HISTORIADOR DIZ QUE JESUS FOI INVENTADO PELOS ROMANOS : CONTROVÉRSIAS ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO

 Foto: Getty Images

Ciência e religião: historiador diz que Jesus
foi inventado por romanos



Uns disseram que Jesus não existiu e foi uma farsa criada pelos romanos para apaziguar os judeus. Outros disseram ter comprovado a existência do evangelho de Judas. No Irã, chegaram a afirmar que Cristo não foi crucificado. Em 2013, tivemos novas polêmicas entre ciência e religião.
 
Historiador americano afirma que a figura de Jesus foi usada como propaganda pelos romanos para acalmar os povos sob seu domínio.
 
O pesquisador americano Joseph Atwill, que afirma que a figura de Jesus Cristo foi fabricada pela aristocracia romana, diz ter encontrado novos dados que confirmam sua teoria. O historiador diz que um relato da Judeia do século I contém diversos paralelos entre Jesus e o imperador romano Tito Flávio. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail.

Atwill afirma que essas "confissões" são "clara evidência" de que a história de Jesus é "na verdade construída, ponta à ponta, baseada em histórias anteriores, mas especialmente na biografia de um César romano".​
 
James Crossley, da Universidade de Sheffield, diz ao jornal que a teoria de Atwill é como os livros de Dan Brown. "Esse tipo de teoria é muito comum fora do mundo acadêmico e são normalmente reservadas à literatura sensacionalista."

"Cidadãos alertas precisam saber a verdade sobre nosso passado para podermos entender como e por que governos criam falsas histórias e falsos deuses", diz Atwill. O americano irá apresentar seus dados em uma palestra em Londres. A entrada custa 25 libras (cerca de R$ 87).

Segundo o pesquisador, a criação de uma figura foi usada como propaganda pelos romanos para acalmar os povos sob seu domínio. "As facções de judeus na Palestina da época, que aguardavam por um messias guerreiro profetizado, eram uma constante fonte de insurreição violenta durante o primeiro século", diz o historiador.

"Quando os romanos exauriram os meios convencionais de anular rebeliões, eles mudaram para a guerra psicológica. Eles pensaram que o meio de parar a atividade missionária fervorosa era de criar um sistema de crença adversário. Foi quando a história do messias 'pacífico' foi inventada", diz Atwill.

Cidadãos alertas precisam saber a verdade sobre nosso passado para podermos entender como e por que governos criam falsas histórias e falsos deuses
Joseph Atwillpesquisador americano
O pesquisador diz que, ao invés de encorajar a guerra, o messias inspirava a paz e ainda dizia aos judeus darem a "César o que é de César" e, assim, pagar suas taxas para Roma.

Atwill diz ter encontrado um relato de Flávio Josefo (historiador romano) sobre a guerra entre romanos e judeus. O americano argumenta que o texto contêm diversos paralelos entre o texto e o Novo Testamento.

A sequência de eventos e localidades visitadas por Jesus Cristo segundo o texto bíblico é aproximadamente a mesma da campanha militar de Tito Flávio, imperador romano durante a guerra, afirma Atwill. O Daily Mail destaca, contudo, que Tito Flávio nasceu em 39 d.C. e morreu em 81 d.C., muito depois de Jesus Cristo.

O historiador americano afirma que os imperadores romanos nos deixaram um quebra-cabeça a ser desvendado. Segundo Atwill, a solução do enigma é: "nós inventamos Jesus Cristo e somos orgulhosos disso".
 
Autoridades turcas acreditam que essa possa ser uma versão autêntica do evangelho escrito pelo discípulo Barnabé Foto: Daily Mail / Reprodução
Autoridades turcas acreditam que essa possa ser uma versão autêntica do evangelho escrito pelo discípulo Barnabé
Foto: Daily Mail / Reprodução
 
 
Um texto religioso encadernado em couro - provavelmente datado do século 5, porém descoberto há apenas 13 anos - vai causar o colapso do cristianismo no mundo inteiro, alega uma agência de notícias do Irã. O livro, escrito sobre pele curtida, aparentemente afirma que Jesus nunca foi crucificado e que Cristo previu a vinda do profeta Maomé. Escrito em siríaco (um dialeto do aramaico), o evangelho vaticinaria inclusive a chegada do último messias islâmico. As informações são da iraniana Basij Press e foram divulgadas pelo site conservador americano WorldNetDaily (WND).


Autoridades turcas acreditam que essa possa ser uma versão autêntica do evangelho escrito pelo discípulo Barnabé, e a imprensa iraniana afirmou que seu conteúdo vai desencadear a queda do cristianismo ao provar que o Islã é a verdadeira religião. Outras fontes, no entanto, julgaram as alegações improcedentes e a consideraram uma "risível" propaganda anticristã. A Basij Press informa que o texto foi escrito nos séculos 5 ou 6 e previu o surgimento de Maomé e da religião islâmica. Segundo a agência, o mundo cristão nega a existência de tal evangelho.

No capítulo 41 do Evangelho de Barnabé, estaria escrito: "Deus se escondeu enquanto o Arcanjo Miguel os levou (Adão e Eva) para fora do céu, (e) quando Adão se virou, ele notou que sobre a porta de entrada para o céu estava escrito La elah ela Allah, Mohamad rasool Allah", que significa "Alá é o único Deus e Maomé é seu profeta".
 
O texto teria sido confiscado em 2000 por autoridades turcas durante um trabalho de repressão sobre gangues acusadas de contrabando de antiguidades, escavações ilegais e posse de explosivos. A descoberta, contudo, só atraiu a atenção do mundo em fevereiro deste ano, quando foi informado que o Vaticano fez uma requisição oficial para ver o livro. Ainda não se sabe se o pedido foi atendido.

As origens do suposto evangelho são desconhecidas, mas o site National Turk afirmou naquele mês que o livro foi mantido no palácio da Justiça da capital turca, Ancara, e seria transferido sob escolta policial armada para o Museu Etnográfico da cidade. Para a Basij Press, a descoberta é tão importante que vai abalar a política mundial.

"A descoberta da Bíblia original de Barnabé vai agora comprometer a Igreja e sua autoridade e revolucionar a religião no mundo", escreveu a Basij Press em seu site. "O fato mais significativo, porém, é que essa Bíblia previu a vinda do profeta Maomé e comprovou a religião do Islã."
Se o documento surgiu no século 5 ou 6, não pode muito bem ter sido escrito por alguém que estava viajando com São Paulo cerca de 400 anos antes
Phil Lawlerjornalista católico

Apesar de autoridades turcas acreditarem que o texto é verdadeiro, outros questionaram sua autenticidade. Erick Stakelbeck, um analista de terrorismo e observador próximo dos assuntos iranianos, afirmou à WND que "o regime iraniano está empenhado em erradicar o cristianismo por qualquer meio necessário, ainda que isso signifique executar cristãos convertidos, queimar Bíblias ou invadir igrejas".

Escrevendo para o site Catholic Culture, o jornalista católico Phil Lawler descreveu o conjunto de alegações como "um risível desafio iraniano ao cristianismo". Ele afirmou que "se o documento foi escrito no século 5 ou 6, não pode muito bem ter sido escrito por alguém que estava viajando com São Paulo cerca de 400 anos antes. Deve ter sido escrito por alguém reivindicando representar São Barnabé. Devemos aceitar essa alegação?", indaga Lawler. "Tenha em mente que a datação do documento é fundamental. Por volta do século 7, não era necessária muita clarividência para 'prever' a aparição de Maomé."

Com informações do Daily Mail.
 
Tela de Alexander Andrejewitsch Iwanow - A Aparição de Cristo para Maria Madalena - representa cena da Bíblia que gerou muita discussão na Igreja Foto: Reprodução
Tela de Alexander Andrejewitsch Iwanow - A Aparição de Cristo para Maria Madalena - representa cena da Bíblia que gerou muita discussão na Igreja
Foto: Reprodução
 
 
Historiador: Jesus não existiu e cristianismo tem sido uma catástrofe
 
 
 
O pesquisador americano Joseph Atwill, 64 anos, faz palestra em Londres na qual afirma que os romanos inventaram a figura de Jesus Cristo e se basearam na história de um imperador Foto: Patrícia Dantas / Especial para Terra
O pesquisador americano Joseph Atwill, 64 anos, faz palestra em Londres na qual afirma que os romanos inventaram a figura de Jesus Cristo e se basearam na história de um imperador
Foto: Patrícia Dantas / Especial para Terra
 
 
Às vésperas de sua palestra Covert Messiah em Londres neste sábado, o pesquisador americano Joseph Atwill foi muito além de suas recentes afirmações de que a figura de Jesus Cristo é uma completa fabricação da aristocracia romana. Em entrevista exclusiva ao Terra, Atwill, 64 anos, disse que o cristianismo foi inventado durante o Império Romano para controlar as massas e, até hoje, só causou danos à sociedade.

"Acho que o cristianismo tem sido uma catástrofe. Se você olhar na história, ele criou a Idade das Trevas, as Cruzadas foram uma desgraça absoluta e a Inquisição também foi uma abominação moral. Se você observar o século 20, as nações cristãs massacraram umas às outras, com mais de 120 milhões de pessoas morrendo em guerras. Acredito que as pessoas não deveriam ter medo de um mundo sem cristianismo fazendo o papel de uma força moral maior, porque observando eventos anteriores, o cristianismo não foi bem sucedido no passado", disse
 
Apesar de tocar em um assunto polêmico como religião, Joseph Atwill ainda revelou que não se intimida com as críticas ao seu trabalho. "O que fiz foi colocar dois livros, A Guerra Judaica, de Flávio Josefo, escrito no século I, e o Novo Testamento, lado a lado e tracei paralelos entre eles. Essa análise pode ser feita por qualquer pessoa com senso comum. As evidências falam por si só. Ao comparar os textos, cada indivíduo pode tirar suas próprias conclusões", acrescentou Joseph, que explica essa série de coincidências em seu livro Caesar’s Messiah (O Messias de César, em tradução livre). 

Praticante de budismo, Joseph Atwill acrescentou que não acredita nem desacredita em Deus e que seu intuito é fazer com que as pessoas tenham suas experiências baseadas na verdade.

“Não sou ateu. Eu simplesmente estou tentando encontrar a verdade. Estou aberto à questão de Deus e procurando uma resposta. Uma das razões pelas quais quero saber a verdade sobre o Novo Testamento é o fato de que é uma pergunta que tenho curiosidade para saber a resposta, assim como todo mundo. Não tenho boas respostas, não sou um líder espiritual, só tento meu melhor”.
 
Confira a entrevista com o pesquisador americano na íntegra:

Terra - Quais serão os pontos altos de sua conferência Covert Messiah neste sábado, 19, em Londres?
Joseph Atwill - Um dos tópicos mais importantes será uma apresentação da Confissão Romana, mostrando que os romanos inventaram o cristianismo. Acho que é algo que as pessoas vão considerar de grande interesse, além de outra apresentação sobre uma nova maneira de pensar o cristianismo como uma ferramenta de controle da mente usada para escravizar as pessoas. Acho importante a ideia de que todos os cidadãos tenham consciência disso. Esses serão os dois pontos que provavelmente vão causar mais impacto durante o simpósio. 

"Acho que o cristianismo tem sido uma catástrofe. Se você olhar na história, ele criou a Idade das Trevas, as Cruzadas foram uma desgraça absoluta e a Inquisição também foi uma abominação moral. Se você observar o século 20, as nações cristãs massacraram umas às outras, com mais de 120 milhões de pessoas morrendo em guerras" Foto: Patrícia Dantas / Especial para Terra
"Acho que o cristianismo tem sido uma catástrofe. Se você olhar na história, ele criou a Idade das Trevas, as Cruzadas foram uma desgraça absoluta e a Inquisição também foi uma abominação moral. Se você observar o século 20, as nações cristãs massacraram umas às outras, com mais de 120 milhões de pessoas morrendo em guerras"
Foto: Patrícia Dantas / Especial para Terra

Terra - Quais novas evidências você vai apresentar ao público para revelar que Jesus Cristo é uma completa invenção do império romano?
Joseph Atwill - Em um ambiente como esse, no qual você tem a oportunidade de passar tempo analisando a relação entre o livro do qual a história de Jesus foi originada, que foi a história de uma guerra ocorrida entre 66 e 73 d.C, e o Novo Testamento, posso mostrar em grande detalhe a relação entre os dois textos. Eu apresento evidência de alta qualidade, mas não é necessariamente a minha opinião. Posso essencialmente mostrar os dois textos antigos e todo mundo que tem senso comum pode simplesmente olhar estes eventos lado a lado e ver claramente que um é dependente do outro. O ministério de Jesus foi criado da história da guerra de um Cesar romano.

Terra - Quais documentos você usou como base para seus estudos?
Joseph Atwill - O Novo Testamento e A Guerra Judaica, de Flávio Josefo, escrito no século I. A sequência de eventos e locais do ministério de Jesus são praticamente as mesmas da sequência de eventos e locais da campanha militar do imperador romano Tito Flávio, descrito por Josefo em seu manuscrito do século I. A partir destas coincidências pude notar que se inicia um padrão. É como se fosse um triângulo de pontos e todos os diferentes paralelos entre Jesus e Tito são pontos deste triângulo. Porém, você não verá o triângulo se não se afastar e observá-lo de fora para notar as conexões entre eles. ​
Acredito que a religião é inventada pelos tiranos e classes dominantes que a usam como uma ferramenta de controle da mente. É muito claro para mim que os romanos criaram o cristianismo como uma religião de Estado, uma estrutura de autoridade do topo para baixo

Terra - O que você acha que fará as pessoas acreditarem em sua teoria?
Joseph Atwill - A evidência essencialmente fala por si só. As pessoas simplesmente precisam de tempo para olhar os dois trabalhos lado a lado e em sequência. Isso é algo que ninguém fez até hoje, até mesmo os estudiosos cristãos que estudaram o Evangelho tão de perto. Eles não fizeram algo tão simples e, a partir do momento que fizerem, a evidência falará por si só e as pessoas poderão tirar suas próprias conclusões. Quero deixar claro que não uso meu ponto de vista ou dou qualquer opinião pessoal sobre essas relações. Eu apenas tento explicar como descrevê-las, mas deixo o texto intacto. Usei a versão da Bíblia do rei James e uma tradução muito comum do livro A Guerra Judaica, assim as pessoas podem ler sozinhas e fazer sua cabeça. Eles não precisam de estudiosos, de padres ou de mim. Todos podem simplesmente tirar suas próprias conclusões.

Terra - Como você acha que a Igreja Católica irá reagir às suas novas alegações?
Joseph Atwill - Não acho que eles vão concordar com elas. Será muito interessante de ver, porque a evidência é tão simples e seria útil se a Igreja colocasse o assunto em pauta com um de seus estudiosos para discutí-lo em público. Me preocupo que informações como essas possam ter um impacto negativo em algumas pessoas. A Igreja pode ter um papel útil neste caso. Se eles discordarem, não há problemas, eles simplesmente podem levar sua explicação e apresentar ao público. Já aqueles que acreditam quando lerem minha análise de que Jesus Cristo foi criado baseado em outras pessoas eles terão sua própria opinião. Sendo assim, teremos duas opiniões diferentes e veremos como as coisas se desenrolarão em longo prazo.

Terra - Por quais razões você acredita que a sociedade cria falsos deuses e fatos na história?
Joseph Atwill - Acredito que a religião é inventada pelos tiranos e classes dominantes que a usam como uma ferramenta de controle da mente. É muito claro para mim que os romanos criaram o cristianismo como uma religião de Estado, uma estrutura de autoridade do topo para baixo. Os escravos não poderiam se rebelar contra o sistema porque eles acreditavam que Deus era representativo pela figura do Pontifex Maximus, o papa estava no topo. Porém, nos tempos antigos, os escravos se rebelavam porque eles sabiam que era Cesar quem estava no poder. Essa é a razão pela qual Cesar sempre tentou se tornar um deus vivo. A cultura do império existiu por centenas de anos e sempre tentou dar a impressão de que Cesar era deus. Isso aconteceu porque eles sabiam que as pessoas não se rebelariam contra deus. No final, eles não conseguiram fazer as pessoas acreditarem que Cesar era deus e esta é a razão pela qual os romanos decidiram inventar o cristianismo. 

Terra - Por que você acha que os romanos criariam uma figura como Jesus Cristo? Qual seria a intenção deles para fazer isso?
Joseph Atwill - Por duas razões. Eles criaram uma religião para controlar o povo, dizer às pessoas para obedecer e pagar impostos. O outro motivo é que eles também estavam lutando contra um violento movimento messiânico na Judeia que queria derrubar a ocupação romana. O império romano era uma prisão de nações, uma mistura de religiões, reinos e etnias que eles conquistaram. Eles não poderiam permitir que um único grupo se rebelasse porque isso desencadearia outra série de rebeliões. Os judeus, porque eles se recusaram a venerar Cesar, foram capazes de se rebelar com sucesso e conseguiram estabelecer uma nação de Estado por três anos. Foi esse o motivo pelo qual os romanos trabalharam duro para tentar substituir aquela religião por outra na qual o messias diria: obedeça a Cesar e pague seus impostos.  ​
"O que fiz foi colocar dois livros, A Guerra Judaica, de Flávio Josefo, escrito no século I, e o Novo Testamento, lado a lado e tracei paralelos entre eles. Essa análise pode ser feita por qualquer pessoa com senso comum. As evidências falam por si só. Ao comparar os textos, cada indíviduo pode tirar suas próprias conclusões, acrescentou Joseph, que explica essa série de coincidências em seu livro Caesar's Messiah Foto: Patrícia Dantas / Especial para Terra
"O que fiz foi colocar dois livros, A Guerra Judaica, de Flávio Josefo, escrito no século I, e o Novo Testamento, lado a lado e tracei paralelos entre eles. Essa análise pode ser feita por qualquer pessoa com senso comum. As evidências falam por si só. Ao comparar os textos, cada indíviduo pode tirar suas próprias conclusões, acrescentou Joseph, que explica essa série de coincidências em seu livro Caesar's Messiah
Foto: Patrícia Dantas / Especial para Terra

Terra - Que tipo de dano você acredita que o cristianismo causou à sociedade?
Joseph Atwill - Acho que o cristianismo tem sido uma catástrofe. Se você olhar na história, ele criou a Idade das Trevas, as Cruzadas foram uma desgraça absoluta e a Inquisição também foi uma abominação moral. Se você observar o século 20, as nações cristãs massacraram umas às outras, com mais de 120 milhões de pessoas morrendo em guerras. Acredito que as pessoas não deveriam ter medo de um mundo sem cristianismo fazendo o papel de uma força moral maior, porque observando eventos anteriores, o cristianismo não foi bem sucedido no passado. 

Terra - Você pratica alguma religião ou é ateu?
Joseph Atwill - Não sou ateu. Eu simplesmente estou tentando encontrar a verdade. Estou aberto à questão de Deus e procurando uma resposta. Uma das razões pelas quais quero saber a verdade sobre o Novo Testamento é o fato de que é uma pergunta que tenho curiosidade para saber a resposta, assim como todo mundo. Não tenho boas respostas, não sou um líder espiritual, só tento meu melhor.  

Terra - Você pratica alguma religião?
Joseph Atwill - Pratico o budismo, que não é realmente uma religião, é apenas uma técnica para tentar desenvolver seu próprio espírito. 

Terra - Você acredita em Deus?
Joseph Atwill - Não acredito, nem desacredito. Sempre que tento descobrir percebo que não sou esperto o suficiente para responder essa pergunta. Entretanto, quando eu descobrir, prometo que te aviso (risos). 

Terra - O que acha do papel da Igreja Católica nos dias de hoje?
Joseph Atwill - É uma organização tão imensa. Não tenho uma opinião sobre isso. Acredito que algumas coisas são boas, outras ruins. Acima de tudo acho que é melhor se desenvolvermos nossa prática sobre a verdade. 

Terra - O professor James Crossley, da Universidade de Sheffield, disse que o tipo de pesquisa que você está desenvolvendo não faz parte da comunidade acadêmica. Você concorda com ele?
Joseph Atwill - Não. Não posso concordar com alguém que não leu meu livro. Estou aberto a qualquer crítica ao livro que ele possa ter, mas a opinião dele não é mais importante do que qualquer outra sobre algo que ele não leu. 

Terra - Você já foi ameaçado por promover uma pesquisa que basicamente arruinaria todo um sistema religioso vigente?
Joseph Atwill - É engraçado. O livro foi publicado há mais de dez anos e desde então sempre tive contato com milhares de estudiosos e cristãos. E todas as pessoas são curiosas, por mais que não concordem comigo e tenham uma conclusão diferente. Eles acham que as conexões e a maneira como enxergo o Novo Testamento no livro são muito interessantes. Nunca fui ameaçado e não ficaria surpreso se nunca receber uma ameaça porque a única que coisa que fiz foi colocar dois livros lado a lado e notar uma padrão entre eles. 

Terra - Você eventualmente gostaria de ir ao Brasil para discutir seu trabalho?
Joseph Atwill - Amaria ir ao Brasil. Já morei no Brasil nos anos 70 e sempre sonhei em voltar lá. Adoraria ter uma oportunidade de mostrar meu trabalho se tivesse um grupo que a informação seria valiosa para eles. Com certeza, se algum dia tiver uma boa oportunidade, irei ao Brasil. 
 
 
Existe alguma evidência de que Jesus era casado?
 
 
Uma pesquisadora da Universidade de Harvard (EUA) divulgou em um congresso na Itália nesta semana a descoberta de um fragmento de um papiro copta - possivelmente feito em algum momento entre os séculos 2 e 4 - e que reaqueceu uma antiga discussão: o texto cita uma suposta mulher de Jesus.
 
Fragmento de texto do século 2 fala em "mulher de Jesus"
 
 
Cientistas acreditam que fragmento faça parte de evangelho desconhecido Foto: Karen L. King/Harvard University / Divulgação
Cientistas acreditam que fragmento faça parte de evangelho desconhecido
Foto: Karen L. King/Harvard University / Divulgação
 
Um papiro é a primeira evidência de que os cristãos já acreditaram que Jesus foi casado, segundo um estudo da Harvard Divinity School. A descoberta foi anunciada em um congresso no Institutum Patristicum Augustinianum (do Vaticano) em Roma.
"A tradição cristã afirma que Jesus não foi casado, apesar de não haver nenhuma evidência histórica confiável para suportar essa afirmação", diz Karen King, de Harvard. "Este novo texto não prova que Jesus foi casado, mas nos conta que a questão como um todo apenas veio de um vociferador debate sobre sexualidade e casamento. Os cristãos discordavam sobre se era melhor ou não casar, mas isso foi um século depois da morte de Jesus, depois eles apelaram para o estado conjugal de Jesus para suportar suas posições."
Roger Bagnall, diretor do Instituto de Estudo do Mundo Antigo, em Nova York, acredita que o fragmento seja autêntico, baseado em exames do papiro e da caligrafia. Outros especialistas também acreditam na autenticidade baseados em outros dados, como linguagem e gramática, segundo nota de Harvard desta terça-feira. O objeto ainda vai passar por mais testes, especialmente da composição química da tinta.
Um dos lados do fragmento tem oito linhas incompletas de texto, enquanto o outro está muito danificado e apenas três palavras e algumas letras podem ser vistas - inclusive com infravermelho e processamento da imagem em computador. Karen afirma que o pequeno texto fala sobre assuntos como família, disciplina e casamento dos antigos cristãos.
A pesquisadora e a colega AnneMarie Luijendijk, professora de religião em Princeton, acreditam que o fragmento faça parte de um evangelho desconhecido. Um artigo com resultados do estudo do objeto será publicado em janeiro de 2013 no jornal Harvard Theological Review.
O fragmento faz parte de uma coleção particular cujo dono procurou a pesquisadora para que ela traduzisse o texto. Ele deu a Karen uma carta dos anos 80 do professor Gerhard Fecht, da Universidade Livre de Berlim, na qual ele afirmava acreditar que era uma evidência de um possível casamento de Jesus.
A professora de Harvard disse não acreditar em um primeiro momento (em 2010) que fosse autêntico e disse ao dono que não tinha interesse na análise. Contudo, ele persistiu no contato e, em dezembro de 2011, ela o convidou a levar o objeto a Harvard. Em 2012, ela e Luijendijk levaram o papiro a Bagnall que analisou e disse ser possivelmente autêntico.
Pouco se sabe de sua origem, mas acredita-se ser do Egito, já que está escrito em copta - usado pelos cristãos egípcios durante o império romano. Como há texto dos dois lados, os pesquisadores acreditam que faça parte de um livro, ou códex.
Para motivos de referência, o evangelho do qual supostamente faria parte foi chamado de "Evangelho da Mulher de Jesus". A pesquisadora acredita que ele seja da segunda metade do século 2, já que outros evangelhos descobertos recentemente são dessa época. A origem, como dos outros, certamente está atribuída a alguém próximo a Jesus, mas o verdadeiro autor deve ser desconhecido. Eles acreditam ainda que foi escrito originalmente em grego e depois traduzido.
No texto, os cristãos falam de si como uma família, com Deus como pai, seu filho Jesus e membros como irmãos e irmãs. Duas vezes no fragmento, Jesus fala de sua mãe e de sua mulher - sendo que uma das duas ele chama de Maria. Os discípulos discutem se Maria é digna, e Jesus diz que "ela pode ser minha discípula".
Segundo Karen, somente por volta do ano 200 é que foi afirmado, em texto registrado por Clemente de Alexandria, que Jesus não se casou. Na época havia uma discussão se os cristãos deveriam se casar ou viver no celibato. Segundo Clemente, cristãos da época afirmavam que o casamento fora instituído pelo demônio. A pesquisadora afirma que Tertuliano de Cartago, uma ou duas décadas depois, foi quem declarou que Jesus não havia se casado. Ele, contudo, não condenava o casamento - desde que ocorresse apenas uma vez, mesmo em caso de morte de um dos cônjuges.
No final, afirma Karen, a visão dominadora foi a de que o celibato é a mais alta forma de virtude sexual do cristianismo, enquanto permite o casamento, mas apenas para a reprodução. "A descoberta desse novo evangelho oferece uma ocasião para repensar o que achávamos saber ao questionar qual foi o papel que o status conjugal de Jesus teve historicamente nas controvérsias dos cristãos antigos sobre casamento, celibato e família. A tradição preservou apenas aquelas vozes que clamavam que Jesus nunca se casou. O 'Evangelho da Mulher de Jesus' agora mostra que alguns cristãos pensavam de outra forma."
 
 
Segundo o professor André Chevitarese - do Instituto de História da UFRJ e da Unicamp -, não há evidência sobre a vida conjugal de Jesus, nem mesmo a Bíblia faz qualquer menção. A discussão sobre o tema, afirma o historiador, veio a aparecer somente no século 2 e reflete, nos dias de hoje, tabus erguidos pela Igreja. "Nesse texto que Karen King trouxe não tem história, tem teologia, não tem história."

"A Bíblia cristã não deixa transparecer absolutamente nada sobre Jesus ser celibatário ou não, mas, com certeza, nós podemos falar que no movimento mais originário, com Jesus ainda vivo, no seu entorno gravitaram homens e mulheres que tiveram a primazia, a possibilidade, em termos igualitários, de dormir com Jesus, acordar com Jesus, tomar um café da manhã, almoçar e jantar com Jesus. Portando, Jesus, no seu tempo histórico, constituiu uma comunidade não apenas de homens, mas de homens e mulheres. Então, o argumento teológico de que Jesus só fez 12 apóstolos é bullshit, isso é falso. Jesus constituiu em torno de si homens e mulheres em uma não hierarquia, uma não hierarquização."

Chevitarese, autor de diversos livros sobre Jesus do ponto de vista da história e sobre os cristãos na Antiguidade, explica que as comunidades da época em que se discutia a relação conjugal desse personagem - séculos 2 e 3 - já não tinham mais contato com a história dele, mas a usavam para defender determinados ideais ou pontos de vista.

"Jesus já ficou para trás há pelo menos 250 ou 300 anos. Então essas comunidades, muito embora se refiram ao que Jesus disse, o que Jesus (segundo elas) disse diz muito mais sobre as dúvidas, as questões que cada uma dessas comunidades cristãs experimenta no seu próprio tempo, do que propriamente uma situação do Jesus histórico lá do século 1", afirma. "Se estabelece ou se usa a figura central ou a referência central do cristianismo para externar preocupações que uma liderança ou uma parte da liderança ou a própria comunidade quer dizer sobre certo objeto. Não temos que conectar isso com Jesus, mas com experiências de comunidade."

Nesse momento histórico, comunidades de cristãos discutiam se o mais adequado era a vida celibatária ou o casamento. "As comunidades estão discutindo 'devo ser um eunuco?', como diz Mateus, 'viver como um eunuco?'. Na tradição de um cristianismo católico, um eunuco se refere a ser celibatário. Portanto, Jesus é celibatário (...) ou devo trabalhar com o modelo de um Jesus que constitui uma família?"

O historiador compara esse período com, por exemplo, um religioso que esteja em uma cruzada contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. Ele pode fazer, afirma o professor, uma leitura própria dos textos da Bíblia para apoiar o seu ponto de vista, digamos, condenando o casamento homossexual, mas permitindo a separação e novo casamento de heterossexuais. "Essas atualizações teológicas são muito mais o 'meu espelho' do que história."

Chevitarese diz ainda que temos encarar as comunidades religiosas como sendo plurais, com cada uma com suas ideias e problemas, mas todas buscando um mesmo modelo a seguir. "Toda e qualquer experiência religiosa (...) é sempre uma experiência humana que busca viabilizar um contato com esse 'mundo cósmico', por isso são sempre plurais e multifacetadas, ou seja, há cristianismos, há judaísmos, há islamismos. (...) Eu não acho que o modelo que aparece aí de um Jesus se referindo a alguém, que a gente não sabe (quem é), mas como 'minha mulher', que isso seja uma discussão que estava em todas as comunidades cristãs, isso é uma questão específica de uma comunidade que introduziu o texto. Eu vejo experiências cristãs, eu não vejo cristianismo. Essa é uma leitura teórica minha."

Karen King, pesquisadora que apresentou o fragmento, acredita que o papiro foi criado entre os séculos 2 e 4 - ainda não foi analisada quimicamente a data do objeto - e que pertença a um texto maior, escrito em grego e que seria um evangelho desconhecido.

Mudanças hoje

 O historiador afirma que esse pequeno papiro milenar está diretamente ligado a uma discussão bem atual - a do papel da mulher na Igreja. "A igreja católica hoje (se fosse comprovado que Jesus não foi celibatário) continuaria achando legitimação e base para sustentar a tese de que seus sacerdotes e suas irmãs consagradas, as freiras, devem ser celibatários? E as teólogas feministas que reivindicam para si um espaço maior de atuação no campo das igrejas que elas atuam, podem ser consagradas como sacerdotisas e estarem no púlpito pregando? Esse é um ponto nevrálgico da questão. É isso que movimenta a discussão de um documento como esse que Karen King, uma pesquisadora seríssima, traz à tona."

"No fundo, essas discussões eu acho que pouco têm a ver com Jesus, mas Jesus é central porque ele fala a cerca de 3 bilhões de indivíduos hoje. Mas se Jesus era casado ou não, nada tem a ver com século 1, século 2 ou século 3, porque já passou, mas tem a ver com o século 21. Se Jesus era casado, eu tenho que repensar as estruturas que as igrejas católica, ortodoxa grega, as protestantes históricas me oferecem."

Maria Madalena

 "Se nós tivéssemos que projetar uma suspeita sobre que Maria é essa, eu apostaria 100% das minhas fichas em Maria Madalena. Maria Madalena é uma pedra no sapato, é um incômodo para a ortodoxia. Por que é um incômodo para a ortodoxia? Por que ela seria a verdadeira mulher de Jesus? Não, porque Maria Madalena, no Evangelho de João (penúltimo capítulo), é a única testemunha ocular a informar que Jesus não está morto, está vivo, que seu corpo não foi roubado, mas que seu corpo foi ressuscitado e que, de fato, nele se cumpre todas as promessas que foram feitas pelos profetas, por Deus, etc. Então, ela, desde o início, goza de uma primazia que gera um incômodo no século 2, no século 3 no processo de negociação entre em uma ortodoxia e o Império Romano. E essa ortodoxia impondo uma leitura falocrática".

O pesquisador afirma que esse debate se encerra somente no século 6, quando é adotada a figura de Maria Madalena como uma prostituta arrependida. "Antes disso, ela tem esse espectro extremamente vasto, que vai desde uma apóstola, passando por mulher, até uma prostituta. Mas, é com o papa Gregório é que ela vai ganhar esse contorno dentro da ortodoxia de que ele é obrigado a reconhecer que ela tem uma proeminência, mas (afirma que) um dia foi prostituta. É uma leitura maldosa, que nada tem a ver com Maria Madalena", diz o historiador.

Conforme Chevitarese, a Igreja foi desfazer essa imagem apenas no século 19 (quando passou a ser considerada santa), mas a ideia já estava cristalizada. Até o cinema ajudou a difundir a visão de que Maria Madalena era prostituta - o professor cita o filme O Rei dos Reis, de 1927, de Cecil B. DeMille.


Texto antigo fala que Pilatos ofereceu sacrificar filho no lugar de Jesus

Texto traz explicação sobre o beijo de Judas, marca da traição a Jesus Cristo.

Um recém decifrado texto cristão egípcio de cerca de 1,2 mil anos traz uma versão inédita da crucificação de Jesus Cristo e de seus últimos dias. Entre as teses encontradas no ancestral documento estão a de que a última ceia de Jesus foi com Pôncio Pilatos e de que o profeta tinha a capacidade de mudar de forma. As informações são da publicação científica Live Science.

 
Escrito em língua copta, o texto diz que o romano Pôncio Pilatos, que ordenou a crucificação, jantou com Jesus e ofereceu sacrificar o seu próprio filho para que Jesus não fosse crucificado.  O texto também diz que Jesus foi preso na noite de terça-feira, e não na quinta-feira, o que representaria uma mudança no calendário pascal. Com estas mudanças, a última ceia de Jesus teria sido com o juiz romano, e não com os apóstolos, como conta a Bíblia. 

A descoberta do texto não quer dizer que estes eventos aconteceram, mas que algumas pessoas vivendo na época aparentemente acreditavam neles
Roelof van den Broek

No texto, Jesus conforta Pilatos dizendo: "Ó Pilatos, você é digno de uma grande graça porque mostrou boa disposição para mim". O profeta também teria mostrado a Pilatos que poderia escapar se assim o quisesse. "Pilatos, então, olhou para Jesus e ele ficou incorpóreo: ele (Pilatos) não o viu (Jesus) por um longo tempo...", diz o texto. Pilatos é considerado um santo nas igrejas cristãs Copta e da Etiópia . 

Na Bíblia, o apóstolo Judas trai Jesus em troca de dinheiro ao identificá-lo com um beijo para que pudesse ser preso por oficiais judeus. O texto recém traduzido traz uma explicação para esse fato. O ato seria uma forma de identificar Jesus porque este teria a habilidade de mudar forma, "algumas vezes era branco, outras vermelho, outras cor de trigo, algumas vezes jovem, outras velho...". O beijo seria o modo encontrado por Judas para que fosse possível identificar quem era exatamente Jesus.

A tradução do texto foi publicada pelo holandês Roelof van den Broek, da Universidade de Utrecht, no livro Pseudo-Cyril of Jerusalem on the Life and the Passion of Christ. "A descoberta do texto não quer dizer que estes eventos aconteceram, mas que algumas pessoas vivendo na época aparentemente acreditavam neles", disse o autor. 

Cópias do texto foram encontradas em dois manuscritos em museus nos Estados Unidos. Ele foi escrito em nome de São Cirilo de Jerusalém, que viveu no Século IV, e há 1,2 mil anos estava no monastério de São Miguel, no deserto egípcio e próximo a atual cidade de al-Hamuli. Acredita-se que o monastério tenha fechado no início do século X. O texto foi reencontrado em 1910 e comprado em 1911 pelo magnata americano J.P. Morgan, que posteriormente os cedeu para os museus.
 
 

Estudo comprova autenticidade do controverso Evangelho de Judas

Texto sugere que foi Jesus quem pediu para que Judas, seu amigo, o traísse.

Texto apócrifo afirma que apóstolo não traiu Cristo; autenticidade da tinta foi comprovada Foto: AP
Texto apócrifo afirma que apóstolo não traiu Cristo; autenticidade da tinta foi comprovada
Foto: AP
 
Um cientista que ajudou a verificar a autenticidade do controverso Evangelho de Judas revelou na segunda-feira que um antigo certificado de casamento egípcio teve um papel fundamental na confirmação da veracidade das tintas utilizadas no texto apócrifo. A descoberta, que expõe os intensos esforços destinados a validar o evangelho, foi exposta ontem em um encontro da Sociedade Química dos Estados Unidos em Nova Orleans.


"Se não tivéssemos encontrado um estudo do (Museu do) Louvre sobre contratos de casamento e aquisição de terras no Egito, que eram do mesmo período e continham tinta similar à utilizada no Evangelho de Judas, teria sido muito mais difícil discernir se o evangelho é autêntico ou não", afirmou  Joseph G. Barabe, um dos responsáveis pelo projeto. Ele coordenou uma equipe de cinco cientistas que trabalharam no projeto fazendo análises microscópicas. "Esse estudo foi a peça-chave de evidência que nos convenceu de que a tinta do evangelho é provavelmente verdadeira."
 
Essa pesquisa é parte de um esforço multidisciplinar organizado em 2006 pela Sociedade Geográfica Nacional americana para autenticar o Evangelho de Judas, descoberto no final da década de 1970, após 1,7 mil anos escondido. O texto, escrito na antiga língua egípcia copta, é polêmico porque, ao contrário de outras fontes bíblicas que retratam Judas Iscariotes como um traidor, sugere que foi Jesus quem pediu para que Judas, seu amigo, o traísse perante as autoridades.
 

Evangelho de Barnabé opõe fé cristã e islâmica sobre história de Jesus

Polêmico texto apócrifo mostra ponto de vista islâmico sobre Cristo

Os evangelhos apócrifos ocupam um lugar à margem da história cristã. Além das 27 escrituras do Novo Testamento, a Igreja Católica rejeita os textos que versam sobre a vida de Jesus. Entre os mais conhecidos, estão os evangelhos de Tomé, Tadeu, André, Nicodemos, Judas e Barnabé.


De vez em quando, um deles volta à tona. Após o livro Código Da Vinci, de Dan Brown, de 2003, só se falava no texto atribuído a Judas. Recentemente, foi a vez de Barnabé ganhar destaque, depois de uma agência de notícias iraniana ter anunciado, com estardalhaço, que um documento encontrado na Turquia destruiria a base da crença cristã.
Autoridades turcas acreditam que essa possa ser uma versão autêntica do evangelho escrito pelo discípulo Barnabé Foto: Daily Mail / Reprodução
'Jesus não foi crucificado': Evangelho vai causar colapso religioso, diz Irã
Foto: Daily Mail / Reprodução

Mas não foi assim. Havia dois manuscritos conhecidos do evangelho de Barnabé, um em espanhol e um em italiano. Até que, em 2000, surgiu uma versão diferente, redigida em couro, na Turquia. O texto despertou a curiosidade de historiadores e do meio acadêmico. Escrito no idioma siríaco, um dialeto do aramaico, o livro está no Museu Etnográfico de Ancara, na Turquia, e, por ter sido considerado original por peritos (daquele país), teve valor estimado em mais de 20 milhões de euros (aproximadamente R$ 56 milhões).

Um suposto pedido da Igreja Católica para analisar o documento provocou ainda maior expectativa quanto ao conteúdo. Mas, segundo o pesquisador em História Antiga Marcio Loureiro Redondo, doutor pela Escola de Arqueologia e Estudos Orientais da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, a escritura conhecida atua em conformidade com o ponto de vista islâmico sobre Jesus.

Ele diz que pesquisas de historiadores, incluindo muçulmanos, revelaram que o texto foi escrito por um autor islâmico que viveu nos primórdios do islamismo, ainda no século 7 da era cristã. “Um dos aspectos centrais da fé islâmica é a crença num Deus misericordioso, e esse detalhe se destaca no Evangelho de Barnabé”, explica.

Islamismo
Redondo lembra que, para avançar em regiões de população predominantemente cristã, o islamismo precisava oferecer a sua versão sobre Jesus. É nesse contexto que surgiu o Evangelho de Barnabé, que procura apresentar uma visão islâmica sobre o cristianismo e reforçar a ideia da superioridade do islamismo - inclusive dizendo que Jesus foi um profeta que predisse a vinda de um profeta ainda mais importante: Maomé.
Evangelho de Barnabé apresenta a ideia da superioridade do islamismo - dizendo que Jesus foi um profeta que predisse a vinda de um profeta ainda mais importante: Maomé

Outro ponto conhecido da escritura indica que Jesus ascendeu vivo ao céu, sem ter sido crucificado, e que Judas Iscariotes teria sido crucificado em seu lugar. O texto também critica o apóstolo Paulo, que seria um enganador.

Segundo Redondo, as chances de o texto revelar dados confiáveis e factuais sobre a vida de Jesus são remotas. Embora avalie que o assunto exija cautela pela ausência de dados concretos, o pesquisador acredita que o texto já conhecido foi composto com o intuito de converter cristãos ao islamismo, oferecendo-lhes uma visão islâmica da pessoa de Jesus.

História
Para o historiador, no entanto, o enfoque, seja muçulmano ou cristão, não significa que o texto não traga elementos históricos. Ele salienta que achados de qualquer natureza, não apenas religiosos, sempre têm algo a dizer sobre nossa própria história, confirmando o que já se sabe ou acrescentando fatos desconhecidos.
 
Como exemplo de achado importante, ele menciona o fragmento de pedra monumental em que aparece o nome de “Pôncio Pilatos”. Durante muito tempo questionou-se a sua existência, a qual acabou confirmada em 1961, com a descoberta em Cesareia Marítima, em Israel. “Isso reforça a ideia de que o Novo Testamento deve ser levado a sério como documento histórico”, conclui.

O Evangelho de Tomé também merece atenção. Segundo o pesquisador, o texto oferece um testemunho de primeira mão sobre a existência e crenças de grupos de cristãos gnósticos - assim chamados aqueles que se distanciaram do cristianismo majoritário, cuja aceitação recai somente sobre os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.

Tais grupos foram formados a partir da chegada do cristianismo ao mundo greco-romano, onde a filosofia grega tinha enorme presença e onde também as mais variadas religiões eram aceitas. Conforme Redondo, isso levou a um choque de ideias. “Alguns rechaçaram por completo as ideias cristãs. Outros passaram a aceitá-las”, conclui.
 
Fonte:http://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/ciencia-e-religiao-historiador-diz-que-jesus-foi-inventado-por-romanos,adbc8e79d5013410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html

Comentários