ATROFIA RELIGIOSA : CADÊ SEU DEUS ?

2979444854 ebb5e755ec z 550x366 Religião atrofia o cérebro, revela estudo



Estudo revela relação entre religião
e atrofia de partes do cérebro! 




Estudo do Centro de Saúde da Universidade Duke (EUA) concluiu que o hipocampo de pessoas religiosas diminui com o tempo, de forma similar com o que ocorre com o cérebro de portadores do Mal de Alzheimer.

A função do hipocampo, que fica nos lobos temporais, ainda não foi totalmente mapeada pela neurociência, mas já é certo que é fundamental para a retenção da memória e locomoção das pessoas no espaço. Pesquisas recentes comprovaram que parte dos esquizofrênicos apresenta anormalidade nessa região do cérebro.



Amy Owen, coordenadora do estudo, disse ter ficado surpresa com o resultado porque várias pesquisas apontam para os benefícios da religião, como o alívio da ansiedade e da depressão. O seu estudo é o primeiro no gênero.



Ela informou ter usado ressonância magnética para medir o hipocampo de 268 homens e mulheres de 58 anos a 84, entre os quais crentes e não religiosos. A faixa etária é alta porque o objetivo inicial do estudo era avaliar os efeitos da depressão no cérebro de idosos.

Amy reconheceu que a complexidade do cérebro e o pequeno número de pessoas examinadas podem comprometer o estudo, mas ainda assim ela acredita que as conclusões estejam na direção certa.

Uma das possíveis causas da atrofia do cérebro nesse caso, segundo ela, é o estresse dos crentes em consequência, entre outros fatores, do conflito de seu comportamento com o que prega a igreja e do temor de ser punido por Deus. “Transgressões religiosas podem originar angústia e desequilíbrio emocional.”

O estresse libera um hormônio que diminui o hipocampo. Em pessoas de minoria religiosa, o estresse tende a ser maior.

A estudiosa informou que a diminuição do hipocampo se apresentou mais acentuada em determinados grupos de religiosos, destacando-se, pela ordem, protestantes e católicos.

O estudo foi publicado pela universidade em março e agora comentado pela revista Scientific American.

A Universidade Duke fica em Durham, no Estado da Carolina do Norte. Ela está entre as 10 melhores dos Estados Unidos.

Texto do blog com informação da Scientific American via Paulopes

 Mais uma evidência que religião deve mesmo ser tratada feito um distúrbio mental, agora com consequências físicas para reforçar.
Como eu gosto de sacanear religioso, mas gosto mais ainda de ciência de verdade, fui atrás da matéria original da Scientific American (Superinteressante é para os fracos) e por consequência, do artigo científico original.
Segundo o estudo, pessoas que passaram por experiências religiosas do tipo “nascer de novo” tem a atrofia do hipocampo cerebral acelerada. O hipocampo, como boa parte do cérebro, ainda não é 100% compreendido, mas pelo o que já sabemos, regula funções de aprendizado pela memória. Pode também estar relacionado com atenção e emoções em parceria com outras partes do cérebro. O cérebro é uma estrutura complexa, onde as partes se comunicam e se interdependem bastante.
O hipocampo costuma atrofiar naturalmente com a idade, gerando depressão e demência em vários idosos. Problemas no hipocampo também estão relacionados com pessoas esquizofrênicas em geral. Começa a fazer muito sentido que religião esteja conectada com a aceleração da atrofia dessa parte…
Essa lance doentio de acreditar que existe um ser mágico nos céus que realiza desejos pessoais já passou da hora de ser tratado como um transtorno mental (passageiro). Infelizmente isso ainda move MUITO dinheiro e deixa MUITA gente violenta, esperaremos sentados pelos primeiros tratamentos.
De qualquer forma, o estudo pesquisou 268 adultos com 58 anos ou mais de idade. Para analisar seus cérebros, passaram por ressonâncias magnéticas. Os que relataram essas grandes experiências “religiosas” apresentaram hipocampo bem mais atrofiado dos que não lidaram com essas experiências.
Bacana, mas eu tenho muito apreço pelo método científico para não apontar algumas coisas: 268 pessoas é pouco. Muito pouco. Sim, um estudo desses é bem caro (ressonância magnética não dá em árvore…) e é compreensível que o grupo tenha sido mantido desse tamanho. Mas eu não ponho a minha mão no fogo por menos de duas ou três mil pessoas, divididas em inúmeros grupos para limar fora desvios e falsos positivos.
Como eu já tinha mencionado na postagem sobre o método científico, existe uma relação meio torta entre estudos preliminares e atenção da imprensa. Cientista precisa de visibilidade e financiamento, mídia precisa de manchetes que vendam. É um estudo interessante, mas muita calma na hora de tentar tirar conclusões exatas sobre o pesquisado.
A ideia dos cientistas que fizeram esse estudo é apontar que o stress relacionado com essas experiências de “conversão/nascer de novo” na vida das pessoas acabou acelerando a atrofia do hipocampo. Até aí, tem uma lógica razoável: Os hormônios do stress, como o cortisol, estão ligados mesmo com o processo de envelhecimento acelerado.
Mas as manchetes do tipo “religião atrofia o hipocampo” são do mesmo naipe de “ovo faz bem/mal para a saúde”. Se fizer como eu fiz e ir direto ao estudo para tirar suas conclusões, você vai ver que nunca é exatamente o que a manchete está dizendo.
Como eu já escrevi: Faz sentido que atrofie, mas as evidências presentes indicam que é a situação da conversão (aceitação de divindade como salvadora em momento de crise) que acelera a atrofia do hipocampo. É possível que qualquer outra situação de stress extremado tenha o mesmo efeito.
E muita gente caiu matando em cima do estudo por causa disso, como se colocar religião na equação fosse apenas uma forma de provar algo já provado com palavras diferentes. Ou mesmo se concentrando no fato que um dos grupos era de pessoas sem afiliação religiosa. O que é balela, já que mesmo os sem afiliação religiosa no momento da pesquisa tinham sido escolhidos por já terem passado por uma conversão religiosa no passado.
Não estou batendo nas conclusões do estudo porque li o estudo. Dentro do que se propõe, mesmo com as limitações, tem seu mérito. Diferente de quem só leu matéria mastigada por gente querendo dar uma enfeitada na polêmica. Bater em religioso é divertido, mas tem que saber não se colocar em armadilha que empurra a discussão para o lado onde eles querem.
E essa é a questão que enrosca tanto a pesquisa séria das relações entre religião e cérebro. Normalmente só passam as que tratam religião/meditação como um placebo eficiente para acalmar e confortar as pessoas, e com manchetes babacas como “rezar faz bem para a saúde”. Os estudos não dizem exatamente isso, mas como a maioria da população mundial acredita de uma forma ou outra no amigão imaginário, passa fácil como conclusão válida.
Mensurar ciência pela popularidade das conclusões é uma temeridade. Não é só porque eu achei bacana dizerem que religião encolhe o cérebro que eu vou repetir essa informação como se fosse verdade inquestionável. Esperaria que a turma que acha confortável tratar fé como algo além de uma ilusão do cérebro tivesse a decência de repetir o comportamento, mas não é bem assim que as coisas funcionam, não?
E quando eu chamo fé de ilusão do cérebro, estou apenas sendo condescendente. Na prática, uma ilusão é o cérebro FALHANDO. Ilusão de ótica não é mágica, é seu cérebro demonstrando incapacidade de lidar com a informação recebida. É mais agradável dizer que é uma ilusão do que admitir que o nosso cérebro erra feio quando encontra algumas situações.
Não estou mudando o assunto do nada, tratar fé/religiosidade como o cérebro falhando é um dos campos mais eficientes para demonstrar como deuses não só não existem, mas que fazem mal para as pessoas na escala maior da humanidade.
Ainda temos poucas pesquisas, mas várias excelentes teorias de COMO uma pessoa é capaz de manter a crença em algo insano assim mesmo depois de adulto. O fator social é poderoso, afinal, os filhos costumam seguir as religiões dos pais, e as pessoas tendem a seguir a mesma fé vigente em suas sociedades. Mas mesmo que pressionadas pelo grupo a imitar o comportamento de adorar uma divindade específica, a grande loucura é que essa gente REALMENTE não percebe a falha no conceito “divino”.
A pessoa pode ser inteligente, educada, ter um excelente bom-senso, mas mesmo assim ter essa parte da racionalidade completamente apagada. E isso é importante! É um dos grandes desafios para compreender a mente humana. Religião é uma parte integrante da história humana, é muito científico querer saber como isso dura tanto e tem tantos adeptos, também pelo prisma do funcionamento cerebral.
Até onde eu tive oportunidade de conhecer, a teoria que menciona crença em divindades como um subproduto da empatia avançadíssima do ser humano me parece a que mais precisa de aprofundamento. A gente faz muita coisa “parecida” com pensamento religioso naturalmente, mas com o objetivo de socializar de forma mais complexa.
Por exemplo: Imaginar que existe uma divindade escutando os seus pensamentos tem muita conexão com a capacidade de imaginar outra pessoa conversando com você. Criar um ser que existe só na sua mente não é novidade nenhuma para a humanidade. Crianças tem amigos imaginários, oras!
E é evidente que existe um processo cerebral que gera essa habilidade de interação imaginária. Pesquisar isso a fundo pode dar evidências sólidas que trazem ao conhecimento médio humano a noção de que divindades são fabricações mesmo. Conhecendo o público aqui da RID, não estou falando novidades, mas vivemos numa sociedade onde grande parte da população está disposta a tratar esses seres imaginários como realidade.
Depois de muitos anos discutindo religião e divindades com pessoas que acreditam nelas, formei a opinião de que é uma burrice tratar sobre o assunto em qualquer esfera além da mais básica: A da mente humana. Argumentar se o universo poderia ou não existir sem um “arquiteto” por trás de tudo é bater palma para maluco dançar. É um campo de discussão fadado a ficar enroscado em metafísica barata. Opiniões.
Não se trata uma pessoa vendo elefantes cor-de-rosa andando pela rua tentando argumentar sobre a possibilidade de elefantes terem pigmentação rosada em suas peles… Tem que descobrir o que está criando isso e se concentrar no processo que gera a ilusão.
E é aí que estudos como o que ilustra esta coluna vem muito a calhar. Se pensarmos um pouco, pode-se reverter a conclusão e dizer que stress exacerbado atrofia o hipocampo, o que por sua vez diminui a resistência a pensamentos fantasiosos como o religioso. Expandir a pesquisa a partir disso poderia nos ensinar muito mais sobre como isso se apodera da racionalidade de alguém. A sanha de dizer que religião emburrece joga contra o processo de combate a ela. Não é à toa que esse assunto perdura por tanto tempo e tanta gente ainda discute essa bobagem de se “deus existe”.
E essa mania de tratar qualquer pesquisa sobre o assunto como uma guerrinha entre religiosos e ateus joga contra a evolução do conhecimento na área. Toda hora o assunto descamba para uma guerrinha babaca onde um tenta se sentir superior ao outro. Do ponto de vista do ateu egocêntrico que lhes escreve: Existem problemas de cognição que um grupo tem e outro não. Mas na média, superioridade é um termo tão relativo que é insanidade ficar discutindo nessa base.
Num mundo ideal, deveríamos não nos importar com polêmica, buscando sempre aprender mais. Deixa os religiosos espernearem, temos ciência para fazer!

Fonte:http://www.desfavor.com/blog/2012/01/cade-seu-deus-atrofia-religiosa/

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