DEPOIMENTO SOBRE A CAPITAL DO TIBET,LHASA : "PORQUE CONHECÊ-LA ME MARCOU PRA SEMPRE"!

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A capital do Tibet, Lhasa: porque conhecê-la me marcou para sempre!




Exuberante, misteriosa, guerreira e de muita fé. Esta é Lhasa, a capital do Tibet. Mas será possível encontrar as palavras certas para descrever um lugar quase surreal? Um lugar transgressor, que parece viver em cima da linha tênue que separa o real do imaginário. Um lugar mágico, onde a fé tem corpo e a natureza tem alma. Eu juro que tentei, mas não sei se consegui expressar parte do que sentimos e vivenciamos nos dias mais intensos da nossa viagem de volta ao mundo.

O Tibet

Terra de catorze Dalai-Lamas e do Monte Everest, o Tibet é povoado por pessoas simples e pacíficas, por lagos encantados e sagrados, por estilosos yaks e por muitas, muitas bandeiras coloridas. De tão deslumbrante, a natureza nos enganava e nos fazia pensar estar em outro planeta. O budismo é o elo, a espinha dorsal que define quem os tibetanos são. Surpreende, arrepia e emociona. Tira o nosso eixo e não coloca nada no lugar!

Tibet em quatro imagens
Tibet em quatro imagens

Considerado o “teto do mundo”, a altitude média de toda região é de 4.900 metros, o que classifica o Tibet como o lugar mais alto da Terra. Ao sul, faz fronteira com o Nepal, com que divide a Cordilheira dos Himalaias, famosa por abrigar o Monte Everest, que está localizado no lado Tibet.

A história política de Lhasa, a capital do Tibet, e do próprio Tibet é turbulenta e marcada por muitas disputas, principalmente com a China, desde o século VI. A partir do século XII, os Dalai-Lamas assumiram o poder político e espiritual do Tibet, mas a região ainda era subordinada a China.

A fé

Os tibetanos dedicam sua vida para fé: um ritual emocionante (e inacreditável em nossos padrões ocidentais), no qual todas as manhãs e todos os finais de tarde são sinônimos de caminhadas em direção aos templos.

Peregrinação em direção ao templo
Peregrinação em direção ao templo

E eles peregrinam, girando incansavelmente suas rodas de orações para atrair e dissipar boas energias, subindo as longas e difíceis escadarias do Palácio Potala e de outros templos tão altamente embrenhados nas montanhas. Uma multidão de tibetanos com um único objetivo: pedir o bem dos seres vivos e a paz no planeta. Todas as manhãs, todos os finais de tarde. Todos os dias.

Roda de orações Lhasa Tibet
Roda de orações
Tibetanos em oração nas ruas
Tibetanos em oração em qualquer parte da rua

Foi no Tibet que nos conectamos de maneira tão forte com nossas crenças. Os símbolos sagrados se espalham por todos os lados e as simpáticas bandeirinhas coloridas não nos deixam esquecer qual o objetivo da vida e da nossa existência, segundo eles, claro. Praticamente tudo gira em torno da fé. Ela está junto com o ar que respiramos, por isso, é tão difícil se manter distante, o não queríamos de jeito nenhum.

Rodas de orações budistas em Lhasa
Rodas de orações budistas em Lhasa

Enquanto escrevo, percebo o quanto isso pode parecer exagero, mas não é. Tínhamos muitas expectativas sobre o que encontraríamos lá, mas nenhuma previa essa tsunami religiosa. Por isso, o Tibet é surreal.

Lhasa, a capital do Tibet

Lhasa é simplesmente apaixonante. A primeira visão da cidade, tanto do avião quanto do trem, é o incrível Monte Gephel que a circula. Seu nome significa “lugar dos deuses” e, entre muitas mudanças, em 1642 passou a ser a capital do Tibet, definitivamente. Seus 200 mil habitantes vivem a quase 3.500 metros de altitude, com 68% do oxigênio que vive um habitante do Rio de Janeiro, e tem boa parte da sua renda gerada pelo setor de serviços, hoje, principalmente o turismo.

O céu de Lhasa
Céu e montanha em Lhasa

A arquitetura é muito peculiar, é simples e tem uma leveza ímpar. Formada, em sua grande maioria, por prédios e casas baixos, brancos, marrons e dourados, permite uma visão 360 das montanhas ao fundo. As bandeiras coloridas, presentes no topo de praticamente todas as construções, atribuem à cidade uma atmosfera mágica e encantadora.

Montanhas ao redor de Lhasa
Montanhas ao redor de Lhasa
Arquitetura Lhasa
Arquitetura Lhasa, capital do Tibet
Bandeirinhas coloridas em todos os lugares Lhasa
Bandeirinhas coloridas em todos os lugares Lhasa

E o que falar dos templos? Além de lindos, ficam embrenhados nas montanhas e parecem tocar o céu!

Palácios e Templos em Lhasa
Palácios e Templos em Lhasa
Palácio Potala Lhasa
Palácio Potala Lhasa

E o que falar das crianças e suas bochechas naturalmente vermelhinhas? Resultado da junção do clima gelado e seco e dos quase 200 dias ensolarados por ano, mas nem mesmo o sol constante consegue amenizar a temperatura média abaixo de 0º durante metade do ano.

Criança tibetana
Bochechas vermelhas

Lhasa tem outro ritmo. Embora nossos dias tenham sido extremamente agitados, a cidade parecia correr em paralelo e os minutos pareciam passar mais devagar: do caminhar lento pelas ruas, das expressões suaves dos monges, do silêncio nos momentos de oração; até mesmo o tom de voz mais calmo dos vendedores ambulantes.

Monge nas ruas de Lhasa
Monge nas ruas de Lhasa

A luta pela sobrevivência

Ao mesmo tempo, eles têm pressa. Muita pressa. Pressa de retomar seu caminho. Desde a última ocupação chinesa em 1951, a população tem sido sistematicamente oprimida e desrespeitada em muitos sentidos. Logo após a invasão, a China iniciou um processo de destruição de templos e monastérios budistas, queima de documentos e materiais históricos e assassinato de monges.

Monges tibetanos
Monges tibetanos
Monge tibetano
Monge tibetano

Ainda na tentativa de matar a cultura e alterar a identidade do povo tibetano, o governo chinês começou a prover incentivos financeiros para os chineses que queiram migrar para o Tibet, levando consigo o jeito China de viver. Prédios mais modernos, ruas e avenidas mais largas, construções de indústrias, enfim, toda uma nova estrutura está sendo montada na cidade e em todo o Tibet que irá, com certeza, alterar o modo de vida e o que hoje se conhece do Tibet.

Avenida Lhasa
Avenida construída pelos chineses em Lhasa
Ruas de Lhasa no Tibet
Ruas de Lhasa

Os tibetanos também sofrem muita censura política. Ninguém, nem mesmo os guias turísticos, pode falar sobre política, sobre história e ninguém pode contar como a invasão chinesa aconteceu de verdade. Nenhum tibetano tem passaporte, o que os impede de sair da China e há quem afirme que exista uma espécie de “toque de recolher” à noite (embora a gente não tenha presenciado nada).
De tudo o que foi possível enxergar, o que eu considero a mais brutal de todas as ações é a agressiva intervenção chinesa nos princípios que sustentam o budismo tibetano. Vou dar um exemplo.
Quando o Dalai-Lama ou o Panchen-Lama (o segundo líder espiritual mais importante) morrem, dezenas de monges iniciam uma complexa busca à alma que reencarnou em outra criança. Muitas vezes, essa busca durante anos e anos e quando o novo líder é encontrado, todo o povo se enche de alegria e a vida passa a ter sentido outra vez. Quando o 11º Panchen-Lama faleceu, a China indicou o seu sucessor. No entanto, assim como o Dalai Lama, o Panchen Lama é uma alma que reencarna e portanto, deve ser encontrada. Jamais, escolhida!
Com o Dalai-Lama exilado na Índia desde a década de 50 (quando ele foi forçado assinar um acordo de rendição), a população luta muita, luta como pode para manter vivos corpo, mente e espírito, e eles lutam forte, mas quem consegue deter a China? E por isso eu sugiro pra quem quer conhecer a região que vá agora, o quanto antes. Tudo está mudando muito, muito rápido.

Capital do Tibet - Lhasa
Em Lhasa

Depois de sete dias na região, retornamos à capital do Tibet com os olhos ardendo de tanta lindeza, com as mentes inquietas com tantas perguntas não respondidas, com os corações aquecidos pela bondade e fé das pessoas, mas também angustiados pela frieza e brutalidade da China. Viramos militantes. Torcemos por um Tibet livre, um país que possa continuar a espalhar muitas bandeirinhas coloridas e orações de paz pelo mundo.

Orações nas bandeirinhas Tibet
Orações nas bandeirinhas
Capital do Tibet, Lhasa
Em Lhasa

Dicas para visitar a capital do Tibet (e o Tibet)

  • Para visitar o Tibet o visto chinês não é suficiente. É necessária uma permissão especial, que só se consegue por meio de agências de turismo especializadas e permitidas pelo governo chinês. Além da permissão, é obrigatório que todo viajante faça parte de um tour guiado.
  • Nós fechamos um pacote de 7 dias com a Budget Tibet Tour e super recomendamos, por dois motivos: 1) porque o preço e o atendimento foram ótimos e 2) porque conhecemos pessoas que ficaram no mesmo hotel e fizeram os mesmos passeios que nós, mas pagaram mais caro para outras agências.
  • Mesmo viajando no mês de maio, uma blusa corta vento, luvas e gorro são essenciais. Assim como lenços umedecidos, muita água, café e chocolate.
  • O budismo é a vida deles. Não desrespeite suas regras.
Como chegamos: trem de Chengdu
Quanto custou:  260 USD/cada
Quanto tempo levou: 45 horas
Gasto médio/dia: 110 USD/pessoa
Depois do Tibet: Pequim, China
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Fonte:http://www.contosdamochila.com.br/capital-do-tibet-lhasa/

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