LHASA,A CIDADE DOS DEUSES E CORAÇÃO DO TIBET

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Lhasa, o coração do Tibet

Escrito por
 Alessandra Fratus


Lhasa, a cidade dos deuses, é o coração do Tibet e sua sede política e religiosa desde 1645. É um destino que está na lista de desejos de muitos viajantes, principalmente aqueles interessados na milenar tradição tibetana.
Em 2013 passei 8 dias no Tibet na companhia do meu pai, e pudemos juntos realizar o sonho de conhecer o coração da cultura tibetana. A capital do Tibet!

Lhasa, a cidade dos deuses

Como Chegar em Lhasa

A viagem até Lhasa, no coração da Região Autônoma do Tibet (TAR) pode ser feita de trem – uma viagem de 2 a 3 dias -, de carro ou ônibus a partir de Kathmandu ou de avião.

Autorização Especial para Conhecer o Tibet

Pra conhecer qualquer lugar dentro dos limites da Região Autônoma do Tibet, você vai ter que vencer uma burocracia grande. Além do visto chinês, será necessário solicitar uma autorização especial pra visitar a região, já que é um território politicamente instável.
Além disso, não é permitido turismo independente no Tibet e os turistas são obrigados a comprar pacotes prontos de agências de turismo.

De avião até Lhasa!

Eu e meu pai optamos pelas 6 horas de voo a partir de Beijing, onde aproveitamos pra fazer um Roteiro Turistão em Beijing e conhecer a Grande Muralha da China, uma experiência que recomendo a todos.
Nosso voo teve uma curta escala em Chongquing e foi super tranquilo. Olha só a vista do avião.
A rota aérea a partir de Kathmandu, no Nepal oferece a belíssima visão dos Himalaias. Por terra, é a Friendship Highway que liga o Nepal ao Tibet.

Welcome to Tibet!

Chegamos ao aeroporto de Lhasa depois de um voo tranquilo e uma escala rápida. No desembarque é preciso mostrar ao exército chinês passaporte de cada um dos passageiros mais a permissão original.
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Na saída do aeroporto, Sonam, nosso guia tibetano nos esperava do lado de fora com um cartaz com meu nome e nos recebeu com a tradicional Kha-tag tibetana.
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A Kha-Tag Tibetana

De acordo com a crença budista, há uma espécie de energia muito forte, que eles chamam de shugs ou ktsal, que se propaga em ondas e que pode ser transmitida a objetos. Os monges estão especialmente capacitados a realizar ritos através dos quais transmitem esta energia a determinados objetos, tornando-os amuletos. Um dos objetos mais usados são as Kha-tags que podem ser de 5 cores: branca, vermelha, azul verde e amarela, as 5 cores místicas.
Em Lhasa, antiga residência do Dalai Lama, as kha-tags são tradicionalmente brancas e são muito usadas como presentes de boas vindas, para dar sorte aos visitantes.

A chegada em Lhasa

Viajamos por 50 minutos do aeroporto até a cidade por uma rodovia chinesa novinha e com uma paisagem impressionante. O contraste entre as imensas montanhas e as pequenas vilas antigas ao longo do caminho com a nova estrada chinesa só confirma a ‘pressa’ do processo de ‘renovação chinesa, que está a pleno vapor no território tibetano.
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Depois do check point do exército chinês, onde são exigidos ao guia os passaportes, vistos e permissões originais de todos os passageiros estrangeiros que estão entrando na cidade, finalmente chegamos a Lhasa – /Lassa/ -, e a primeira impressão foi: CAOS!
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Em 2013, quando estivemos lá, a  cidade estava sendo praticamente derrubada pra se reerguer nova e chinesa. Construções por todos os lados, operários trazidos, em sua maioria, de áreas rurais trabalhavam se revezando em turnos, dia e noite, num ritmo frenético, tudo isso em meio a carros, exército, vans cheias de turistas ocidentais, chineses, ônibus, pedestres, carroças, rickshaws, bicicletas, barulho. Caos.
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Aclimatação em Lhasa

A recomendação é descansar pelo menos por 1 ou 2 dias sem muito esforço. A doença da altitude pode se manifestar a partir de 2700 metros, portanto, o ideal é fazer tudo bem devagar, com muita calma. Como chegaríamos aos 5.250 até o fim da viagem, fizemos um pré tratamento durante 5 dias com comprimidos de Gingko biloba. Os mais céticos podem me desacreditar, mas pra mim a Gingko biloba deu certo. Me senti disposta, não tive dor de cabeça, com apetite, e foi tudo ótimo.
Também é recomendado beber bastante água, de 3 a 5 litros por dia, e um ótimo – e valioso – conselho é comprar uma lata de oxigênio logo na chegada a Lhasa – vendida por toda a cidade -, e carregar com você. O oxigênio é o melhor remédio pra altitude.

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Lhasa Beer, a Cerveja do Topo do Mundo

Já um bom ‘remédio‘ pro coração é a fresquinha Lhasa Beer, a cerveja do teto do mundo, feita em Lhasa. O gentil Prem nos serviu nossa primeira Lhasa Beer, e também nos recomendou chá de gengibre para minimizar os efeitos da altitude.
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Onde se hospedar em Lhasa

Como já te falei antes, você não pode viajar de maneira independente no Tibet. O que você pode fazer é contratar um tour com uma empresa privada e no nosso caso, foi a empresa que contratamos que escolheu os 2 hotéis que nos hospedamos em Lhasa, localizados na região central da cidade antiga, bem próximos ao Potala e ao Jokhang.
O primeiro, Dooghu, deixou um pouco a desejar, principalmente porque não tinha água quente no banheiro e por isso preferimos mudar de hotel na volta a Lhasa. Dessa vez, nos hospedamos no Yak Hotel, que tem quartos reformados muito confortáveis.

O que visitar em Lhasa, no Tibet

A cidade é linda de todos os ângulos, e ver o pôr do sol olhando pro Palácio Potala, com os tetos dos antigos prédios do centro de Lhasa foi mágico, impossível não chorar: Estávamos realmente no Tibet!
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Cada vez mais tenho me interessado pelas cidades e por sua organização espacial e social. Pra mim as relações entre moradores e as cidades que habitam nas várias partes do mundo são um dos aspectos mais interessantes de sua cultura.
Em Lhasa essa relação, ou melhor, ligação, salta aos olhos logo de cara e você sente isso na pele. Centenas de tibetanos percorrem diariamente os chamados koras, circuitos que circulam os grandes templos e monastérios budistas como o Potala, o monastério Sera e o Jokhang, rezando por uma vida longa e o retorno da sua Santidade o Dalai Lama.
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É muito comum ver algumas pessoas, percorrendo os koras em prostração. É impressionante!
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A força e resistência do povo tibetano só não é maior que sua fé. O budismo é um pilar importantíssimo na sociedade tibetana, tanto que consegue ultrapassar a questão religiosa. As pessoas não têm fé, elas são fé. Acho que foi uma das lições mais bonitas e profundas que aprendi sobre o Tibet e os tibetanos. E acredito que é isso deve ser preservado.
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Voltando aos koras, Lhasa tem ‘circuitos’ muito sagrados como o Potang Shakor, ao redor do palácio Potala e o Barkhor, ao redor do Jokhang.
  • Palácio Potala

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O Palácio Potala é um complexo de edifícios interligados, localizado no monte Marpo Ri, com mais de 1.000 salas, 10.000 santuários e 200.000 imagens.
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Construído em 635 pra servir como palácio real do rei Songtsen Gampo, foi reconstruído em 1645 por Lozang Gyatso, o 50o Dalai Lama e foi durante muito tempo a residência e centro do poder do lamaismo.
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O nome Potala vem da montanha Potalaka, no sul da Índia e em sânscrito significa buddha da compaixão.
O palácio sofreu bastante com incêndios e confrontos fazendo com que mais de 10.000 documentos históricos, e obras de arte tenham sido perdidos. Desde 1994 é considerado patrimônio universal da Unesco e hoje é um museu. Porém, devido à fragilidade de sua estrutura, são permitidos apenas 1.600 visitantes por dia, que podem visitar apenas algumas áreas do palácio e parte da residência do Dalai Lama.
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Depois de subir os 2.000 degraus do palácio, a vista das montanhas e do centro da cidade é uma recompensa.
  • Monastério Sera

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Se Ra em tibetano significa rosa selvagem, as mesmas rosas selvagens que crescem nas encostas onde está localizado este monastério. O monastério Sera é considerado uma universidade para os monges. Estima-se que milhares de monges foram formados ali. Hoje em dia restaram apenas poucas centenas, e sua ‘atração’ principal é o debate entre os monges, que acontece todos os dias às 15 horas.
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debate entre os monges budistas é um processo de aprendizado, ele facilita a compreensão da filosofia budista, e sua origem vem de uma antiga tradição hindu. Durante o debate, sempre realizados ao ar livre, os aprendizes e mestres trocam desafios sobre as escrituras, em um ritual seguido por todos os monges: Primeiro giram o rosário de orações envolto no braço, e batem palmas e o pé durante uma pergunta. Ao ser formulada uma pergunta a resposta deve seguir-se de imediato, não sendo concedido ao iniciante tempo para pensar.
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Me encantei pelo Sera e não consigo parar de pensar como não é certo o que acontece no Tibet, e com todo e qualquer povo deve ser livre…
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  • Monastério Drepung

O monastério Drepung é um dos três pilares do budismo tibetano junto com os monastérios Sera e Gaden.
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roda de oração corresponde a um cilindro, feito dos mais diversos materiais, como cobre, prata e até ouro, que contem mantras – palavras sagradas-, esculpidos ou escritos em papel, e que ao ser girada emite uma energia sutil, capaz de gerar saúde, paz, equilíbrio, e vitalidade para todos.
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Nagajurma, um dos principais mestres dos ensinamentos de Buda, afirmava que os mantras impressos tinham tanto poder quanto os cantados. Segundo ele, o fato de rodarem aos quatro ventos, permitia que os benefícios se espalhassem para além do tempo e do espaço.
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Ainda tivemos a sorte de acompanhar uma lição para para os monges, sempre ao ar livre.
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  • Johkang

Jokhang é o templo supremo do budismo tibetano, localizado na praça Barkhor, no coração de Lhasa.
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O templo foi construído no século VII pelo rei Songtsan Gampo, primeiro rei budista do Tibet. Ele se casou com 2 princesas, uma chinesa e uma nepalesa e elas trouxeram como presente, duas das mais antigas estátuas de Sakyamuni, Sidarta Gautama, o Buda. A estátua da princesa chinesa ainda pode ser vista no Jokhang.
A lenda dos 13 templos e monastérios tibetanos
Um mito conta que um demônio (feminino) ocupa toda a extensão do território tibetano.
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Os tibetanos acreditam que o mapa do Tibet é na verdade um demônio deitado de costas, com os braços abertos. Para dominar e controlar a energia deste demônio, o rei Songtsan Gampo, encomendou a construção de 13 templos e monastérios em treze pontos do corpo do demônio, em 13 regiões do Tibet.
O Jokhang é o mais importante de todos pois é o templo que foi construído no coração deste demônio.
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Histórias misteriosas falam de um lago de sangue sob o Jokhang, sangue do coração do demônio. Dizem que qualquer pessoa que colocar sua orelha no chão da catedral, o centro sagrado da Terra das Neves, ainda pode ouvir o coração pulsante do demônio.
O mercado a céu aberto na praça Barkhor é imperdível. Pode-se achar de tudo, e a ordem é pechinchar. A praça em si é muito importante, um lugar bastante representativo para peregrinos e tibetanos.
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Pra mim foi muito significativo ver e sentir os chineses quebrando o coração do Tibet. Como a praça é um importante foco de protesto político – ainda que muito reprimido pela presença massiva do exército chinês -, existem câmeras espalhadas pelos tetos dos prédios filmando tudo o que acontece, o tempo todo.

Onde Comer em Lhasa, no Tibet

Uma das minhas grandes preocupações no Tibet, na China, em geral, era a comida. Ouvi tantas histórias de pessoas que foram prá China e só comeram em McDonald’s, que odiaram tudo. Será que iríamos sofrer muito com as diferenças culinárias?
Surpreendentemente NÃO! A comida no Tibet é maravilhosa! Com influências indianas, nepalesas e chinesas, tínhamos muitas opções todos os dias. Os tradicionais momos, de batata, queijo de Yak, vegetais estavam sempre presentes nas nossas refeições. Os cogumelos tibetanos, a carne de yak, os noodles, arroz frito, tudo uma delícia.
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Em Lhasa fomos a diversos restaurantes, e o campeão foi o Namastê, de longe a melhor comida da viagem, de cozinha continental à tibetana, passando pela nepalesa, indiana e chinesa.
Delicioso nan (pão indiano), chow mein de yak maravilhoso, marsala de cogumelos deliciosa. E o melhor: refrigerantes e cerveja gelados!!! De vez em quando me pego sonhando com a comida deliciosa do Namastê…
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As mudanças e o futuro

Lhasa é uma cidade que ainda povoa meus sonhos. Presenciamos um momento de transição. Em maio de 2013 Lhasa não era mais o que já foi um dia, nem é o que será daqui pra frente…
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Próxima etapa: Acampamento base do Everest!

De Lhasa partimos para um roteiro que nos levou até o acampamento base do Monte Everest, a 5.250 metros acima do nível do mar. Leia mais no próximo post.

Viva o vídeo!

Você tem curiosidade pra saber como é conhecer o Tibet?! Já assistiu nosso Vídeo Inspiração Tibet pra ter um gostinho do que é viver uma cultura milenar como a cultura tibetana!

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