AS ESCRITAS DO LIVRO "MÚSICAS NA PELE" DO FOTÓGRAFO PARANAENSE LUIZ AUGUSTO RODRIGUES

Humberto Gessinger com trecho de uma letra dos Engenheiros do Hawaii no livro

As escritas do livro ‘Música na pele’

O fotógrafo paranaense Luiz Augusto Rodrigues estava passando dias difíceis em Londres, em 2011, quando teve a ideia de inscrever uma frase de “Let it be”, dos Beatles, no corpo, como uma espécie de alento: “There will be an answer, let it be”, dizia a tatuagem. O conceito ficou na cabeça: e se os outros escrevessem, no corpo, um trecho de uma canção que tivesse algum significado pessoal? O fotógrafo começou a andar com uma caneta hidrográfica preta, no bolso, até que convidou os amigos, em uma festa, para escreverem versos na pele. Viralizadas nas mídias sociais, suas fotos, em preto e branco, deram origem a novos pedidos de cliques, até que o projeto se transformou na publicação independente “Livro de cabeceira: Música na pele”.
— Continuo fazendo sessões de fotos. A primeira página do livro é uma folha em branco, para que os novos retratados colem a sua foto. É um livro que continua em construção — conta Luiz, que trabalha como fotógrafo de shows, principalmente de rock, em Londrina, no Paraná.
O contato com músicos em seu trabalho facilitou na hora de clicar alguns artistas que admira, como Lobão. Diferentemente da figura polêmica de entrevistas e tuítes, o artista escreveu o título de sua canção “A vida é doce”, nas mãos. Zeca Baleiro escolheu “Papagaio do futuro”, de Alceu Valença. Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii, optou pelo título gráfico da canção “Ninguém = ninguém”. De show em show, o fotógrafo construiu uma galeria respeitável, incluindo gente como Roger Moreira (Ultraje a Rigor), Haroldo Ferretti (Skank), Canisso (Raimundos), André Jung (Ira!) e até Blaze Bayley, ex-Iron Maiden.
Curiosamente, as imagens mais sensíveis e que chamam a atenção no projeto são justamente de anônimos e pessoas comuns que posaram em sessões coletivas de fotos.
— Os retratados já chegam com a música e o verso escolhidos, sabem onde vão escrever e que pose querem fazer — conta Luiz, que tem como foto favorita a de sua avó com o verso “Somewhere over the rainbow”. — Não proíbo ou inibo nenhum tipo de música. Quer escrever Xuxa, Naldo, sertanejo? Quem sou eu para julgar?
Uma das sessões rolou há pouco tempo, na Casa da Matriz, com dezenas de pessoas escrevendo letras de músicas na pele.
— Eu levo a câmera e a caneta aonde eu vou — explica.
Quer saber onde será a próxima sessão de fotos? É só ficar de olho no facebook.com/musicanapele.
Por Fabiano Moreira escreve na página Transcultura.

Comentários