HOLLYOOD MATOU A ESTRELA DE VÍDEO : O FIM DOS DVD ESTÁ LEVANDO O USUÁRIO À PIRATARIA

 

Hollywood Matou a Estrela de Vídeo

O fim dos DVDs está levando usuários à pirataria

Fãs de filmes, é preciso admitir: o DVD está destinado a morrer.
Apenas algumas locadoras ainda estão abertas. O CEO da Netflix declara: “Esperamos que o número de usuários de DVD se reduza constantemente a cada trimestre, para sempre”. Os laptops mais recentes sequer vêm com slots para DVD. Então, onde é que os entusiastas de filmes devem alugar suas películas? On-line, é claro.

Ainda há alguns lados negativos para o streaming de filmes – é preciso de uma conexão rápida, por exemplo, e cuidado com planos limitados –, mas no geral esse seria um desenvolvimento maravilhoso.

O streaming de filmes oferece gratificação instantânea, sem espera, e maior portabilidade: você pode assistir em gadgets pequenos, como telefones, tablets e laptops superfinos.

Os estúdios de Hollywood também se beneficiariam. Quanto mais fácil for alugar um filme, mais as pessoas vão fazer isso. E quanto mais pessoas alugam, mais dinheiro os estúdios ganham.

Bom, aparentemente nada disso ocorreu na indústria de filmes. Ela parece determinada a perder dinheiro.

Apesar de toda a aparente conveniência de alugar um filme pela web, há um número surpreendente de problemas. Por exemplo, quando você aluga a versão digital, você geralmente tem apenas 24 horas para terminar de vê-la, o que não faz sentido. Essas empresas esperam mesmo que aluguemos o mesmo filme de novo se não conseguirmos terminar de vê-lo? Nos dias do DVD, um aluguel nas principais locadoras era de três dias. Por que os aluguéis on-line seriam diferentes?

Quando você aluga on-line, não leva nenhum dos extras – cenas deletadas, finais alternativos, legendas – ainda que pague o mesmo valor do DVD.

Talvez o mais importante seja o problema da disponibilidade. Após terem saído dos cinemas, filmes novos demoram meses para chegar à internet, devido ao sistema de “janelas” – uma obrigação há muito estabelecida que torna cada filme disponível, por exemplo, primeiro para hotéis, depois para sistemas de pay-per-view, depois para canais fechados de televisão e, só depois disso tudo, para você alugar on-line.

Pior: alguns filmes nunca ficam disponíveis. Guerra nas estrelas, Os caçadores da arca perdida, Parque dos dinossauros, Uma mente brilhante, O diário de Bridget Jones, O resgate do soldado Ryan, Entrando numa fria, e assim por diante, não estão disponíveis nas maiores distribuidoras on-line.

Nenhum dos estúdios de filme quis falar comigo oficialmente sobre o assunto, então não posso lhe dizer por que tantos filmes importantes estão faltando. Obviamente alguém, em algum lugar, se recusa a liberar os direitos – um advogado, diretor, executivo de estúdio. (O site da Disney responde à pergunta assim: “Infelizmente não é possível ter todos os nossos títulos no mercado de uma vez”. Ah, tudo bem. Então eles não estão disponíveis porque não estão disponíveis.)

As pessoas querem filmes. Nenhuma das artimanhas legais de Hollywood vai deter a demanda. Para tentarem evitar que uma represa exploda os estúdios estão construindo uma cerca.

E se você não tornar seu produto disponível legalmente, adivinhe o que acontece? As pessoas vão pegá-lo ilegalmente. O tráfico para sites de download ilegais mais que sextuplicou desde 2009, e espera-se que o download de arquivos aumente 23% anualmente até 2015. Por quê? Dos dez filmes mais pirateados de 2011, adivinhe quantos deles estão disponíveis para alugar on-line em 2012 enquanto escrevo isto? Nenhum. Isso mesmo: Hollywood está na verdade encorajando a mesma prática que diz estar combatendo (com novas leis, por exemplo).

Sim, os tempos estão mudando. Sim, a incerteza assusta. Mas Hollywood tem estudos de caso com que aprender. As indústrias musical e televisiva costumavam enfrentar a internet da mesma forma – com força bruta: proteção de cópias, complexidade, desafios legais.

Por fim elas encontraram formas de recuperar parte do lucro perdido não combatendo a internet, mas trabalhando com ela. A indústria musical abandonou a proteção de cópias e tornou quase todas as músicas disponíveis por cerca de US$ 1 cada. A indústria televisiva tornou seus programas disponíveis gratuitamente em sites pagos por anunciantes.

A moral da história? Libere sua mercadoria legalmente, de forma limpa e a preço justo – e apenas casos isolados recorrerão à pirataria. E você poderá continuar ganhando dinheiro.

Fonte:http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/hollywood_matou_a_estrela_de_video.html

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