A FELICIDADE TAMBÉM SE APRENDE - OS SEGREDOS DA FELICIDADE


A FELICIDADE TAMBÉM SE APRENDE

Apostar na filosofia da vitória na educação das crianças, como fazem muitos pais, pode dar mau resultado. Veja os conselhos de uma socióloga especialista em felicidade na infância.
Não existe aspiração maior para os pais do que ter a certeza de que os filhos têm tudo para serem felizes. Depois de crescer pressionada para atingir o sucesso e com o primeiro filho prestes a nascer, Christine Carter tentou descobrir o que a sociologia tinha a revelar sobre a felicidade na infância. Apoiada por estudos científicos e orientada pela experiência de vida, a autora partilha algumas certezas sobre a melhor forma de atingir a meta máxima dos seres humanos, a tão ambicionada felicidade.
Como surgiu a necessidade de explicar aos pais que é possível fabricar a felicidade?
Ao contrário do que se possa pensar, em criança, eu não era o retrato da felicidade. Sentia-me muito ansiosa, era tão tímida e facilmente frustrada que chorava todos os dias na escola até à segunda classe. Surpreendentemente, tornei-me uma professora comunicativa. Aos 28 anos, era bem sucedida, perfecionista e estava grávida.
Com o meu primeiro filho a caminho, tomei consciência de que algo tinha de mudar. Não queria que os meus filhos fossem ansiosos como eu. Decidi investigar a felicidade sob uma perspetiva académica da sociologia da felicidade na infância. Queria saber que tipo de crianças estava feliz e porquê, conhecer os seus hábitos e crenças.
De que forma é que o comportamento dos pais determina o dos filhos?
A principal diferença entre os ambientes sociais das crianças felizes, versus as infelizes, é que os pais tendem a ensinar essas habilidades e servem de exemplo. Vários estudos focados em modelos distintos de parentalidade demonstram que os pais ternos e amorosos, mas que sabem estabelecer limites, cumprindo as regras e aplicando-as, tendem a ter filhos mais seguros, mais sociáveis e felizes.
Qual a importância da inteligência social na busca de felicidade?
A inteligência emocional e social é um dos pilares da felicidade. Os pais podem incutir aos filhos inteligência social através da emoção que depositam em cada atitude e na sua própria capacidade de serem felizes. Este atributo desenvolve-se transmitindo às crianças a capacidade de serem optimistas, de saberem partilhar e perdoar. Podemos ajudar os nossos filhos a fazer amizades e ajudá-los a lidar com a dor quando se sentem tristes e revoltados.
Devemos também atribuir importância aos jantares em família. O jantar é uma boa altura para saborear as alegrias do dia e o momento presente. Os estudos provam que as crianças que jantam regularmente com as famílias são emocionalmente mais estáveis, têm melhores resultados escolares e são menos propensas à obesidade ou a sofrerem de distúrbios alimentares.
Quais são os erros que os pais cometem e que se revelam inimigos da felicidade dos filhos?
O principal erro é que os pais tendem a preocupar-se com a felicidade dos filhos, antes de cuidarem de si próprios. Se realmente querem construir um ambiente onde a criança se sinta feliz, o primeiro passo é conseguirem ser felizes sozinhos.
A felicidade, a paz interior, a satisfação e a alegria estão dentro de nós e não adianta procurá-las apenas no mundo exterior. Nunca é tarde para se ser um adulto feliz, mesmo tendo sido uma criança infeliz. O altruísmo e o voluntariado são caminhos para uma felicidade duradoura.
Na sociedade atual, como pode uma mulher colocar a máscara de oxigénio e encontrar tempo para se organizar e rejuvenescer, como refere no livro?
É importante arranjar tempo todos os dias para fazer algo que nos dê prazer. Mesmo que tenha apenas dez ou 20 minutos para ler, por exemplo, é vital fazê-lo. Programe esse momento como se fosse um encontro a que não pode faltar. Esses minutos irão contribuir para que se sinta bem consigo própria. E a felicidade como pais influencia a dos filhos a diversos níveis.
Uma pesquisa recente atribuiu uma relação entre mães que se sentem deprimidas e resultados negativos nos filhos, como ansiedade e outros distúrbios comportamentais. Os pais deprimidos tendem a ser menos eficazes e, consequentemente, menos aptos a corrigir o mau comportamento das crianças.
Como é que a felicidade pessoal influencia o bem-estar da criança?
Emoções como felicidade são incrivelmente contagiantes, espalham-se como vírus. As pessoas felizes têm relações sociais mais fortes do que as pessoas menos felizes, em parte porque a felicidade leva os outros a quererem ser nossos amigos e porque ter amigos nos torna felizes.
Além disso, as emoções positivas dão-nos mais recursos para sermos melhores pais, e isso afeta os filhos, também. Estes tendem a imitar as emoções dos pais, principalmente, nos primeiros anos de vida. Se a família demonstra sinais de felicidade é natural que esse estado de espírito se reflicta nas crianças. As pesquisas mostram que quanto .
Que passos os pais devem seguir para criar o ambiente familiar ideal?
Manter sempre a calma, mesmo em situações de conflito, ajudar os filhos a ver a perspectiva do outro e não apenas a deles e encontrar soluções que obteriam bons resultados com qualquer pessoa. Para controlar uma birra ou briga entre irmãos, é melhor respirar fundo primeiro e tomar uma decisão para moderar o conflito.
Qual a atitude mais correta a devem adoptar num processo de divórcio para evitar que os filhos saiam prejudicados?
É importante que as crianças tenham a oportunidade de manter relações profundas com os dois progenitores. Quando os pais separados conseguem colaborar de uma forma eficaz, o contato pai-filho tem tendência a aumentar, o que, por sua vez, reforça uma melhor paternidade e laços mais fortes entre pais que não vivem em casa e os seus filhos.
No livro «Educar para a Felicidade - 10 passos para ajudar pais e filhos a serem mais felizes», menciona os benefícios de uma criança crescer com um pai positivamente interessado. Como é que as mães devem agir se isso não acontece?
Nenhuma infância é perfeita. As mães só podem tentar promover o envolvimento do pai, mas a sua ausência ou distância não significa que os filhos tenham de crescer infelizes. Mesmo as famílias imperfeitas e disfuncionais, muitas vezes, têm crianças muito felizes.
No meu livro não pretendo ensinar as leitoras a serem super-mães, mas a fazerem o que estiver ao seu alcance para serem boas mães e conseguirem que os filhos se transformem em adultos felizes e realizados. E sem culpas em relação aos erros do passado, pois este sentimento só irá consumir a energia presente.
De que forma é que a perfeição pode ser inimiga da felicidade?
A perfeição é uma forma particular de infelicidade em si mesma. Por definição, significa nunca estar feliz consigo próprio ou com o trabalho. Pressionar para o sucesso, geralmente, resulta ao contrário.
A longo prazo, as crianças pressionadas raramente crescem a saber quem são ou o que querem para si e muito menos o que as torna felizes. Os pais que dão demasiada importância aos resultados têm mais tendência a ter filhos com elevados níveis de depressão e ansiedade.
Que estratégias os pais devem usar para estimular a curiosidade dos mais novos e a vontade de aprender?
O mais importante é valorizar o esforço que as crianças fazem para atingir os objetivos e não a inteligência inata, o talento. Quando tem uma boa nota no teste, deve-se elogiar o seu esforço, em vez de dizer algo como «Que boa nota tiveste no teste. És muito inteligente!». Este tipo de elogio é confuso e causa problemas.
Precisamos de transformar a mensagem positiva em frases como «Sei que és capaz se te esforçares». Devemos ajudar as crianças a envolverem-se no processo de aprendizagem, em vez de focar a atenção no resultado final.
O currículo de Christine Carter
Doutorada em sociologia, na Universidade da Califórnia, Berkeley, na especialidade de felicidade na infância, Christine Carter tornou-se diretora executiva do Greater Good Science Center, um centro de investigação multidisciplinar da mesma universidade, com a missão de explicar ao público as pesquisas na área da felicidade, altruísmo e compaixão. Um dos meios que utiliza para cumprir a sua tarefa é o seu blogue. Mãe de duas filhas, Christine Carter colabora com vários jornais e revistas nesta área.
Texto: Fátima Lopes Cardoso com Christine Carter (socióloga)

ESPECIALISTAS DEFENDEM QUE SE PODE (MESMO) APRENDER A SER FELIZ


Viver melhor não é tão complicado como parece. Veja o que deve mudar para o conseguir
É desejo de todos os pais que os filhos sejam felizes. Mas muitos, na prática, nem sempre sabem como podem contribuir nesse sentido. Veja o que dizem os especialistas!
Afinal, a felicidade ensina-se? Há quem tenha esta dúvida. Muitos especialistas dizem que sim. E explicam como. A poucas semanas do parto, Sara Martinho [nome fictício de uma mãe que prefere preservar o seu anonimato], de 40 anos, apenas quer o melhor para o filho. «Primeiro, que ele nasça saudável. Depois, que seja feliz», revela.
No último mês de gravidez, começou a sentir-se cansada, pelo que resolveu diminuir o horário de trabalho e evitar as atividades que sentia provocar-lhe maior stresse. «Não quero que o meu filho já nasça ansioso», explicou, na altura, a futura mãe, em declarações à revista Saber Viver. Para educar o bebé, ainda não tinha, então, uma estratégia.
Apenas a certeza de vir amar o filho e dar-lhe todo o afeto e a esperança de que os genes do seu lado falem mais alto em matéria de felicidade. «Na minha família, temos uma certa disposição para o bem-estar. Eu sou tão genuinamente feliz que acho que é contagiante», observa. Sara Martinho não é única a defender este ponto de vista. Muitos progenitores pensam como ela.
Genes versus educação
Muitos pais acreditam que a personalidade dos filhos já se encontra em grande parte geneticamente definida. E que isso tem um enorme peso na medida da sua felicidade durante a infância e na idade adulta. Mas, curiosamente, alguns vão dando especial importância à transmissão de certos valores ao longo da educação.
Algo que os especialistas defensores da felicidade como capacidade que pode ser ensinada às crianças apontam como sendo essenciais. A posição de Marta Carvalho, de 44 anos, ilustra bem este aspeto. Mãe de um rapaz de 13 anos, defende que a «felicidade não se ensina». Mas explica que tem vindo a sensibilizar o filho para «viver bem com ele próprio», diz.
«A viver bem com ele próprio e a lutar por aquilo que quer, com esforço e perseverança», acrescenta ainda. Também lhe incutiu, desde logo, outros princípios que julga serem essenciais, «nomeadamente, a humildade e a gratidão», sublinha. Princípios e valores que as gerações atuais, tendencialmente insatisfeitas, têm vindo a menosprezar, como alertam vários especialistas.
Vidas felizes proporcionam emoções positivas
Não é uma aprendizagem simples. Podemos dizer que há o antes e o depois em matéria de felicidade. Nos últimos anos, ela deixou de ser vista como algo «que nos acontece por acaso e sobre a qual não temos controlo», como refere Darrin McMahon no livro «Uma história da felicidade», publicado pela editora Edições 70, para concluir-se que afinal a responsabilidade de sermos felizes é apenas de cada um de nós.
Que é possível criar esse caminho a partir dos primeiros anos de vida, e que os pais têm um papel fundamental nessa tarefa. Dito de outra forma, a felicidade pode ser ensinada pelos progenitores, aprendida no seio das famílias. Portanto, há uma inversão do paradigma da felicidade, operada por muitos anos de estudo e investigação no campo da psicologia positiva.
Veja na página seguinte: Aprender a educar através de modelos
A felicidade é mais do que um mero estado de espírito
À luz deste movimento dentro das ciências psicológicas, a felicidade deixa de ser vista como um estado de espírito ou pré-disposição. «Em vez disso, uma vida feliz define-se por ser fértil em proporcionar vários tipos de emoções positivas», afirma Christine Carter, investigadora e diretora executiva do Greater Good Science Center da Universidade de Berkeley, nos EUA.
«Por exemplo, emoções positivas baseadas no passado, como gratidão, perdão e valorização, são componentes importantes de uma vida feliz. Tal como emoções positivas inspiradas no futuro, como otimismo, fé e confiança», escreve ainda a autora do livro «Educar para a felicidade», publicado em Portugal pela editora Lua de Papel.
Aprender a educar através de modelos
Segundo a socióloga Christine Carter, que trabalhou como investigadora e diretora executiva do Greater Good Science Center da Universidade de Berkeley, na Califórnia, está provado que o ser humano descobre a felicidade mediante as suas ligações com os outros. «Emoções positivas como o amor, a bondade e a empatia ajudam-nos a estabelecer essas ligações», defende.
«E emoções baseadas no presente, como a alegria e a satisfação, constituem ingredientes óbvios numa infância feliz», acrescenta ainda. Se é certo que as crianças se familiarizam com vários tipos de raciocínio, sentimentos e comportamentos que se baseiam em grande parte no que lhes é ensinado sobre o mundo, das suas relações e das expetativas dos adultos, então também é possível educá-las para a felicidade.
Para serem crianças felizes e, mais tarde, adultos felizes. Pelo menos é o que garante Christine Carter que, ao longo do livro, indica 10 passos para ajudar crianças e progenitores a caminhar nesse sentido, sugerindo educar através de modelos. Veja também como dar resposta às perguntas mais difíceis que as crianças fazem.
A abordagem errada que as crianças trazem de casa
A forma como educamos as crianças contribui muito mais para a felicidade delas do que uma suposta predisposição ou herança genética. O argumento é do psicólogo clínico Manuel Coutinho que também defende que, embora nunca seja verdadeiramente tarde para se ser um adulto feliz, tudo fica mais fácil quando na infância também se foi. «Não somos felizes amanhã. Temos de ser felizes hoje com aquilo que temos», defende.
«E ficar gratos por isso!», diz, comentando que, infelizmente, ainda há pais que pensam que a felicidade está nos bens materiais e no sucesso. Embora todas estas coisas tenham a sua importância ou lugar, não são realmente as essenciais. «A felicidade é acima de tudo um espaço interior que precisa de ser valorizado, pois está muito próximo da auto-estima», comenta.
Veja na página seguinte: Quando os pais vivem preocupados com a sua própria felicidade
Quando os pais vivem preocupados com a sua própria felicidade
Em cada pessoa que olha para si própria e gosta do que vê há uma possibilidade de felicidade. Cristine Carter diz mais, indo ainda mais longe. «No caminho para a felicidade duradoura, para além da autoconfiança e do amor-próprio, há gestos de gratidão e altruísmo, capacidade de perdão, bondade e generosidade, otimismo e um constante treino de emoções positivas», refere.
Colocando a tónica no modelo educativo com que se vai transmitindo as bases da felicidade autêntica aos filhos, Manuel Coutinho aconselha os pais a fazerem uma introspeção antes de iniciarem esse percurso. «É importante que eles sejam felizes», refere. Pais preocupados com a sua própria felicidade conseguem transmitir melhor às crianças a capacidade de serem felizes.
«Elas aprendem mais com os exemplos do que com as palavras, daí a necessidade dos adultos serem bons modelos», remata o psicólogo. Um dos pontos de partida de Christine Carter é precisamente aquele que refere que os pais tratem da sua própria felicidade, antes de tentarem ensinar aos filhos as competências para serem felizes. Por isso, convida os leitores «a colocarem as suas máscaras de oxigénio».
O imperativo de colocar uma máscara de oxigénio
Este é o primeiro dos dez passos que prometem ajudar progenitores e filhos a serem mais felizes. O que é que isto significa? Que os pais devem cuidar da felicidade pessoal, alimentando e reservando tempo para eles, pois os filhos só beneficiarão com isso. «A nossa felicidade como pais influencia de muitas formas a felicidade dos nossos filhos», diz.
Ao fazê-lo, Christine Carter procura explicar que uma pesquisa estabeleceu «um vínculo substancial entre mães que se sentem deprimidas e resultados negativos nos seus filhos, como ansiedade e outros distúrbios de comportamento», refere ainda, recomendando a prática de atos de gratidão para alcançar uma felicidade maior. É desejável que mães e pais arranjem espaço para as atividades que lhes dão prazer, portanto.
E para o seu relacionamento conjugal, se for o caso. Ir jantar ou passar um fim de semana fora sem as crianças, deixando-as aos cuidados de alguém em quem confiem, traz benefícios a todos. A felicidade centrada no eu não resulta, como assegura George Vaillant, que nos sugere a importância dos relacionamentos. «É no envolvimento com os outros que reside a melhor fonte de emoções positivas», diz.
A importância de romancear
O psiquiatra norte-americano defende ainda que os atos de gratidão contribuem para os nossos níveis de felicidade. Christine Carter também defende a importância das relações das crianças com os outros. «Precisamos de ensinar os nossos filhos a alimentarem (talvez mesmo romancearem) as suas relações mais importantes», afirma. E também a necessidade de ensiná-las a expressar a gratidão.
Para isso, incentiva que pais e filhos escrevam juntos uma espécie de diário de reconhecimento. Ou, pelo menos, escrever num papel ao fim de cada dia algo pelo qual se sintam gratos. Ela pratica este exercício diariamente com as duas filhas. É um facto que os pais desejam o melhor para os filhos. Mas, também, que muitas vezes se confundem nas prioridades.
Veja na página seguinte: Os limites que é preciso impor
Os limites que é preciso impor
Escolher o que mais importa nas suas educações nem sempre é tarefa fácil. Alguns culpabilizados por estarem pouco disponíveis, por razões laborais, têm dificuldade em dizer não e, com isso, provocar-lhes traumas psicológicos. «Educar é sobretudo amar e amar é impor limites», diz Manuel Coutinho esclarecendo que as regras e a disciplina são fundamentais na caminhada para a felicidade.
«É preciso dizer não quando necessário», refere ainda. O ajustar do comportamento da criança, o marcar limites com regras são mecanismos fundamentais para o crescimento harmonioso da personalidade da criança. «Crescer em harmonia é crescer feliz», acrescenta ainda.
O psicólogo clínico diz que infelizmente os pais ainda educam muito para o sucesso, esquecendo-se de ensinar para o fracasso, o que se calhar ainda é mais importante. «Se a criança estiver educada para os fracassos, perante uma adversidade vai saber reagir. Encontrar dentro dela a força, a energia e a coragem para gerir a situação».
Aprender a desenvolver a resiliência
Ao longo da educação, cabe ao pais valorizar e corrigir os filhos quando se justifique. «Devem corrigir o que está mal no sentido de ajudar a melhorar, mas essa correção não deve afetar a criança na sua dignidade», prossegue Manuel Coutinho, indicando esta atitude como mais uma orientação para ajudar as crianças a serem felizes. «Não me importo que ganhes ou percas» é o conselho que Christine Carter dá aos pais para dizerem aos filhos.
A socióloga concorda que dar mais valor ao esforço do que ao resultado possa ser angustiante para alguns pais mas que é preciso manter esta perspetiva. Explica que quando «elogiamos pelo esforço e o trabalho árduo que conduz à realização, as crianças querem continuar empenhadas nesse processo», sublinha. Quando as elogiamos, «atribuindo instintivamente o seu sucesso a dons inatos, damos-lhes a receita da ansiedade e do resultado insatisfatório».
Explica que o elogio não é mau. Esclarece que os pais podem elogiar frequentemente os filhos desde que atribuam o êxito «a coisas como esforço, empenho, desembaraço, trabalho árduo e prática», uma vez que são esses «os elementos que os ajudam a crescer, a obter sucesso e a ser feliz», acrescenta ainda. À semelhança de muitos especialistas, Manuel Coutinho defende que para crescer é preciso que a criança chore e sinta dor.
Dor e conflitos são essenciais
É fundamental que se sinta confrontada e seja confrontada e viva conflitos. «Os pais devem estar por perto, compreender e apoiar, dar ferramentas para que encontrem estabilidade. Mas não evitar este estado de coisas», diz. É através destas experiências angustiantes que os meninos amadurecem, tornando-se resilientes.
Com maior capacidade de reagir face às adversidades que a vida lhes reserva. Segundo Christine Carter, o conflito é uma coisa boa, pois implica mudança e dá interesse à vida. «Além de ajudar os nossos filhos a desenvolver amizades sólidas, a pesquisa demonstra que aprender a resolução positiva do conflito traz outros benefícios, incluindo o progresso dos resultados académicos e o aumento da autoconfiança e autoestima», sublinha a especialista.
Veja na página seguinte: O condicionamento da herança genética
O condicionamento da herança genética
Também otimiza o nível de raciocínio e a criatividade na resolução dos problemas. Ao longo de duzentas e sessenta páginas a socióloga, autora de «Educar para a felicidade», apresenta-nos dez ideias, ou passos que prometem revolucionar a vivência das famílias. São conselhos para pôr em prática ao encontro da felicidade.
Pistas para atividades e comportamentos que cultivam o esforço e a diversão, a gratidão e a inteligência emocional das crianças e a autodisciplina, ensinam a criar hábitos de felicidade e ambientes felizes. A grande meta na vida do ser humano é sem dúvida ser feliz e ter filhos felizes. Mas a felicidade estará ao alcance de todos?
Estudos levados a cabo por Sonja Lyubormisky, da Universidade de Riverside, na Califórnia, EUA, mostraram que 50% da felicidade depende da herança genética, 10% das circunstâncias de vida e 40% de cada indivíduo e do seu comportamento. É precisamente nestes 40% que muitos especialistas dizem que é possível trabalhar, e trocar a volta às tendências.
Pensar com otimismo
Em vários dos seus livros, Sonja Lyubormisky explica como utilizar estes 40% a nosso favor. Em linhas gerais e no essencial, propõe formas de pensar e de agir para a felicidade, com o otimismo ao fundo. Numa clara mensagem de que ser feliz, afinal, está mesmo na mão de cada um de nós.
De acordo com Christine Carter, crianças de dez anos que são ensinadas a refletir e a interpretar o mundo de forma optimista têm menos 50% de hipóteses de sofrerem de depressão quando passam pela puberdade. A especialista explica várias formas de pensar com optimismo:
- Reconhecer o bem que resulta da dificuldade.
- Considerar o copo meio cheio. Assinalar o que é bom em vez do que é mau, embora ambos estejam presentes.
- Refletir sobre a aprendizagem resultante do fracasso.
- Optar por confiar. Dê a si e aos outros o benefício da dúvida em vez de se deixar abater por sentimentos como a hesitação, a culpa ou a ofensa.
Texto: Júlia Serrão e Luis Batista Gonçalves (edição digital) com Manuel Coutinho (psicólogo clínico) e Christine Carter (socióloga e investigadora do Greater Good Science Center e autora do livro «Educar para a felicidade»)

O SEGREDO DA FELICIDADE

A receita é
simples: transforme o
negativo em positivo
e desperte a criança
que há em si.
«Manter a capacidade de nos deslumbrarmos com
o que está à nossa volta, como fazem as crianças, é a
chave para sermos mais felizes».
Quem o diz é Isabel
Empis, psicóloga e psicoterapeuta, uma apaixonada
pela vida que transmitiu isso mesmo no seu livro «Eu quero amar, amar perdidamente».
Um livro de crónicas sobre crescer e amar cujo título
recorda o poema homónimo de Florbela Espanca
porque demonstra que «até nesta poetisa, que nos
transmite uma vida de desespero, havia esperança»,
assegura a autora.
«A nossa felicidade vem da nossa
relação com as coisas e não destas, vem da nossa capacidade de nos transformarmos e de amarmos
perdidamente como só as crianças o fazem», realça.
Percorra connosco esta viagem interior.
No seu livro aborda o conceito da criança interior.
Pode explicar-nos?
No seu livro aborda o conceito da criança interior.
Pode explicar-nos?
Despertarmos a criança que há em nós ajuda-nos a ser
felizes e a revitalizar as nossas capacidades. Este conceito
está relacionado com o que nós fomos enquanto
crianças e com o potencial humano que recebemos
durante a infância. Por vezes, afastamo-nos dessas
referências devido às vivências que vamos tendo.
Por exemplo, já todos reparámos na facilidade com
que uma criança transforma uma carica numa bola
de futebol e que é ao brincarmos que começamos a
aprender e a estabelecer relações com as coisas.
O que podemos fazer para que essa criança dentro
de nós se revele?
O que podemos fazer para que essa criança dentro
de nós se revele?
Termos atenção a nós próprios, ao que sentimos, e
perceber que o nosso ser não está no nosso ter e que
não é através do parecer e do ter que se chega a ser.
É importante dar tempo ao tempo, viver o presente
e não o passado e o futuro e pensar que a alegria, que
tem sido muito confundida com excitação e agitação,
advém da tranquilidade.
Qual o peso da nossa infância para uma vida
adulta feliz ou infeliz?
Qual o peso da nossa infância para uma vida
adulta feliz ou infeliz?
Não é a nossa infância em si, mas sim o peso da nossa
relação com ela e a nossa capacidade de transformar e
de viver. Eu e o meu irmão podemos ter vivido um
mesmo traumatismo, mas podemos interiorizá-lo de
forma diferente. Temos de perceber que o importante
é saber transformar as dificuldades em oportunidades
de aprendizagem.
Como é que os pais devem lidar com os desafios
que se colocam na relação com os filhos?
Como é que os pais devem lidar com os desafios
que se colocam na relação com os filhos?
Deixar os filhos serem eles próprios. Os pais devem
dar atenção aos filhos e curtir o tempo que estão
com eles.
O que é essencial que os pais façam para garantirem
aos filhos uma infância feliz?
O que é essencial que os pais façam para garantirem
aos filhos uma infância feliz?
Estar presente e deixá-los ser criativos.

Veja na página seguinte: Os maiores erros que se cometem nas relações entre pais e filhos
E que erros detecta na relação entre pais e filhos?
E que erros detecta na relação entre pais e filhos?
Falta de atenção e de diálogo. Os pais bombardeiam
as crianças e jovens com actividades secundárias e
ainda não perceberam que eles próprios podem ser
o melhor programa para os filhos.
Muitas mulheres sentem uma enorme culpa por
não poderem passar o tempo que desejavam
com os filhos. Que conselhos lhes pode dar?
Muitas mulheres sentem uma enorme culpa por
não poderem passar o tempo que desejavam
com os filhos. Que conselhos lhes pode dar?
Aproveitarem o tempo que estão juntos, não falar
dos filhos mas com eles e não estarem preocupadas
com o trabalho e com a ideia de sucesso.
No seu último livro aborda diversos temas relacionados
com pais e filhos. Pode destacar alguns?
No seu último livro aborda diversos temas relacionados
com pais e filhos. Pode destacar alguns?
Destaco «Nas férias é que vai ser bom!» e «Natal
grande festa, Natal ganda seca!». O primeiro alerta
para o facto dos pais pensarem que as férias compensam todo o tempo que não passaram com os filhos durante o ano.
Destaco a outra crónica porque, apesar
do Natal ser uma época de partilha, muitas vezes
esquecemo-nos disso por estarmos tão atarefadas e
transformamos os dias de união em desilusão.
O que é que os pais podem fazer para as crianças
viverem de forma salutar mas alerta para os perigos
que as rodeiam?
Fazer com que as crianças desenvolvam dentro delas
a consciência dos perigos e a responsabilidade, em
vez de lhes incutirem o medo.
O papel da simplicidade na felicidade é um dos
conceitos que defende. Porquê?
O papel da simplicidade na felicidade é um dos
conceitos que defende. Porquê?
A vida não tem de ser uma coisa complicada, temos
de perceber a sua simplicidade ou, pelo menos, ter
consciência de que, muitas vezes, complicamos o
que é simples. O mundo de hoje é igual ao que sempre
foi, somos nós que pensamos que na complicação
reside o estatuto de adulto. No entanto, simples
não quer dizer estéril nem estúpido e, por outro lado,
importante não significa complicado.
No seu primeiro livro, «Bem-aventurados... Os
que ousam» abordou a capacidade que todos
temos de transformar as perdas em ganhos. Mas
a imagem que se tem de Portugal é de que é um
país de pessimistas...
No seu primeiro livro, «Bem-aventurados... Os
que ousam» abordou a capacidade que todos
temos de transformar as perdas em ganhos. Mas
a imagem que se tem de Portugal é de que é um
país de pessimistas...
Não acho que sejamos um país pessimista, temos é
o vício da queixa e do vai-se andando... Nos centros
de saúde, as pessoas competem pelas doenças e
isto acontece porque a queixa, culturalmente falando,
tem sido valorizada e a alegria é conectada com
estupidez, leveza ou superficialidade.
Como podemos transformar essas queixas em
algo de positivo?
Como podemos transformar essas queixas em
algo de positivo?
Primeiro temos de ter consciência de que nos queixamos,
depois aprender a viver, isto é, mudar a nossa
relação com as coisas, ver, ouvir e ser criativo em
tudo.
Os seus dois livros têm em comum um certo sentido
do humor. Este é um dos caminhos para sermos
mais felizes?
Os seus dois livros têm em comum um certo sentido
do humor. Este é um dos caminhos para sermos
mais felizes?
É um instrumento poderoso. Rir de nós e das nossa
fragilidades e oferecermos isso aos outros em forma
de humor faz-nos lidar melhor com as nossas fraquezas.
Negar as nossas falhas e escondê-las só nos torna
mais fracos.
Ninguém é obrigado a ter humor, mas
como diz António Coimbra de Matos (psicanalista
e autor do prefácio de «Bem-aventurados... Os que
ousam»), ter sentido de humor é ter saúde mental.
Texto: Rita Caetano


TER FILHOS AUMENTA A FELICIDADE


Pesquisa divulgada nos Estados Unidos releva que os pais se sentem mais felizes do que as pessoas que não têm filhos.
Uma ótima notícia para mães e pais: ter filhos pode aumentar os níveis de felicidade das pessoas. Pelo menos é esse o resultado de um levantamento apresentado pela Population Association of America que entrevistou mais de 13 mil adultos para descobrir se se consideravam felizes ou não. E os resultados surpreenderam os cientistas: os adultos com filhos sentem-se mais felizes do que os adultos sem filhos – e, mesmo quando os níveis de felicidade baixam, ainda são maiores do que a média dos adultos sem filhos.

O bem-estar é ainda mais elevado entre os casais que planearam a gravidez e estavam a enfrentar o primeiro ano de parentalidade. Para a psicóloga clínica Paula Magalhães, este aumento da satisfação é mesmo maior entre as pessoas que estavam preparadas financeira e emocionalmente para ter filhos. «Hoje há a possibilidade de ter ou não ter filhos, então, pessoas que têm capacidade de dar e vontade de compartilhar a maternidade com o parceiro sentem-se mais felizes ao se tornarem pais», diz.

Segundo a especialista, quando um filho aparece na vida de um casal, há outros fatores que ajudam no aumento desse bem-estar: «Os pais que desejam um filho sentem-se realizados porque aprendem a dar-se, porque veem no filho um reflexo do amor verdadeiro e porque percebem que o filho é a continuidade da vida e uma maneira de fortalecer as relações afetivas.»

Mais felizes hoje do que nunca
Outra pesquisa, também apresentada pela Population Association of America, mostra que os pais, hoje, se sentem mais felizes do que os pais dos anos 1980 e 1990. A explicação tem que ver com um aumento da qualidade de vida em geral, principalmente no caso das mulheres. «Há algumas décadas, a mulher não tinha opção e sofria uma pressão social para casar e ter filhos. Além disso, ainda tinha de arcar com a educação das crianças praticamente sozinha – a divisão de tarefas domésticas entre marido e mulher não era uma realidade», afirma a psicóloga.

Hoje, o cenário é diferente: os filhos são uma opção pessoal e os homens participam mais da vida doméstica. «Os casais conversam mais e dividem as responsabilidades, isso ajuda no bem-estar.»

QUANDO AS CRIANÇAS INVADEM O ESPAÇO DOS ADULTOS


Os nossos filhos são as melhores coisinhas do mundo!
São o nosso amor mais forte, o ar que respiramos, o sol dos nossos dias, os nossos torrõezinhos de açúcar. Mas às vezes, os adultos precisam de espaço.
Precisam de estar entre iguais, de comer uma refeição entre risos e conversas e não entre babetes, colheradas, água entornada na toalha e arroz no chão. Às vezes precisamos de falar de vestidos e sapatos, de política e de férias, de culinária e de sexo e não de maminhas gretadas, cólicas e diarreias, papas e primeiros passinhos. É que não há saco!
E além de não haver saco, nós somos mais do que mães e pais, mesmo que o facto de sermos mães e pais nos preencha 80% dos nossos dias e 90% dos nossos pensamentos. Não só nos faz bem estarmos sozinhos com os nossos maridos, como nos faz bem estarmos com os amigos.
Os mesmos com quem tanto partilhámos antes de todos sermos pais e mães. Precisamos dar a mão ao marido e trocar um olhar cúmplice e caliente em vez de lhe pedir para nos passar o pacote dos toalhetes ou para ir lavar a chupeta à casa-de-banho! No que se trata de programas com crianças, adoro ir ao parque, fazer uma almoçarada, um pic-nic ou ao Jardim Zoológico com amigos e filhos, tudo em manada. Mas jantar fora, casamentos ou festas de anos (de adultos), dispenso os meus filhos de bom grado! E nas minhas festas de anos, dispenso também os filhos dos outros!
Claro que um bebé pequenino que ainda mama, é excepção! Mas não dispenso apenas por mim, mas também pelos meus amigos. Tenho a certeza que eles também preferem ir sem crianças. Quem não gosta de estar uns momentos a descansar e a descontrair. Aos casamentos então, prefiro nem ir a ter que ir com eles! É mau para eles que às tantas ficam cansados e é mau para nós que não conseguimos estar com as pessoas nem nos divertirmos. Eu faço tudo com os meus filhos! Tudo! Até xixi eu faço com eles às costas. Vou ao supremercado, aos correios, aspiro a casa, faço o jantar...
No meio de tudo isto, tento guardar tempo de qualidade a brincar a ir ao parque, à praia, a ler livros ou a ver televisão. Tenho a certeza que dou o meu melhor e que eles estão bem saciados de amor de mãe. Mas se pudesse, ia jantar fora uma vez por semana sem eles!
O facto de querer passar umas horas sem eles de vez em quando, não significa que gostemos menos deles ou sejamos maus pais. Aliás, estarmos de bem com a vida, de bem connosco próprios e com os nossos maridos, descansados e relaxados, faz de nós muito melhores pais. Não nos culpabilizemos, nem exijamos demais de nós! Daqui a uns anos, são eles que querem estar sem nós e não podemos correr o risco de não saber estar sem eles!


A FELICIDADE EM 10 ETAPAS


Manual de sobrevivência no casamento
Os primeiros tempos de um casamento são de uma forma geral períodos de felicidade e harmonia em que os pombinhos vivem como que nas nuvens. Porém, o matrimónio é vivido dia-a-dia e de preferência com os pés bem assentes na terra.
Muitos casais com uma relação idílica, aparentemente capaz de resistir a todas as adversidades, começam por experimentar a pressão e as dificuldades que marcam uma existência a dois.
Com o passar do tempo, começam a surgir na cabeça de cada um perguntas do género: “como é possível que eu tenha gostado tanto desta pessoa, a ponto de me casar com ela?”
Pois é! Mas à semelhança de um jardim de flores, também uma relação, e em especial um casamento, exige cuidados e atenções diárias, de ambas as partes, de modo a manter acesa a chama do amor e a levar a bom termo o compromisso que assumiram quando se decidiram a casar.
Todavia, e como diz o ditado, “só não há remédio para a morte”. Para a ajudar a manter a felicidade conjugal e a harmonia do seu lar, vamos aqui deixar 10 regras básicas de grande utilidade e que afinal não são mais do que a aplicação prática do bom-senso, da compreensão e da tolerância. 
1 – Aprenda a ceder
Esta é uma regra de ouro e que deve estar sempre presente. Quantas vezes não lhe apetece comer um belo bife e ele prefere uma lasanha? Ou, por outro lado, ele quer ver um jogo de futebol quando você preferia ver um filme?
Estes pequenos nadas estão muitas vezes na origem de problemas que, com o passar do tempo, se vão avolumando até atingirem o ponto de ruptura. O melhor mesmo é aprender a fazer concessões. Umas vezes terá de ser a leitora a fazê-lo, outras vezes deverá ser o seu marido. Ambas as partes deverão estar conscientes da importância de dar e de receber. Se apenas uma das partes dá a mão à palmatória, mais tarde ou mais cedo, surgirão os ressentimentos.
Esta situação torna-se ainda mais grave se a pessoa que cede é do tipo de ficar a remoer em silêncio até atingir o ponto de ebulição e explodir de uma forma violenta. Daqui se depreende a verdadeira importância de, logo desde o início, encontrar um ponto de equilíbrio. 
2 – O casamento é um espelho
Se lhe fizer uma massagem nas costas, ele retribuirá com uma carícia. Se o tratar mal, ele muito certamente responder-lhe-á à letra e pode mesmo faltar-lhe ao respeito. Assim, fica estabelecida a importância de pensar todas as acções e atitudes.
Com efeito, a medida de carinho e respeito que recebe dele é um reflexo fiel da que lhe dá. Tudo depende de que o faça sentir que gosta dele e que o deseja. E vice-versa, claro. 
3 – Incrementar o diálogo
Não fique de braços cruzados à espera que o seu marido adivinhe o que lhe vai na alma. Diga-lhe muito claramente o que pensa e o que quer. Se por acaso se lembra de levar a sua melhor amiga para jantar em casa, tenha o cuidado de lhe dizer antes que gostaría de o fazer. Se um dos dois vem de uma viagem e quer que o outro o vá buscar, digam-no com clareza. Não façam perguntas do tipo: “venho de táxi ou vais buscar-me?”
Um bom entendimento passa, antes de mais, por uma boa capacidade de diálogo e para isso ambos têm de se esforçar por arranjar tempo para o fazer. Assim, disponibilizem algum tempo para falarem da vossa relação, das vossas expectativas e planos para o futuro e não tragam à baila temas que nada têm a ver com a vossa relação. Quando estiverem juntos, façam o possível por dedicar o tempo a vocês próprios. Ou seja, ponham qualidade no tempo que passam juntos. 

(continua)

Partilhem um passatempo
4 – Partilhem um passatempo
As actividade que ambos partilharem servem para que se sintam mais unidos. Assim, seja a prática de uma determinada actividade desportiva, ou o gosto pela jardinagem ou pela decoração, se dividirem estes gostos aproximar-se-ão ainda mais.
Ao fazerem coisas em conjunto, estão a reforçar a vossa relação e potenciam a vossa intimidade. Façam tudo a dois, nem que seja apenas a compra de um simples bilhete de lotaria. 
5 – Demonstrar carinho
Porventura já reparou naqueles casais idosos que ainda se passeiam de mãos dadas? Como acha que tal coisa é possível? A resposta é muito simples: existe muito carinho naquelas relações.
Se desde o início da relação cultivarem o carinho, esse comportamento pode estender-se por toda a vida. Não tenham receio de mostrar o quanto gostam um do outro através de carícias, mimos, gestos ou palavras secretas que apenas os dois conhecem. Celebrem o vosso casamento todos os dias e não apenas uma vez por ano. É bom que estabeleçam rituais vossos, como, por exemplo, convidarem-se para sair. Não tomem estas iniciativas como sendo estranhas. Programem actividades divertidas para os dois e dediquem esse tempo a estarem de facto juntos sem quaisquer pressões exteriores. 
6 – A felicidade depende de mil e um factores
Se ambos tiverem as suas ocupações, se estiverem felizes e se retiram gozo do que fazem, o tempo que passam juntos será mais agardável e isento de preocupações. Se, pelo contrário, um dos dois, ou ambos, estiverem de mal com a vida, isso vai reflectir-se na relação.
Há situações na vida que nos trazem uma imensa tristeza, mas isso não significa que se ponha de parte a pessoa com quem vivemos. Por exemplo, a morte de uma pessoa que nos é chegada não nos deve fazer perder o gosto pela vida. Se o fizermos, corremos o risco de perder duas pessoas e não apenas uma. 
7 – Dividir tarefas
Logo que se inicia uma vida a dois devem ficar bem definidas quais as tarefas que cabem a cada um dos dois. Ninguém gosta de ser recriminado por algo que não ficou previamente combinado.
Assim, arranjem um tempinho, munam-se de papel e caneta, tentem descobrir quais os trabalhos que mais gostam de desempenhar em casa e, com base nisso, elaborem uma lista de tarefas. Deste modo conseguem manter a casa num brinco sem atritos e sem discussões. Tentem criar o hábito de devolver os objectos e utensílios aos seus respectivos locais de arrumação logo após a sua utilização. Desta forma as coisas estão sempre em ordem e facilitam-se as arrumações. 
8 – Aprendam a aceitar-se um ao outro
Pode muito facilmente levá-lo a crer que deve usar gravatas mais discretas que aquelas estampadas que normalmente usa, ou a refrear os comentários que faz numa festa. Todavia, mudar a essência da sua personalidade já é um caso completamente diferente.
Todos temos as nossas manias e hábitos, pelo que, dentro dos limites do razoável, devemos aprender a aceitar os do nosso parceiro. Afinal de contas ele já era assim antes de casar. Este é um ponto em relação ao qual devemos ter um especial cuidado, uma vez que se não gostamos que nos apontem e recriminem injustamente, devemos ter o cuidado de também não o fazer com os outros. 

(continua)

Evitar os golpes baixos nas zangas
9 – Evitar os golpes baixos nas zangas
Como “não há bela sem senão”, até na mais harmoniosa das relações há espaço para uma ou outra zanga. Nada mais natural. Porém, é importante saber levar a cabo uma disputa sem recorrer a golpes baixos.
Para isso devem ser observadas algumas regras de conduta:
-Não transportem para o presente as zangas do passado.
-Não sejam cruéis.
-Não discutam no quarto.
-Usem o pronome “eu” e não “tu”. É preferível dizer “eu não concordo contigo” do que “tu és egoísta”.
-Sejam claros.
-Se possível, mantenham o sentido de humor.
-Não se empenhem em ter sempre a última palavra. O orgulho é a ante-câmara do divórcio.
Quando tudo estiver resolvido, não se esqueçam da importância de fazer as pazes. 
10 – Não vivam na sombra dos fantamas do passado
A insegurança e o ciúme não são bons conselheiros. Se ele se casou consigo é porque a estima e ama e, por sua vez, se concordou em casar com ele foi porque tem por ele os mesmo sentimentos.
Assim, ponham de parte os vossos passados. Como por certo não gosta que ele traga para a discussão um antigo namorado seu, também para si não há vantagem em lembrar-lhe aquela fulana com quem ele teve um caso antes de vocês se conhecerem. Evitem também comparar o vosso casamento com o de outros casais. Como diria o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw “Assim como as impressões digitais, todos os casamentos são diferentes”.
Para terminar, o ideal é ter a noção de que não existem casamentos perfeitos, mas se seguir estes conselhos que aqui lhe propomos, por certo poderá levar a bom termo o casamento que tem.
SAPO Mulher
Fonte:http://lifestyle.sapo.pt/

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