A vida de Orlando é tão excepcional quanto nos é narrada com grande naturalidade pela “biógrafa” Virginia Woolf: Orlando é-nos apresentado nas primeiras páginas da obra como um nobre e belo rapaz e a última vez que o vemos é enquanto mulher de trinta e seis anos.
O que sucede pelo meio? Orlando experimenta a decepção amorosa pelas mãos de Sasha, a princesa russa que o vai seduzir e desaparecer e a traição do poeta admirado que escreve um poema satírico inspirado no nobre rapaz que acreditava poder ser feliz entre os seus cães, a Natureza e a poesia.
É enquanto cônsul na Turquia que Orlando, então com trinta anos, acorda após um sono de sete dias para descobrir que o seu corpo é agora o de uma mulher. Esta mudança parece perturbá-la apenas no regresso à terra natal, quando Lady Orlando se sente mulher e compreende as contingências dos dois sexos.
As peripécias sucedem-se (a relação de Orlando com o Conde romeno que a corteja inclui episódios muito divertidos) até a mulher, já madura, encontrar aquilo que procura: o amor nos braços do misterioso Shelmerdine, que lhe dará um filho, e a vida feita da sabedoria acumulada durante séculos.


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Talvez este texto devesse começar por aqui: aparentemente, Orlando é imortal e o período da sua vida que Woolf retrata estende-se desde a corte isabelina de 1600 até 11 de Outubro 1928, ano em que o livro é escrito.
Mas, como já se disse, a biógrafa descreve Orlando como meramente humano (Woolf impinge ao leitor este delicioso engano) e este ser, excepcional pela sua bondade, pela sua beleza, pela sua coragem apaixona facilmente aqueles leitores que têm o hábito de contrair “paixonetas” literárias.
Orlando foi inspirado por uma mulher por quem Virgínia Woolf alimentava um amor obsessivo, e este retrato parece ser a utopia eugenista da escritora: um ser humano imortal, leal, corajoso, inocente e puro. Alguém, de facto, que se assemelha a um ser humano, mas que pela sua perfeição nunca o poderia ser.

Orlando recebeu grande aceitação aquando da sua publicação, tanto na Grã-Bretanha como nos Estados Unidos. Diga-se que foi esta obra que permitiu ao casal Leonard e Virginia Woolf comprar o carro que os passeava por Londres e viver desafogadamente durante o resto das suas vidas. Este sucesso deveu-se ao burburinho causado pela explícita colagem do biografado a Vita Sackville-West, a mulher que obcecava Virginia e para quem Orlando foi escrito como «uma extensa carta de amor».
Para além do escândalo social, outras controvérsias fizeram do livro um tema apetecível de discussão. As feministas viram em Orlando o que lhes convinha: uma reflexão sobre o papel das mulheres na sociedade e na literatura, uma apologia da igualdade entre sexos ou até mesmo uma alegoria à superioridade do sexo feminino (recorde-se que, na última página do livro, Orlando é mulher, mãe e, principalmente, sábia e feliz).

E, se as interpretações feministas não fazem hoje sentido, a obra não perde por isso pertinência nem charme. Pelo contrário, liberta de eventuais manipulações ideológicas, - Virginia não rejeita ao livro essa carga ideológica, mas ao descrevê-lo como «uma piada» (referindo-se ao escândalo causado) ou como «uma extensa carta de amor», o feminismo parece remetido para um plano muito secundário - esta biografia fantástica ganha novas perspectivas e força intemporal.
Acima de tudo, Orlando é uma obra singular (tanto no panorama literário em geral quanto na bibliografia da também única Virginia Woolf), repleta de momentos de delicioso humor e de verdadeira poesia. Se não imediatamente na primeira página, o leitor é inevitavelmente levado a “apaixonar-se” por Orlando à medida que ele/a amadurece.


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A crítica aclamou o livro pela abordagem vanguardista que a autora fez da biografia enquanto género literário. Sendo Orlando imortal e, num primeiro momento, um nobre ao serviço da pátria, a sua vida calca os mesmos caminhos de importantes acontecimentos históricos, o que lhe confere uma capacidade desejada pela maioria dos mortais e que tanto talento e perspicácia exige ao biógrafo: ser, num único corpo, múltiplos indivíduos, viver inúmeras vidas e ver através de mais do que um par de olhos, relativizando (ou tornando obsoleta) a noção de tempo.
Refira-se que, apesar da sua peculiaridade, Orlando contém alguns elementos comuns a toda a obra de Woolf e que fizeram dela uma das mais importantes escritoras do Modernismo literário de início de século: a exploração do íntimo da personagem (impossível imaginar Orlando sem uma boa dose de liberdade subjectiva) e dos limites da consciência.
Muito se poderia dizer sobre esta biografia magistralmente ficcionada pela escrita elegante, inteligente e ritmada de Virginia Woolf, até porque, como já se disse, a cada leitura o texto se torna mais plural e as deambulações pelas quais a autora atinge epifanias sobre os temas que aborda parecem abrir novos caminhos. O comentário aqui feito constitui apenas uma leitura pessoal da obra.
Para quem gostar do livro (e muito facilmente Orlando se torna um fetiche literário), recomenda-se o filme, do mesmo nome, realizado por Sally Potter e que consegue recriar o ambiente mágico, por vezes irreal, e manter intacto o humor do livro.




Fonte:http://www.c2com.up.pt/blog/muitaletra/arquivos/005339.html




BIOGRAFIA


Virginia Woolf (Londres, 25 de Janeiro de 1882Lewes, 28 de Março de 1941) foi uma escritora, ensaísta e editora britânica, conhecida como uma das mais proeminentes figuras do modernismo.
Woolf era membro do Grupo de Bloomsbury e desempenhava um papel de significância dentro da sociedade literária londrina durante o período entreguerras. Seus trabalhos mais famosos incluem os romances Mrs Dalloway (1925), Passeio ao Farol (1927) e Orlando (1928), bem como o livro-ensaio Um Quarto Só Para Si (1929), onde encontra-se a famosa citação "Uma mulher deve ter dinheiro e um quarto próprio se ela quiser escrever ficção".

Estreou na literatura em 1915 com um romance (The Voyage Out) e posteriormente teria realizado uma série de obras notáveis, as quais lhe valeriam o título de "a Proust inglesa". Faleceu em 1941, tendo cometido suicídio.
Virginia Woolf era filha do editor Leslie Stephen, o qual deu-lhe uma educação esmerada, de forma que a jovem teria frequentado desde cedo o mundo literário.
Em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem funda, em 1917, a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Virginia Woolf apresentava crises depressivas. Em 1941, deixou um bilhete para seu marido, Leonard Woolf, e para a irmã, Vanessa. Neste bilhete, ela se despede das pessoas que mais amara na vida, e comete suicídio.
Virginia Woolf foi integrante do grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais que, após a Primeira Guerra Mundial, se posicionaria contra as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana. Deste grupo participaram, dentre outros, os escritores Roger Fry e Duncan Grant; os historiadores e economistas Lytton Strachey e John Maynard Keynes; e os críticos Clive Bell e Desmond McCarthy.
A obra de Virginia é classificada como modernista. O fluxo de consciência foi uma de suas marcas mais conhecidas e da qual é considerada uma das criadoras.
Suas reflexões sobre a arte literária - da liberdade de criação ao prazer da leitura - baseadas em obras-primas de Conrad, Defoe, Dostoievski, Jane Austen, Joyce, Montaigne, Tolstoi, Tchekov, Sterne, entre outros clássicos, foram reunidos em dois volumes publicados pela Hogarth Press em 1925 e 1932 sob o título de The Common Reader - O Leitor Comum, homenagem explícita da autora àquele que, livre de qualquer tipo de obrigação, lê para seu próprio desfrute pessoal. Uma seleta destes ensaios, reveladores da busca de Virginia Woolf por uma estética não só do texto mas de sua percepção, foi reunida em língua portuguesa em 2007 pela Graphia Editorial, com tradução de Luciana Viegas.

Obra

Sua primeira obra foi The Voyage Out, publicada em 1915.
O romance Mrs. Dalloway ficou conhecido pelo filme As Horas, baseado na obra homônima de Michael Cunningham, filme no qual Virginia foi interpretada por Nicole Kidman, premiada com um Oscar por seu retrato da escritora britânica. As Horas conta várias histórias, mescla a vida da própria autora numa personagem e coloca algumas particularidades de Mrs. Dalloway numa dessas histórias. Em Mrs. Dalloway, Virginia descreve um único dia da personagem, quando ela prepara uma festa.
Sua obra mais conhecida é Orlando, publicada em 1928. É uma fantasia histórica sobre a era elisabetana.
Após terminar As Ondas, uma de suas obras mais importantes, Virginia Woolf estava exausta. Ela seguiu então para a sua casa de campo levando o livro das cartas entre os poetas Elizabeth Barrett e Robert Browning. Na leitura, percebeu a presença permanente de um cachorro, Flush; resolve então, por diversão, escrever a visão desse cachorro do mundo à sua volta. Essa obra foi muito elogiada por fazer um relato minucioso sobre a época dos poetas. Ironicamente foi a obra que mais deu retorno financeiro à escritora e a mais traduzida em outros idiomas.
A sua última obra foi Entre os atos, publicada em 1941, posterior à sua morte.

 Suicídio

No dia 28 de Março de 1941, após ter um colapso nervoso Virginia suicidou-se. Ela vestiu um casaco, encheu seus bolsos com pedras e entrou no Rio Ouse, afogando-se. Seu corpo só foi encontrado no dia 18 de abril.[1]
Em seu último bilhete para o marido, Leonardo Woolf, Virginia escreveu:
Cquote1.svgQuerido,Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que é a você que eu devo toda minha felicidade. Você foi bom para mim, como ninguém poderia ter sido. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade, sem igual. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.V.Cquote2.svg

Encontra-se sepultada em Non-Cemetery, Sussex na Inglaterra.[2]

 Livros

Referências

Ligações externas




Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Virginia_Woolf

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