ECOTURISMO PELA AMAZÔNIA : SEM CELULAR NEM INTERNET,ROTEIRO FAZ IMERSÃO PELA AMAZÔNIA



Antônio Gaudério/Folhapress

Desconectado: sem celular nem internet, roteiro faz imersão pela Amazônia

Cara a cara com o mito

Passar quatro dias navegando pelo rio Negro, o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas, praticamente sem sinal de telefone ou internet - que vai sumindo conforme a embarcação se distancia do porto de Manaus. A situação parece enlouquecedora em um primeiro momento?
Não se engane: pode ser bem divertido descobrir a história da borracha, conhecer uma aldeia indígena de perto ou ainda ficar cara a cara com o famoso boto cor de rosa. O UOL separou alguns passeios para você descobrir o que é que a floresta tem.


Se você era criança nos anos 80 e fã da Xuxa, certamente lembra daquela canção da apresentadora, cujo verso dizia: “Boto rosa, quem não sonha, descobrir o seu segredo"? De acordo com a lenda local, no início da noite, o boto se transforma em um belo homem que seduz as moças da região.
Envolvidas pelo "rapaz", elas acabam grávidas. Pena que, no final, ele volta para as águas e some dali. Verdade ou não, quem visita a Amazônia não pode perder a oportunidade de ficar cara a cara com o simpático bichinho.

Como funciona? 

O ponto de encontro é uma espécie de casa flutuante no meio do Rio Negro, na qual se chega de lancha e que possui um deck para deixar o turista submerso até a altura da cintura, mais ou menos. Devidamente protegidos por um salva-vidas, e curtindo a água morna que refresca o forte calor da região, os visitantes ficam aguardando o grande astro do passeio aparecer.
E ele não tarda a vir atrás de um peixinho, dado diretamente na boca por um instrutor. O truque consiste em levantar a isca bem alto, para que ele saia da água e faça a alegria dos turistas que, animados, tiram muitas fotos. No entanto, também são dadas orientações para proteger o animal, como a de não tocar na cabeça dele justamente por ela funcionar como uma espécie de sonar.

Aldeia high tech



Vivian Ortiz/UOL

Índios nus ou usando uma saia de palha por cima do maiô? Não é bem isso que você vai encontrar ao conhecer a comunidade indígena dos Kambeba (que significa "povo da cabeça chata"). Eles nunca circularam sem roupa e sempre moraram nas margens dos rios. Atualmente, existe ali uma escola muito bem equipada que, com o apoio da iniciativa privada, oferece aulas presenciais e a distância para os indígenas que vivem na região, que aprendem tanto o português quanto o tupi-guarani, idioma original da tribo.
Quem trabalha na unidade como professor já concluiu ou cursa o ensino superior em Manaus e volta para a aldeia com o intuito de melhorar a qualidade do ensino na própria comunidade. Além de tudo isso, a boa notícia para quem é viciado em estar o tempo todo conectado é descobrir que o sinal de internet, que tinha desaparecido completamente, existe ali por conta da estrutura. Mas vale a pena deixar ele um pouco de lado e ir conhecer a comunidade.
Como funciona? Os turistas chegam ao local com a ajuda de lanchas e são recebidos por crianças e adolescentes nativos, que pintam o rosto dos visitantes com desenhos típicos indígenas, se esses assim desejarem. Após assistirem a uma rápida palestra sobre os costumes do povo dali, as pessoas ainda curtem os pequenos indiozinhos fazendo uma simpática apresentação de dança (foto acima).
O próximo passo é desbravar a aldeia em si com uma visita guiada, entendendo como tudo funciona. Em meio a isso tudo, deu para ver caju no pé, comprar artesanato por um preço bem justo e ainda cruzar com um tamanduá-bandeira bebê, que se aninhou no colo de um dos visitantes quando ele ficou sentado no chão tirando fotos.

Piranhas? Pescamos!


Vivian Ortiz/UOL

Muitas pessoas ficam tensas ao lembrar da existência de piranhas. Afinal, existem filmes e até ataques reais registrados que envolvem esse peixe carnívoro de água doce, dono de mandíbulas fortíssimas. Mas que tal deixar esse medo um pouco de lado e tentar pescar algumas delas?
Apesar de parecer um programa entediante para quem está acostumado com o ritmo agitado da cidade grande, não se engane: pescar piranhas é algo bem mais divertido do que você imagina.
Como funciona? Tudo começa com uma carona na lancha, que os responsáveis pelo passeio param em um local tranquilo. No caso, foi a região do Rio Aiaú. Lá, são distribuídas varas de pesca com pedaços de carne de vaca no anzol. A diversão, então, pode começar. Segundos após as iscas serem jogadas na água, as piranhas chegam.
Mas precisa ser ágil para conseguir pescar, pois, caso contrário, os peixes comem a isca e deixam os pescadores novatos com o anzol vazio. Se dá tudo certo e o turista fisga o peixe, a orientação é pedir para que os funcionários soltem a piranha e a devolvam para o rio. Caso alguma não sobreviva, há grandes chances de virar comida de boto.

Grande encontro


Vivian Ortiz/UOL

O Encontro das Águas é uma das atrações imperdíveis de Manaus. No passeio, os visitantes podem acompanhar a união das águas dos rios Negro e Solimões que, ao se juntarem, formam o rio Amazonas. 
Enquanto o Rio Negro é ácido, cheio de húmus - o que dá o seu tom escuro, o Solimões tem uma cor mais amarelada por conta do cálcio e magnésio em suspensão, além de uma temperatura mais fria que o outro.
Como funciona? Diversas agências oferecem passeios que incluem o encontro no roteiro, mas você também pode ir por conta própria. Se o turista estiver em uma lancha, por exemplo, consegue até tocar a água e sentir a diferença de temperatura entre os rios.

História da borracha


Vivian Ortiz/UOL

O Museu do Seringal Vila Paraíso mostra a era de ouro do Ciclo da Borracha na região, oferecendo um bom histórico de como era viver em um dos seringais naquela época, tanto para os proprietários quanto para os trabalhadores.
O local nasceu como set de filmagens do filme “A Selva”, de 2002, que tem Maitê Proença no elenco. Ele mostra como era a economia e a sociedade amazonense no início do século 20.
Como funciona? Além de ver toda a caracterização da época, e fazer uma rápida viagem no tempo com isso, o visitante vê de perto como funciona a extração do látex, podendo sentir como é o material no início do processo de produção da borracha.

Aventura na selva


Vivian Ortiz/UOL

E que tal sair para explorar a floresta, com um guia passando noções de sobrevivência na selva, fornecendo explicações sobre a vida selvagem amazônica e ainda mostrando plantas o que são comestíveis, medicinais e úteis para várias situações?
Estando ao lado da Amazônia, é óbvio que não poderia faltar esse passeio em Manaus. Nele dá para descobrir, por exemplo, que se um dia você se perder e precisar dormir na selva, melhor fazer uma fogueira para demarcar território e usar as cinzar para cobrir seus poros, no corpo inteiro. Melhor que nenhum animal sinta o seu cheiro de longe, não é?
Como funciona? Os turistas, muitos na terceira idade, têm a recomendação deu usar calças, sapato fechado e blusas de manga comprida, para evitar serem arranhados pelas plantas no caminho. Como faz bastante calor, também é bom passar repelente até por cima da calça, pois os mosquitos picam mesmo.
Na visita feita pela reportagem, o índio Piro foi o guia da caminhada. Criado desde criança para identificar as plantas medicinais, ele mostrou, entre outras, a saracura mirá, que serve para eliminar dor nos ossos e também seria afrodisíaca. O guia, durante o passeio, deixa os visitantes cheirarem, tocarem ou até beberem a infusão da plantão. A diversão é garantida e a internet, no fim, nem faz falta.

Curtiu e quer se aventurar? Veja opções


Vivian Ortiz/UOL

• O Iberostar Grand Amazon, espécie de “hotel navio” que navega há mais de 10 anos pelas águas dos rios Negro e Solimões, parte do porto de Manaus e os hóspedes podem sair diariamente em excursões de lanchas para as atividades, que já estão inclusas no pacote. Sai a partir de R$ 5.460** para três dias.
• A Iguana Turismo possui um pacote de um dia inteiro na Amazônia, que inclui nado com botos e ver de perto o encontro das águas, ritual indígena e o Parque Ecológico Janauari. Pelo TripAdvisor , onde é possível também ver outros passeios no mesmo estilo, sai a partir de R$ 177,37.**

• Para fazer apenas o Encontro dos Rios, basta ir até o Porto da Ceasa, localizado no ponto exato da junção dos rios, e procurar pela Cooperativa Solinegro de Turismo, que é formada pelos barqueiros da região. Um passeio de 30 minutos sai a R$ 30** por pessoa, ou R$ 20** para cada em grupos maiores de 10 pessoas. Também há opções de passeio com programação maior, que incluem outros atrativos no programa.

* A jornalista viajou a convite da Iberostar Hotels & Resorts.
** Preços pesquisados em 28/10/2016.


Fonte:http://viagem.uol.com.br/guia/brasil/manaus/roteiros/desconectado-sem-celular-nem-internet-roteiro-faz-imersao-pela-amazonia/index.htm

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